Todos os anos, headbangers de todas as partes do Brasil se reúnem no parque Cambará, na cidade de Otacílio Costa/SC para apreciar um dos maiores festivais de metal underground país.

São 2 dias de festival com bandas dos mais variados gêneros, trazendo alegria para o público de todos os gostos, em uma grande estrutura que também conta com vasto local para camping, além de outras áreas como a praça de alimentação e o enorme galpão de eventos, onde acontecem os shows, e neste ano, contou até mesmo com uma cervejaria local para saciar a sede dos apreciadores de uma boa cerveja artesanal.

Senhoras e senhores, bem vindos à 16ª edição do Otacílio Rock Festival.

Cobertura: 16º Otacílio Rock Festival

 

Dark New Farm

Foto por Vini Saints

Uma das melhores coisas de poder presenciar dois shows em sequência de uma banda é poder avaliar o que muda entre uma apresentação e outra. Com a Dark New Farm, posso tranquilamente afirmar que houve uma evolução na postura da banda, ainda tendo suas primeiras datas com a nova formação.

Apesar do difícil desafio de dar o pontapé inicial em um lineup selecionado com rigor, a banda do litoral sul-catarinense entendeu seu papel e entregou um repertório pesado e com novidades: uma nova faixa, sendo a primeira do grupo cantada inteiramente em português. Com as trilhas de Farm News, a Dark iniciou bem o primeiro dia do Ota.
Por: Vini Saints

 

Tressultor

Foto por Emile Borges

Pela segunda vez nos palcos do Otacílio, sobe Tressultor diretamente de São Bento do Sul/SC para dar continuidade à porradaria do evento. E, bem. Sabemos que Tressultor no palco é certeza incessantes moshs.

Composta por músicos experientes, Tressultor tem em sua formação Hans Neto no baixo, Renahn Grosch na guitarra e Lucas Cruz na bateria, a banda que como sempre, carregando uma energia contagiante, fizeram questão de movimentar a galera durante toda a apresentação com seu thrash metal pesado, cantado em português com letras carregando críticas sociais, e histórias do cotidiano.

O repertório se baseou nos seus dois demos e um full length, sendo Epidemia (2014), Cartel de Juarez (2017) e Tressultor (2020), respectivamente, onde é impossível não dar destaque a canções como Cheiro de Cão, Tenho um Nome a Zerar, e claro, como de costume fechando o show com, Deliciosas Empadinhas de Dona Isabel. A setlist foi composta por: Epidemia, Mande a Merda!, Juarez Possuído pela Tequila, Gutalax/Dieta, O Ateu, IML, Música 03, Sentinela Noturno, Direção Ofensiva, Cheiro de Cão, Deliciosas Empadinhas de Dona Isabel.
Por: Sidney Oss Emer

 

Profana

Foto por Carina Langa

No meio do acampamento era visível um grupo de amigos com instrumentos em uma energia fora do comum. Com os instrumentos em mãos se dirigiam como se estivessem comemorando algo. Quando chego no palco para ver minha primeira banda a ser acompanhada tecnicamente no dia, avisto ao que parecia apenas uma turma de amigos em um final de semana, mas agora nos palcos.

Nos primeiros acordes não sabia o que esperar, até que um heavy metal oitentista baixa no OTA 2024 e torna a turma de amigos em uma banda incrível com um entrosamento fora do comum nos palcos. A cada fim de música alguns se cumprimentavam e apenas com um sinal com a cabeça, outra música começava. O final de show foi estrondoso, me senti na obrigação de aplaudir uma apresentação digna do festival do OTA, Profana é uma banda incrível.
Por: Maykon Kjellin

 

Alkila

Foto por Maykon Kjellin

Assim como a Dark, a possibilidade de um reencontro sempre agradável com o quarteto da Alkila. Quem agradeceu foram os pescoços dos presentes, que foram massageados do começo ao fim do set list pesado, rápido e massivo do grupo de Laguna/SC. A sensação no ambiente era como se tivessem largado um tonel de gasolina e ateado fogo no público, que entrou em combustão com os riffs lacerantes do set-list que percorre toda a história de mais de 20 anos da banda.

Foi uma apresentação intensa, que me surpreendeu pela forte resposta positiva do público à ela, que já mostrava admiração ao grupo ao ter diversos presentes com camisetas da banda. Por fim, este retorno destes dinossauros do metal lagunense vem se provando cada vez melhor e necessário para a cena.
Por: Vini Saints

 

Deathgeist

Foto por Maykon Kjellin

Oriunda de São Paulo/SP, o Deathgeist executa um thrash metal oitentista, bem findado no old school. A banda tem riffs densos e viscerais, vocal bem característico da vertente sendo bem direto e a banda tem uma sinergia bem interessante.

Gosto muito do trabalho do Fernando Oster na bateria, a banda tem alguns breaks que encantam o público que faz uma quebra de expectativa que incendeia quem assiste a apresentação. A banda está preparada para cada vez alçar novos voos, pois tem muito profissionalismo nos palcos.
Por: Maykon Kjellin

 

Eternal Sorrow

Foto por Maykon Kjellin

Ao adentrar da noite, o som soturno vindo do Paraná foi de encontro aos presentes no Otacílio Rock Festival. O repertório de Eternal Sorrow foi uma ode ao doom metal, acertando todos os pontos que o gênero pede e mantendo o público conectado à mística das faixas executadas em palco.

O ambiente se tornou um, com riffs que alternavam entre uma densidade massiva e andamentos inesperados, criando uma sincronia perfeita para as cabeças serem conduzidas pelas melodias fúnebres do grupo. Foi a apresentação ideal para introduzir a escuridão coberta por névoa no lado de fora, iniciada pelo requiem hipnotizante dessa discografia de 30 anos que foi aclamada pelos fãs da Eternal Sorrow.
Por: Vini Saints

 

Rebaelium

Muito aguardada pelo público, e sendo uma das headliners do evento, Rebaelium infelizmente não pode se apresentar, devido a problemas de saúde que hospitalizaram um de seus integrantes.

 

Tenebris Umbral

Foto por Maykon Kjellin

Devido a alguns problemas técnicos que ocorreram com o fornecimento de energia no palco e a ausência da banda anterior, Tenebris Umbral que estava prevista para a penúltima banda, teve seu show adiantado. Mas imprevistos acontecem, e o importante foi que a banda estava preparada para subir ao palco, e quando o fez, entregou muita energia com seu black metal obscuro e carregado.

No formato duo, Tenebris Umbral conta com Goat of Mendes na guitarra/vocais, que, por trás do corpse paint transferiu toda a sua fúria, acompanhado pelas violentas e rápidas batidas de Leandro Pereira na bateria.

A apresentação da banda durou aproximadamente 30 minutos, onde foram executadas as seguintes faixas: No fundo da Alma, Alucinação Substancial, Tendências Obscuras, Nascido o Filho da Serpente, Chamado do Além, Mestial Massacre Attack e Raízes e Eterna Glória.
Por: Sidney Oss Emer

 

Lacerated And Carbonized

Foto por Carina Langa

Direto do Rio de Janeiro, uma banda clássica do nosso cenário independente pousa nos palcos do Otacílio Rock Festival, após uma saída massiva em 2022 para trazer o novo disco Limbo para terras catarinenses. LAC é uma banda bem característica do cenário, pois aborda em suas músicas com letras em português rotinas vivenciadas muitas vezes por quem não esperamos. Limbo fala de depressão e problemas de ansiedade.

Sobre o show, LAC mostrou o motivo de encabeçar um dos maiores festivais do Brasil. Uma brutalidade sonora com mensagens importantes incendiaram o público presente. moshs intensos que paravam para erguer algumas pessoas, se iniciavam uma atrás da outra até acabar a apresentação da banda.

Como uma banda com integrantes experientes, souberam como falar e o que falar no microfone para se conectar com os presentes, deixando-os a vontade para curtir intensamente toda a apresentação, que se encerrou por muitos aplausos e inquietação por parte dos headbangers presentes, um gostinho de quero mais.
Por: Maykon Kjellin

 

Mystifier

Foto por Carina Langa

Uma das mais antigas, se não A mais antiga banda de black metal em atividade no Brasil, formada em 1989, sobe ao palco Mystifier também bastante aguardada pelo público sedento por sangue e blasfêmia.

Ao longo de mais de 30 anos de carreira, dezenas de trabalhos lançados entre demos, singles, EPs e full lengths, fica complicado montar uma setlist para um show de aproximadamente uma hora. É um trabalho difícil, mas que foi executado com maestria pela banda que não deixou a desejar e trouxe o mais puro suco do black metal raiz para nossa apreciação.

Portanto, a setlist ficou: Osculum Obscenum, An Elizabethan Devil-Worshiper’s, The Almighty Satanas (Invocatione), Cursed Excruciation, Defloration, Aleister Crowley (O.T.O.), The Sign of the Unholy Cross, Bellzebub, The Realm of Antichristus, The True Story About the Doctor Faust’s Pact With Mephistopheles, Give the Human Devil His Due, Protogoni Mavri Magiki Dynasteia, Teotihuacan, e encerrando com um cover paulada de Sarcofago (Nightmare).

Em posterior vídeo publicado nas redes sociais, Armando Conceição (Beelzeebubth) relembrou sua última vinda para o sul, e elogiou a estrutura do evento como um todo, ressaltando a o quão importante é a união das bandas do underground.
Por: Sidney Oss Emer

 

Thou Shall Not

Foto por Vini Saints

Você lembra quando você viu a sua banda preferida pela primeira vez? Eu me lembro, e tive uma sensação muito parecida quando Thou Shall Not começou sua apresentação no Otacílio Rock Festival. A sensação de euforia, de encanto, de querer ver absolutamente todos os detalhes de todas as músicas. Cada movimento dos membros do grupo, cada execução perfeita dos riffs no contrabaixo ou dos solos na guitarra. Tudo foi simplesmente fascinante e impecável, do início ao fim daquilo que eu posso, sem medo algum, chamar de um verdadeiro espetáculo.

Conhecer de perto estes lordes do metal melódico, rápido e virtuoso foi um resgate a tudo que me fez gostar de metal anos atrás. Foi inspirador e revigorante assistir Thou Shall Not, me fazendo querer ver mais e mais do grupo em ocasiões futuras. Além disso, não tenho dúvidas que eles causaram todos estes sentimentos à plateia inteira que compareceu, em peso, na frente do palco, e saiu com a sensação de ter presenciado realmente um show de altíssimo nível, sendo, para muitos, o melhor do festival.
Por: Vini Saints

 

Oath of Persistence

Foto por Priscila Ramos (Agenda Metal)

E para selar a primeira noite do evento, temos a banda que cada vez mais tem marcado presença nos palcos nos festivais do Underground. Com um death metal técnico muito bem executado, os integrantes da Oath of Persistence entregam um peso como poucas bandas o fazem.

Ato este reforçado pelo fato de serem apenas três integrantes, sendo Christopher Abel na guitarra e vocais, Diogo Marostica na bateria e Renan Uller no baixo. E não é a primeira vez que este que vos escreve diz isso, pois já tive a oportunidade de presenciar outros shows da banda que, demonstra um capricho ao entregar um som de qualidade e peso, que somado à experiência dos músicos, finaliza o primeiro dia do fest com muitos pescoços quebrados.

A setlist apresentada foi o full length Fear of the Unknown na íntegra, recentemente lançado na versão física, composto pelas faixas: Fear of the Unknown, Provenance of a Dystopia, Queen of the Swarm, The Awakening, Arrival, Chronicle of Absolution, Through the Painting, At the Gates of R’lyeh e Whisper of the Wolf.
Por: Sidney Oss Emer

 

Assim se encerra o primeiro dia do evento, regado a muito som, bebidas, comidas, e reencontro de amigos que, agora vão para suas barracas recarregar as energias* para o segundo dia, com mais 8 bandas, incluindo uma atração internacional diretamente da Alemanha.

Clique aqui para ver a segunda parte da cobertura, onde detalhamos tudo o que aconteceu no domingo.

 

*Salvo a turma da tenda azul que passou a madrugada inteira com energia infinita ouvindo músicas de qualidade questionável até o amanhecer.

Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.