O Frai’n Hell Rock Festival chegou à sua segunda edição, dessa vez tendo como palco a cidade de Lages/SC, mais precisamente a pousada Refúgio do Lago. Esse local ficou conhecido por ter abrigado o antigo Orquídea Rock Festival, um festival de camping que costumava contar com grande número de headbangers. Nada melhor que curtir o melhor do Rock e do Metal cercados por uma belíssima paisagem.
Os dias 7 e 8 de outubro de 2017 foram marcados por muita música pesada, cabelos balançando e, claro, muita cerveja. Foram 23 bandas agitando os dois dias de festival. A organização foi impecável e, mesmo com a chuva, o fest rolou sem problemas, pois a estrutura contava com espaço coberto para o palco e para o público. 
Com dia nublado e com um friozinho típico da serra catarinense, o Frai’n Hell teve início na tarde de sábado. Os primeiros a subirem ao palco foram os lageanos da Plunder, trazendo consigo alguns clássicos do Heavy Metal, além do seu excelente trabalho autoral. Nada melhor do que um pouco de metal clássico para aquecer os motores, pois a pancadaria que estava por vir durante todo festival não pouparia os ouvidos de ninguém! 
Logo após a apresentação da Plunder, tivemos mais uma banda lageana. Roupas totalmente pretas, caras pintadas de branco e muito ódio: Conspiracy 666 trouxe o primeiro Metal extremo do dia, com direito a uma versão demoníaca de “For Whom The Bell Tolls”.
Diretamente de Caxias do Sul, os caras da Hon-Ra vieram com toda sua energia e disposição para agitar o Frai’n Hell. Eles contam com dois guitarristas e um baterista. Isso mesmo! Nada de baixo! O guitarrista Wagner foi um show a parte, mandando belos solos durante a apresentação, mostrando toda sua paixão pelo instrumento. Com certeza a banda faz justiça ao nome que escolheu!
Se você gosta de Thrash Metal, não há chances de não curtir o show da Red Razor. No ritmo clássico dos anos 80, os florianopolitanos puxaram os primeiros mosh pits do dia. A apresentação da Red Razor foi marcada por muito agito do público, que foi contagiado pela velocidade típica do Thrash. 
Vomitfication levou seu Death Metal com tons de Grind ao palco do Frai’n Hell. O trio garantiu muito peso, brutalidade e precisão em seu show, agradando os ouvidos do bangers mais exigentes. 
O show da Skombrus sempre impressiona e desta vez não fora diferente. Divulgando seu novo trabalho intitulado “Betrayal of the Breed”, que traz um Thrash Metal misturado na medida certa com o Crossover, a banda de São José/SC foi impecável em sua apresentação, mostrando muita experiência e profissionalismo.
De Criciúma, Silent Empire veio com mais Death Metal para fazer a alegria da galera. Durante o show, apresentaram uma prévia do álbum que estão preparando “Dethronement Off Al Icons”. O público ficou extasiado ao som agressivo e vocal extremamente pesado. Além disso, a Silent Empire foi a primeira banda do dia a trazer uma integrante feminina. Aline impôs todo respeito com a guitarra. 
A banda Médicos de Cuba já tem um nome bem inusitado. Mais inusitado ainda foi o que os caras mostram no palco. Letras muito loucas cantadas em português, estilo musical realmente indefinível e uma atitude completamente diferente do que já havia se visto durante o festival. A presença de Médicos de Cuba trouxe uma atração bem diferente do que o público do Metal está acostumado a ver.
Os curitibanos da Krucipha trouxeram o peso e particularidade do Metal Pinhão para Lages. A banda mistura elementos do Groove com o Thrash Metal e trazem algo muito diferente: a alfaia, uma percussão nordestina. O resultado disso tudo? Músicas carregadas de muita melodia, vocais brutais e, nem precisamos dizer, uma percussão original pra caramba. O show foi enérgico do início ao fim, contando até com uma death wall (guardadas as proporções) em uma das faixas.
Impossível não se contagiar com o show da Captain Cornelius. Essa galera de Rio do Sul botou os headbangers pra dançar ao som de Folk Metal. Teclado, bambolim, banjo, flauta… Além dos instrumentos diferenciados, eles conquistaram o público com belos covers de Dropkick Murphys e Korpiklaani. Podemos apostar que até quem não gosta de Folk ficou com vontade de cantar junto.
Horror Chamber, como diria Fabiano Guolo (vocal e guitarra na Krucipha), chutou bundas. Com uma apresentação intensa, a banda de Canoas/RS mostrou um Death Metal poderoso, que é sua marca registrada.
Lacrimae Tenebris, de Curitiba/PR, trouxe uma sonoridade e atmosfera diferente do restante do evento. Com fortes influências de grandes nomes como Katatonia, Paradise Lost e Samael, o Doom Metal feito pela banda tem muita qualidade e originalidade, trazendo intensidade em melodia e letras.
A lageana The Torment tem muita experiência no Black Metal. A banda apresenta a sonoridade típica do Black com velocidade e muito peso. Um som ríspido, como deve ser, com ideais de protesto: uma belíssima mistura. Quando os caras desceram do palco, o dia já estava querendo amanhecer.
Para encerrar a noite de sábado e iniciar a manhã do domingo, a Misanthrope experimentou algo diferente: começar a tocar à noite e terminar o show com o Sol nascendo. A banda de Curitibanos/SC é um tributo à banda Death, de Chuck Schuldiner, e é possível perceber que fazem isso com muita paixão e dedicação.



A transição das bandas de sábado para as de domingo
teve pouco mais de 3 horas de intervalo. A banda Misanthrope encerrou seus
trabalhos às 6:40 h e, por volta das 10 h da manhã, a Curto Circuito
subia ao palco. A banda substituiu a Johnny Bus que estava no cast e não pôde
se apresentar por problemas de saúde de um dos integrantes. A Curto Circuito
apresentou clássicos do Rock ‘n’ Roll para animar a manhã do domingo.

A próxima foi a Blood Eyes, de Lages. A banda trouxe Metal
autoral com letras em português para os headbangers, dando continuidade à
animação do domingo para aqueles que estavam acordando (ou para aqueles que
sequer dormiram).
A banda Xakol trouxe à tona um estilo ainda pouco explorado no nosso cenário: o Power Metal. De Florianópolis para o palco do Frai’n Hell, não faltaram vocais melódicos e arranjo instrumental elaborado para os simpatizantes do Power.
É até difícil descrever a apresentação da Khrophus. Eles esbanjaram maturidade, técnica musical e responsabilidade. Com certeza são merecedores de todo sucesso e das diversas turnês internacionais que já realizaram. Mesmo com a recente mudança de frontman, foi possível perceber que nada abala a confiança da Khrophus, que já está em total sintonia em sua nova formação. 
Como diria o próprio vocalista da banda: “Nada mal para um bando de velhinhos”. Orquídea Negra dispensa apresentações. Os caras são grandes influências do Metal catarinense, uma das bandas mais antigas do estado, sendo amplamente reconhecidos por mais de 30 anos de história. Como já é de costume, o público cantou os grandes sucessos do Orquídea em alto e bom som.
AbomiNação já é conhecida nas terras catarinenses por sempre vir carregada de muita energia e pronta pra destruir tudo! Letras ácidas, críticas sem dó, muitos gritos e bateria enlouquecida. Foi isso que AbomiNação mostrou ao público que bateu muita cabeça ao som do único Crossover do festival. 
Somberland de Criciúma/SC é grande conhecida da cena e, por conta disso, a expectativa era grande. Expectativa essa que foi superada: a banda não deixou nada a desejar para os fãs do Black Metal.

They Come Crawling teve a oportunidade de realizar sua estreia na cena no próprio festival. Diretamente de Orleans, a banda trouxe uma mescla de Death/Thrash para animar o finalzinho do domingo.

De São Paulo/SP, a The Four Horsemen teve a responsabilidade de fechar os trabalhos desse final de semana intenso. A banda, cover de Metallica, se dedica a executar grandes sucessos da banda e fez isso muito bem, levando o público a cantar junto os grandes sucessos que são muito bem conhecidos por todo mundo.
Durante o festival, não faltaram elogios à organização e à boa qualidade do som. A chuva que estava prevista veio em bem menos quantidade que o esperado e não atrapalhou nem um pouco a realização do evento. O baixo público foi motivo de decepção para muitos, pois um festival desse porte esperava receber muito mais pessoas.

Carlos Fernandes, baterista da Khrophus, lamentou nas redes sociais o pouco público presente nos festivais River Rock e Frai’n Hell. Citou: “Vergonhoso ver eventos assim, que deveriam estar lotados, ter quase ninguém apoiando. Santa Catarina tem a maior concentração de festivais de Rock que conheço […] vergonha alheia de saber que muitos nem sequer cogitaram levantar a bunda do sofá para prestigiar e fortalecer algo que é referência nacional”. 

Robson Anadon, baixista do Orquídea Negra, em entrevista a O SubSolo também expressou seu descontentamento: “Nós ficamos um pouco chateados porque é organizado por um pessoal que a gente conhece. Eu esperava que tivesse mais gente. Lembro do Orquídea Rock Festival, que tinha barraca por todos os cantos. Hoje, chegando aqui, fiquei triste”.
O SubSolo parabeniza Bruna Búrigo pela organização, assim como demais pessoas envolvidas na organização do evento. Aproveitamos para agradecer a oportunidade de realizar a cobertura do 2º Frai’n Hell. Permanecemos no apoio e na luta pelo underground nacional, unidos!

Fiquem ligados n’O SubSolo para conferir as entrevistas exclusivas realizadas durante o evento!



Cobertura por: Karine Nunes e Jordana Aguiar