Muitos quilômetros me separam, mas distância nenhuma me impede de estar presente nos rolês junto da minha galera, e após uma longa viagem exclusiva e express ao melhor estilo “Bate e volta” pisei solo blumenauense, pronta para dar inícios a mais um “Rolê acaba trapo” do jeito que a gente gosta.
Ars Tenebris, o nome do “aquelarre”, toda uma noite de “Labaxurias 666” ao som do mais puro Black e Death Metal; o evento organizado pela impecável produtora de eventos de underground que Blumenau prestigia, a PGR, mais uma vez na nossa caixa favorita.
Pouquíssimo antes do evento, a PGR anunciou através de seus canais oficiais que houve umas mudanças de última hora no lineUP; a banda Necrovulto cancelou sua participação no evento, devido ao baterista ter se acidentado, “Desejamos melhoras e em breve traremos a banda” foram as palavras da produtora ante o infeliz acontecimento. Em substituição, a banda Pé de galinha, foi convidada para o encontro sinistro.
Deadnation | Death Metal | Tubarão/SC
O quinteto da banda de Chainsaw Death Metal, oriunda da cidade de Tubarão/SC, foi o primeiro a subir ao palco (que, aliás, é a primeira vez que vejo na nova localização, após as mudanças e reformas no local). Era por volta das 23h quando a Deadnation abriu a noite com sua música pesada e seus guturais de cair o queixo.
Um dos momentos memoráveis desta apresentação foi a estreia de uma faixa pertencente à nova fase da Deadnation, que será lançada esta semana no Spotify (ou talvez já tenha sido, dependendo de quando esta matéria for publicada). Essa música visceral e frontal retrata um sentimento universal que todos experimentamos alguma vez na vida: Vontade de tacar fogo em um filho da puta; Inclusive, me fez lembrar da pessoa que certa vez me trocou por uma vagabunda, o nome da faixa é: Burned Alive.
Entre as faixas executadas, destaca-se Skinfather, que nas palavras da banda, é uma homenagem ao grupo que mais os influenciou como músicos: Dismember. Após uma baita apresentação e no fervo de moshs que não paravam, a banda encerrou a pancadaria e se despediu, não sem antes mencionar o quanto o público de Blumenau era FODA PRA CARALHO.
Formação: Willian Bernardo (voz), Rafael Spilere (guitarra), Jefferson Pereira (guitarra), Franco Souza (baixo), Gustavo Oliveira (bateria)
Setlist: Sade´s Eyes, Sick and sordid mind, Redrum, Blood Spill, Returning from Hell, Burned alive, killing for kill, Skinfather, pierced by nails, Braindead.
Fotos: Allan Preisler
Pé de galinha | Death Metal/Thrash/Hardcore | Palhoça/SC
Desde 2022, a banda Pé de Galinha vem fazendo barulho com suas raízes fincadas no Thrash e Death Metal. Como eles mesmos descrevem: “summonando um Thrash Hardcore”, com letras ácidas e riffs nervosos prontos para botar o quebra-pau.
Foram os segundos a assumir o palco da Box, e, com um punhado de seguidores colados ao pé do palco, cada riff foi acompanhado com atenção e entrega. Motivados pelo ódio contra o sistema corrupto, o Pé de Galinha se posiciona através de suas músicas para dar voz aos ignorados e esquecidos da sociedade. Suas letras cruas e agressivas não deixam espaço para dúvidas: a mensagem é clara, direta e necessária.
Formação: Higino Portella Neto (Guitarra), Guilherme Billimann (Guitarra), William Bianchini (Bateria), Renan Borges (voz e baixo).
Fotos: Allan Preisler
Infernal Atroz | Black/Thrash Metal Satânico | Blumenau/SC
Os demônios da Infernal Atroz encerraram a noite cabulosa, de blasfêmia, barulho e macumba, com sua ascensão direta do inferno e, dessa vez, com novidades: assumiram oficialmente o motosserra elétrico que marca o início de uma nova fase. Convocado do submundo, o Renegado666, que, com compromisso e responsabilidade, aceitou o convite infernal, fez sua estreia, não apenas como membro da banda, mas também sendo sua primeira vez tocando num palco.
Através de uma sessão fotográfica realizada recentemente pela banda, e com a participação especial da maravilhosa e gata pra caralho Miss Barbie Devil (a morta da Infernal Atroz), derramando sangue e renascendo do Submundo, no altar foi ofertado ao Maioral, e um novo grande culto teve início. Assim foi anunciado que o novo membro já era oficial.
Com um repertório foda, os característicos corpse paint e caprichando nos chamativos acessórios, em especial as algemas usadas pelo hot boy Anarco Infrator 666, que despertava e botava na esteira centenas de pensamentos intrusivos, foi uma noite insana; com um som sujo, rápido e violento, cheio de bate-cabeça do início ao fim. Um show destruidor, com o público blasfemando e gritando, que fez cada quilômetro percorrido, o cansaço e até a admoestação pela fuga no trabalho valerem a pena.
Além da impecável presença de palco, talento e performance da banda, Cavalcante, que esteve sempre interagindo e botando o povo pra quebrar, dedicou algumas palavras emotivas sobre o respeito que as mulheres merecem, e de como esse assunto é levado muito a sério pelos membros da banda. Demonstrou que não são apenas palavras: a lírica da masculinidade e o senso de proteção às mulheres são muito bem praticados por eles. O frontman também mencionou que foi criado apenas por sua mãe, transmitindo a ideia de luta e coragem que ela teve ao assumir a responsabilidade de criar um filho sozinha. Como mostra da exaltação e respeito que eles dão às mulheres da cena, quem assume a bateria desta banda tinhosa, é a Face of darkness, que além de ser a figura feminina da banda, é a consagrada esposa e companheira de vida do Cavalcante.
Com a porradaria comendo solta, e com um sem-fim de acontecimentos aleatórios, abro licença poética para mencionar que, após mais de um mês sem poder fazer chapinha (pois a voltagem em Curitiba é diferente), consegui arrumar meu cabelo pela primeira vez e ganhei um banho de cerveja, o que gerou um inusitado e divertido mosh de ajuste de contas. Com um soldado caído e uma cartola cheia de surpresas, encerrou mais um rolê de sucesso que ficará marcado na história, fazendo o retorno da banda aos palcos um momento inesquecível, e mostrando que a cena está mais viva do que nunca.
A Infernal Atroz, deixou um convite: Próximo 19 de Julho estará de aniversário a PGR e pediu para o público comparecer em peso.
“O tempo é necessário para que possamos entregar toda nossa vontade em forma de suor, oferendas e firmezas sagradas. Este símbolo que une nossa essência e a potência do nosso som”, declarou a Infernal em sua conta oficial do Instagram. @infernal.atroz
Formação: Cavalcante (Vocal), Anarco Infrator 666 (Baixo, back vocal), Face of Darkness (bateria), Renegado 666 (Guitarra)
Setlist: Intro, Diva diabólica, A noite da caçada, Infernal atroz, Eles desejam a morte, Cantando para os mortos, Azazel.
Fotos: Allan Preisler
A Box Clube BNU nos ensina que sempre é bom pensar fora da caixa, mas o caos e a diversão apocalíptica, só acontecem dentro dela. Stay Heavy.
Dedico esta cobertura, a primeira de muitas, com todo amor e carinho ao meu novo e bom amigo: Hélio Ramo de Oliveira Jacaré. Está selado.