A superbanda de Metal Gótico Cemetery Skyline, formada por Mikael Stanne (Dark Tranquility, The Halo Effect), Vesa Ranta (Sentenced, The Abbey), Markus Vanhala (Insomnium, Omnium Gatherum), Santeri Kallio (Amorphis) e Victor Brandt (Dimmu Borgir), iniciou sua primeira turnê no dia 19 de março em Helsinque, Finlândia, na lendária casa de shows Tavastia. O primeiro dos quatro shows pelas cidades finlandesas foi um sucesso total, deixando todos os fãs mais do que satisfeitos.
Durante o show, Stanne explicou que o projeto que se tornaria o Cemetery Skyline teve início durante a pandemia, quando Vanhala e Kallio criaram várias músicas próprias que ficaram “perdidas” ao longo dos anos, mas que eram valiosas demais para serem descartadas.
Hoje, o projeto se tornou uma banda de gigantes, e o material criado durante a pandemia faz parte do aclamado álbum Nordic Gothic, lançado no ano passado pela Century Media e considerado por inúmeros veículos de Rock e Metal como um dos melhores lançamentos de 2024.

Diferente dos estilos musicais nos quais os integrantes estão acostumados a tocar em suas outras bandas, o Cemetery Skyline faz um som sombrio e melancólico, uma mistura de Rock e Metal Gótico com um toque de Hard Rock, acompanhado de um vocal limpo e aveludado. Confesso que, no início, logo após o lançamento do álbum, demorou algumas tentativas para ajustar meu ouvido e aceitar com naturalidade o vocal limpo de Stanne. No entanto, ao vivo, sua voz toma a forma grandiosa à qual estamos acostumados, entregando muita melancolia sem perder a força e o peso que estamos habituados a ouvir em suas outras bandas.
A banda de abertura que deu início à noite de atmosfera dark e gótica foi o The Eternal, banda de Doom/Gothic Metal “metade australiana e metade finlandesa”, como deixou claro o vocalista. A banda é formada pelos australianos Mark Kelson (vocal e guitarra) e Richie Poate (guitarras), além dos finlandeses Niclas Etelävuori e Jan Rechberger. Eles se auto classificam como “uma mistura de Metal Dark, melancólico e emotivo”. O The Eternal fez um show magnífico, com muita melancolia, solos deliciosos e pitadas de Metal Progressivo, entregando uma performance de altíssima qualidade e deixando os presentes boquiabertos com sua atuação.
Setlist The Eternal:
Everlasting
Skinwalker
Under the Black
Rise from Agony
Down
Temptation’s Door
The Iconoclast
When the Fire Dies
Deathlike Silence
Fotos: Michelle Koukkula
Poucos minutos para mudar os equipamentos e preparar o palco para a atração principal, o tempo parecia nao correr para o público, que já estava animadíssimo e inquieto para o headliner da noite. Após um atraso de cinco minutos (algo realmente raro de acontecer na Finlândia), os integrantes do Cemetery Skyline subiram ao palco e abriram o show com Behind The Lie, uma ótima escolha para não deixar a energia, que já estava contagiante, cair.
Em seguida, The Darkest Night foi tocada sem perder a empolgação do público. O nome da canção também foi escolhido como nome da cerveja lançada pela banda, fabricada pela cervejaria Masis e vendida em bares, mercados e restaurantes na Finlândia. A cerveja, uma Black IPA, esgotou-se rapidamente antes mesmo do fim do concerto, e podia-se ver fãs espalhados por toda Tavastia segurando as latinhas como um belo merchandise da banda.
A terceira escolhida para o set foi Anomalie. Pessoalmente, é minha música favorita do álbum e, como todo fã, estava curiosíssima para ouvi-la ao vivo. Mais uma vez, a banda não decepcionou e entregou uma versão ainda melhor que a versão de estúdio, com o peso maravilhoso que só as músicas de metal executadas ao vivo podem proporcionar.
Logo após, Brandt iniciou os acordes de The Coldest Heart, levando o público à loucura, especialmente a audiência feminina, já que a letra da música descrevia muitas das presentes. O backing vocal de Vanhala foi uma boa surpresa na versão ao vivo, introduzindo um peso e agressividade que não estão presentes na versão de estúdio.
A execução de Never Look Back, mostrou o bom trabalho de Vanhala e Kallio nas composições, enquanto When Silence Speaks, sendo tocada ao vivo pela primeira vez, demonstrou o quanto Stanne se sente confortável nos vocais limpos.
The Torn Away evidenciou o maravilhoso trabalho de Ranta e Kallio juntos, numa música cativante que fez os presentes quererem dançar e, ao mesmo tempo, banguear ao ritmo da canção.
O cover de Roy Orbison, I Drove All Night, fez os românticos melancólicos cantarem juntos e felizes, enquanto outros ansiavam por mais peso.
Ranta nos presenteou com seu incrível groove em In Darkness, elevando a energia do público e fazendo alguns presentes banguearem ao som do incrivel solo de Vanhala.
Para fechar o show antes do encore, a banda tocou a melodia pesada Alone Together, entregando o pico máximo do feeling nórdico da banda presente em cada canção, trazendo lágrimas aos olhos de vários presentes.
Para o encore, a banda preparou uma surpresa para os fãs de Sentenced (clássica banda finlandesa de metal que impulsionou Ranta e seus colegas para o sucesso magistral e internacional), executando sua versão de Konevitsan kirkonkellot. A música é uma canção tradicional finlandesa, mas foi gravada pelo Sentenced em seu genial álbum The Cold White Light, numa versão pesada e sombria. Ranta explicou depois em uma rede social que o próprio Sentenced nunca a havia tocado ao vivo, fazendo o Cemetery Skyline a primeira banda de Ranta a tocá-la ao vivo. Essa escolha foi não só maravilhosa musicalmente e historicamente, como uma perfeita homenagem ao Sentenced, mas também uma ótima introdução para o maior hit da noite, Violent Storm, que fechou a noite com chave de ouro, fazendo absolutamente todos os presentes cantarem o maior sucesso da banda.
Apesar da banda demonstrar um pouco de dissonância entre os membros durante o show (parte podendo ser explicada por ser o primeiro show da primeira turnê da banda), musicalmente, o grupo se mostrou em total harmonia, afinal, não se trata de iniciantes, mas de gigantes da música nórdica. O Cemetery Skyline está mais do que pronto para sua próxima turnê (talvez internacional?) e mais do que preparado para conquistar o mundo!
Cemetery Skyline Setlist:
Behind the Lie
The Darkest Night
Anomalie
The Coldest Heart
Never Look Back
When Silence Speaks
Torn Away
I Drove All Night
In Darkness
Alone Together
Encore:
Konevitsan kirkonkellot
Violent Storm
Não deixem de ouvir o álbum na íntegra e seguir as bandas em suas redes sociais!
Fotos: Michelle Koukkula