A AmuHell Produções foi fundada com o intuito de ser um coletivo e ao mesmo tempo produzir eventos. Toda a estrutura dos eventos da produtora/coletivo, é colaborativo. Todas as bandas envolvidas no evento, fazem parte da organização e podem dar seus referidos pitacos e/ou opiniões.


O primeiro evento produzido foi o “Insano Brutal Fest I” idealizado na cidade de Tubarão/SC, no Directório’s Bar, que foi anos atrás um dos maiores lugares do underground catarinense. Outro evento sob a responsabilidade da produtora é o “Metal Sunday” sempre organizado na cidade de Imbituba/SC com parceria do Drakos Beer Pub.

Porém, no sábado (20) em Outubro, foi realizado o segundo Insano Brutal Fest, desta vez em parceria com a casa Colher de Chá em Içara/SC, o evento teve seus altos e baixos.

A casa abriu exatamente no programado as 19h. Porém, as primeiras pessoas começaram chegar após as 22h, como anunciado no cronograma que a primeira banda iniciaria. Talvez, uma falta de respeito com a banda de abertura ou apenas descaso, quem perde realmente é quem fica em casa se enrolando, quem compareceu terá história para contar.
A primeira banda a se apresentar foi a Obscurity Vision. Oriunda de Arroio Silva/SC e também de Criciúma/SC, a banda demonstrou estar em perfeita sintonia, aparentemente ensaiando a meses com a nova formação, isso demonstra profissionalismo na hora de subirem ao palco, pois todos os instrumentos muito bem regulados e notáveis para o público. Ainda em divulgação do disco “Dark Victory”, o destaque da banda passa pelos irmãos João Rodriguez e Luiz Rodriguez que à anos batem de frente com as dificuldades do cenário independente, levando a Obscurity Vision nas costas. Outro destaque é o boa presença da bateria de Luiz Trentin, assim como os bons vocais macabros de Rafael Vicente.

Sobre ser uma banda de Black Metal em uma cidade pequena, não deve ser uma tarefa fácil, mas a muitos anos a Obscurity busca investir nessa vertente, e fazem muito bem. Talvez para pessoas com falta de raciocino lógico e livre de preconceitos, não conseguem sugar toda a mensagem depositada pelo – agora fixo – quinteto de músicos. O seu último disco lançado com produção total do grupo, está presente nas suas apresentações como maior destaque, até as pausas entre as músicas é muito calculado para uma melhor apresentação, inclusive a boa escolha do mapa de palco também consegue dividir o time perfeitamente no palco, mas uma coisa é certa, é fácil notar uma banda muito bem ensaiada em palco. Méritos totais dos membros!

A apresentação da Dark New Farm fez jus ao título do festival, mesmo sendo a banda mais “alheia aos estilos extremos” não ficou pra trás em peso e mostrou a que veio e botou a galera para agitar (e pensar) logo no início do festival.


As influências, executadas no timbre das cordas e vocal da banda de um jeito que é fácil identificar a banda mesmo durante os covers, são muito bem misturadas com o som autoral que é o destaque, com muita experimentação e quebra da estrutura padrão, com exemplos nas alternâncias pronunciadas dos dois vocalistas, trocas de riffs com drásticas mudanças de metrônomo, a banda cada vez mais assina seu nome no cenário catarinense com uma caligrafia bastante única, que é uma das maiores vantagens da escolha de um estilo focado no metal moderno anos 90/2000. A banda também marcou presença forte nas críticas sociais que tanto pesam nas letras na atitude de palco, demonstrando que não tem medo de dar a cara a tapa nem de incomodar quem merece ser incomodado. (Arthur Neto)


Detalhe sobre a fundação da Amuhell, vale ressaltar.
AlkanzA é uma das bandas pilares do projeto “AmuHell” junto da Dark New Farm. Encabeçada por Thiago Bonazza (baixista e vocal da AlkanzA) e Maykon Kjellin (sim, eu, baterista da Dark New Farm). Um pouco incomodados com o publico, que foi um pouco abaixo do esperado, aparentemente subiram ao palco (cada um em seu show) com sangue no olho, e um pouco de frustração pela dedicação não abraçada pelo público.
 

Alkanza subiu ao palco com o status de headliner, com uma certa indefinição de baterista que assombra a banda a algum tempo, a surpresa de que o baterista da noite seria Artur Zamberlan (também baterista da Orkane) e que inclusive na sua última passagem pela banda, ajudou a compor novos sons do próximo disco. Os thrashers mais uma vez demonstraram que as cordas estão em perfeita sintonia e sangue nos olhos, principalmente a dupla de guitarras formada por Pedro Victor e o já experiente Renato Lopes. As músicas do próximo disco trazem bastante influências de Groove Metal, tendo maior participação da cozinha comparado aos discos anteriores, a presença do groove não é um problema, deixa o trabalho até mais interessante. O Thiago Bonazza canta cada show como se fosse o último da sua vida, e consigo ver isso nos olhos de cada membro da AlkanzA, talvez o espírito do fundador (Thiago), passa de membro a membro e não é atoa que cada apresentação sempre tem uma cutucada no microfone e o chapéu as vezes pode ser distribuído de mão em mão.

Não é por menos que as músicas da AlkanzA são fortes e dedo na ferida, falam de diversos temas e sempre contra o sistema. Principalmente o primeiro disco “Colonizado pelo Sistema” que trouxe a música “Brasil” que é sempre a mais cantada por todos durante o show. Já sobre o novo disco, algumas músicas foram executadas, sob o olhar de Orland Bússolo, o responsável pela produção e gravação do próximo disco da AlkanzA. A única certeza que tenho é que, se os membros da AlkanzA soubessem a data que iriam partir desse mundo, pediriam a oportunidade de subir mais uma vez ao palco antes de ir, além do sangue nos olhos e as veias saltando pelos braços, nitidamente amam o que fazem. (Maykon Kjellin)

Em busca de uma banda da casa, Silent Empire foi a escolhida da produtora. Principalmente pela lenda a frente dos vocais e guitarra, Ivan Agliati. Recentemente com o lançamento do novo disco, as apresentações estão cada vez mais incessantes, um ou outro probleminha nas guitarras que descompassaram em algum momento, passou imperceptível, a única coisa que foi notório é que a banda cada vez mais incessante, busca um maior aprimoramento dentro do Death Metal. Dificil não citar a guitarrista Aline Iladi, que além de acompanhar todas as bandas da noite, fez uma apresentação coesa e quem sabe da história dessa guerreira, sabe o quão gratificante é vê-la no palco e tomara que cada vez mais as mulheres invadam o palco do Metal nacional, assim diminuindo o machismo autoritário e babaca cada vez mais. 

Vale ressaltar que da para identificar uma banda experiente no palco, começando pela montagem dos equipamentos em total atenção e distração, enquanto regulava as guitarras, Aline dançava ao som de AC/DC, Arthur Neto alongava os dedos e afinava o instrumento, enquanto Israel montava milimetricamente cada prato no rack levado por si mesmo ao evento e o mais bacana, emprestado a todos os outros bateristas. Enquanto Ivan Agliati analisava as condições do palco, microfones e seu amplificador, regulava com cautela a correia da sua guitarra e quando o som começou, pancadaria no ouvido com técnica, poder de fogo e sem chance do público respirar. Vale elogiar a postura de Ivan como frontman, conversou com o público algumas vezes em pontos cruciais e destacou o evento sempre que pode, tudo com calma e pronto para a próxima música. (Maykon Kjellin)

A DeadNation diretamente de Tubarão, encerrou o festival com elegância e brutalidade. Com certeza a cada apresentação, o grupo (individualmente muito experiente) demonstra que suas raízes na literatura de Stephen King e com adição do peso do Death Metal, pode gerar bons frutos. Destaque para o single já divulgado em redes “Redrum”, que de fato foi o que mais movimentou a galera presente até a última banda. A ansiedade de todos para o lançamento do futuro disco da banda tubaronense, é inegável e com cuidados e lapidações, o disco deve surgir no próximo ano e a mídia deve preparar seus ouvidos desde já. Ainda sobre a apresentação dos caras, deixaram explicito a energia e entrosamento em palco, principalmente da dupla de guitarras Jeff e Rafael Spilere, com o peso da cozinha de Gustavo Oliveira e Jadson “Feto”, bateria e baixo respectivamente. Foi um excelente encerramento.


Sempre tive a oportunidade de ver o grupo com outras bandas, mas desde a primeira vez que vi como DeadNation, esses caras juntos ainda vão ter muito chão para percorrer, mas tenho certeza que vão ser conhecidos pelo estado como uma das mais promissoras do Death Metal, iniciaram com pés no chão sua carreira e já com um single pesado e absurdo no quesito técnica. As temáticas abordadas é interessante, ainda mais que quase todas se remete ao excelente escritor Stephen King e suas obras literárias absurdas. Não tem como ser outra coisa, sem ser extraordinária. (Maykon Kjellin)

Após o festival, incrivelmente as pessoas se reuniram no bar do Colher de Chá, e trocavam ideias e conversas para mais de horas. O que mais uma vez prova, que o pessoal do underground não está aqui por estar, convivemos em um ambiente no qual gostamos de estar.

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.