E os caras finalmente chegaram. Depois de meses e meses esperando, enfim a Dystopia World Tour chegou ao Brasil, tendo seu ponta pé inicial em São Paulo, neste domingo. A capital paulista recebeu um Megadeth renovado, com uma pegada matadora e um set list monstruoso, que não me permite ousar pensar em tirar nenhuma música. Além disso, a química explosiva entre Dave Mustaine e seu fiel escudeiro David Ellefson e os novatos Kiko Loureiro e Dirk Verbeuren só deixa o show ainda mais impressionante, tornando este momento do Megadeth algo espetacular e que sem dúvidas marca muito positivamente a história da banda.

Houve um atraso que foi além do esperado, tendo levado o show a começar mais de meia hora após o previsto (20h), mas isso não incomodou ninguém assim que “Prince of Darkness” começou a preencher o ambiente. O começo da música marca o início do show, e assim foi feito assim que a banda tomou o palco para começar a rasgar o ouvido dos presentes com os viscerais acordes de “Hangar 18”. Daí pra frente não era possível nenhum corpo ficar parado, era apenas a primeira arma do arsenal do Megadeth.

O set list seguiu de maneira impecável. “The Threat is Real” foi a primeira do novo disco a ser tocada, e assim como “Poisonous Shadows”, “Fatal Illusion”, “Post American World” e “Dystopia”, foi muito bem recebida pelo público, tendo os refrões cantados por boa parte dos presentes. Durante o show, Dave revelou que Dystopia havia sido o álbum mais vendido do Megadeth no Brasil, e por isso estavam empolgados em tocar as músicas dele por aqui. Além delas, a instrumental “Conquer or Die!” também fez parte do show, e foi um momento daqueles. Muito ovacionado durante toda a noite, Kiko Loureiro já vinha dando um espetáculo a parte com a guitarra, como na execução perfeita de “Tornado of Souls”, e nesta faixa também tomou conta do Espaço das Américas com as notas trabalhadas e delicadas de seu violão.

O Megadeth também valorizou muito seu passado, e acertou em cheio ao tocar em sequência as faixas “Rattlehead”, “Wake Up Dead” e “In My Darkest Hour”, cada uma pertencentes aos três primeiros discos da banda. Não havia como não ficar extasiado ouvindo Dave Mustaine cantar com sua voz icônica músicas matadoras como essas. Mais animador ainda era ouvir o líder da banda interagir inúmeras vezes com o público, agradecendo os presentes por terem abrido mão de assistirem as Olimpíadas em casa para prestigiarem o show e ressaltando a ansiedade que a banda estava em tocar no Brasil. Após ouvir seu nome seu entoado várias vezes, Dave garantiu que trariam uma surpresa aos brasileiros durante o show, uma música que não era tocada a muito tempo. Até ela ser revelada, houve uma “dolorosa” espera regada a outros clássicos que já eram muito esperados pelos droogies: “She-Wolf” (uma de minhas preferidas!), a dobradinha do Rust in Peace “Dawn Patrol” e “Poison Was the Cure”, “Sweating Bullets” (que teve o primeiro verso cantado apenas pelo público, sendo um dos momentos mais arrepiantes da noite), “A Tout Le Monde” e “Trust”. Tudo isso numa tacada só, até voltar a executar as ótimas músicas do Dystopia. Se foi bom? Foi do car@#&%!

No entanto, um dos momentos mais incríveis foi quando Dave Mustaine recebeu do público a camiseta da excelente página Megadeth Militia, que estampava, com as cores do Brasil, o nome da página com o mascote Vic Rattlehead. Após “Poison Was the Cure”, Mustaine a pegou e em seguida agradeceu imensamente, dizendo adorar as cores verde, amarelo e azul. Por fãs apaixonados como estes e tantos outros presentes ali que o Megadeth fez um tremendo show, que agradou a todos os headbangers… mas se você achou que acabou por aí, está enganado.


Dave com o presente recebido. (Foto da própria página Megadeth Militia)
Não bastasse o bombardeio promovido pela banda, o Megadeth ainda tratou de aniquilar o palco antes de deixa-lo mais uma vez: “Symphony of Destruction” e “Peace Sells”, músicas cheias de groove e agressividade, que testaram o fôlego dos droogies e tratou de espantar qualquer sombra de preguiça de alguém que estivesse cansado naquela noite de domingo. No retorno, Dave não queria ver ninguém parado e pareceu não gostar muito de ver alguns quietos a suas perguntas. Por isso, disse que iria tocar por ele mesmo então a grande surpresa da noite: “The Mechanix”, a versão melhor e original mais rápida, pesada e crua de “The Four Horsemen”, do Metallica, que não era executada pelo Megadeth a dez anos. Um presente e tanto para um público que sempre foi fiel a Dave Mustaine, independente da fase passada pela banda.

Vic Rattlehead surgiu no palco durante a execução de “Peace Sells”
Depois dela, todos já imaginavam que o gran finale já estava por vir, e de fato veio. A 21ª música do show foi nada mais nada menos que a épica, apoteótica e clássica “Holy Wars… The Punishment Due”, que tratou de estralar os pescoços mais cansados e deixar dores naqueles que estavam tentando resistir ao impacto sonoro único que essa banda fantástica transmite. A violenta faixa foi chegando ao fim assim que Dave foi apresentando a banda. O ovacionadíssimo Kiko Loureiro foi o símbolo máximo nessa noite excepcional em São Paulo, tendo tido um belo momento em palco minutos antes após uma série de elogios de Dave ao brasileiro, protagonizando um bonito abraço entre os guitarristas. David Ellefson, o irmão de Megadeth de Mustaine é sem dúvidas uma figura querida entre os fãs e também recebeu seu merecido momento de aplausos, após grandes momentos durante o show, apesar de seu pé ainda lesionado que o impediu de se movimentar mais pelo palco, como lhe é tradicional. Dirk Verbeuren ainda é uma figura desconhecida pelo grande público, mas aos poucos vai provando ser um baterista extremamente dedicado e habilidoso, que tratou com respeito máximo as linhas criadas pelos mestres que assumiram este posto anteriormente, dando a eles o peso que elas pedem para ditar o ritmo dos headbangs ao longo do show.

E Mustaine? Faltam palavras para este frontman único que ele é. O show é basicamente dele, o Megadeth é e sempre será a banda de Dave Mustaine, e ele sabe disso e por isso trata de fazer um show com a cara que o Megadeth modelou ao longo de todos esses anos de estrada: com música rápida e pesada, mas tem perder uma técnica vistosa e melodias que enchem os ouvidos. Sua voz é a voz perfeita pro Megadeth desde sempre, e seu carisma ao longo do show é cativante. O holofote sempre será dele, mas hoje ele sabe muito bem compartilha-lo com seus habilidosos companheiros de banda, que respeitam a banda em que estão pois sabem o tamanho que ela adquiriu, principalmente ao longo dessa turnê.

Dave e Kiko mostraram uma ótima química nas guitarras e também
um ótimo relacionamento em palco
O Megadeth vai se tornando cada vez mais gigante, amigos, e vem fazendo shows fantásticos nesta turnê. Dave, David e Kiko parecem ser um trio perfeito que toca junto a anos, com muito entrosamento em palco e que sabem transmitir isso para o público. Isso contagia e torna o show ainda melhor. Torcemos para que o brasileiro continue na banda e que siga trazendo grandes resultados e conquistas junto ao Megadeth, e que continuem fazendo grandes shows pelo Brasil e pelo mundo. Estarei aguardando ansiosamente pelo retorno da banda, pois como fã da banda, ver o Megadeth destruindo o palco e sendo insistentemente ovacionado pelo público, isso não tem preço.

O show foi do Megadeth, mas Kiko sem dúvidas foi uma atração a parte durante o show
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.