Sábado chuvoso, trânsito implacável, uma São Paulo clássica!

Horário de abertura da casa, 17 horas, cumprido direitinho, consegui chegar apenas às 18:50 tendo assim perdido o show do Furia inc.

Chegando no carioca club notei menos da metade do público que a casa poderia suportar e confesso que fiquei assustado. Muito provavelmente os organizadores também notaram e adiaram a entrada da banda principal para às 20 horas. Fiquei muito chateado que a banda de abertura deve ter tocado para poucas pessoas e não teve essa oportunidade de adiar por conta da chuva.

Enfim, não se pode chorar a chuva derramada… Atrasos entendidos, bora pro show!

A casa costuma atender eventos de samba e pagode, mas depois que SP deixou de ter casas grandes como Via Funchal, Directv, Credicard, Olympia e etc, o Carioca se tornou uma ótima opção para os eventos que acontecem na terra da garoa. A casa acomoda o público muito bem e os eventos costumam ser bem bacanas.

O meu detalhe particular é a questão da iluminação. Existe um strobo gigante na borda do palco que causa o derretimento dos olhos de metade do público. Tirando isso é 10!

Banda no palco, som impecável, tudo nivelado, voz limpíssima. Difícil rolar uma perfeição assim logo na primeira música. Normalmente o técnico apanha nas duas primeiras até achar o ponto ideal e daí pra frente fica bom! Nesse caso, o técnico deve ter previsto a ressonância com a casa cheia e acertou brutalmente.

Aqui cabe coloca um detalhe que eu mencionei recentemente em uma coluna do De Músico Para Músico que bate na questão: separar a obra e o artista. Sim, é complexo!

Michale Graves se envolveu em alguns lances perigosos de racismo e política. Fora o caso da tour anterior aqui no Brasil em que ele simplesmente abandonou a tour…

Enfim, é difícil julgar, explicar, pensar…

Ao longo do evento, Graves se mostrou muito preocupado com o público, pedindo para que não pulassem do palco para não se machucar, dando água, sendo realmente um cara legal. Nos discursos ele ficou num limiar entre o antipático e o bom moço.

“Parem de gritar meu nome, está escrito Michale Graves em todos os lugares, isso me assusta”

“ Nice to meet you, gaba gaba, nice to meet you, gaba gaba – You guys only know these words in english?”

E na sequência tentou emendar com discurso amenizador e tal.

Foi esquisito, até desconfortável de ver, mas ele soube lidar bem com os deslizes e reconquistou o público a cada momento.

O set list foi bem interessante, muito bem executado, porém eu senti que a banda só se animou de verdade da metade pra frente. Até então estavam meio caidinhos, apesar de Graves estar bem animado o tempo todo.

Ao longo do show Graves para diversas vezes e pede para a banda esperar a fim de ajudar algum fã a subir ou descer do palco, também para para cumprimentar a fileira da frente, mostra um carisma muito bacana.

Em músicas muito badaladas, o público ataca o refrão totalmente sozinho, e o resultado é espetacular! Aconteceu em Dig Up Her Bones, Scream, Fiend Club e em muitos outros ooooooo oooooo oooooo (risos).

Este show foi a execução na íntegra dos álbuns American Psycho (1997) e Famous Monsters (1999) da banda Misfits, portanto, não rolou nenhum som de Graves pós Misfits.

De 0 a 10 eu considero que o evento tenha sido um 7 (igual colégio estadual, média 5) e meus pontos negativos são totalmente voltados para a simpatia e escândalos prévios. Na parte musical foi perfeito.

Setlist:
1. American Psycho
2. Abominable Dr. Phibes
3. American Psycho
4. Speak of the Devil
5. Walk Among Us
6. The Hunger
7. From Hell They Came
8. Dig Up Her Bones
9. Black Light
10. Resurrection
11. This Island Earth
12. Crimson Ghost
13. Day of the Dead
14. The Haunting
15. Mars Attacks
16. Hate the Living, Love the Dead
17. Shining
18. Don’t Open ‘Til Doomsday
19. Hell Night
20. Famous Monsters
21. Kong at the Gates
22. The Forbidden Zone
23. Lost in Space
24. Dust to Dust
25. Crawling Eye
26. Witch Hunt
27. Scream!
28. Saturday Night
29. Pumpkin Head
30. Scarecrow Man
31. Die Monster Die
32. Living Hell
33. Descending Angel
34. Them
35. Fiend Club
36. Hunting Humans
37. Helena
38. Kong Unleashed


Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.