“Pé na porta e gritaria.” Essa frase define bem o que foi a estreia da banda russa Slaughter to Prevail em solo brasileiro. O show foi uma síntese do que já conhecíamos da banda e um pouco mais, como vou citar abaixo.
A apresentação aconteceu em plena quinta-feira em Curitiba que estava em chamas pela temperatura. Mas isso nunca influenciou muito o ambiente do Tork’n’Roll. A casa tem o teto alto e é muito bem climatizada. Como de costume, abriu no horário previsto. O público, que já formava uma fila dobrando a esquina, adentrou o recinto de forma ordeira e tranquila, provavelmente já antecipando que aqueles seriam os últimos momentos de calmaria antes da violência sonora que viria a seguir.
Violência essa que começou com a banda local Humanal. Eu, que já havia assistido à banda anteriormente, tinha uma convicção que veio a ser confirmada nessa apresentação: a Humanal está pronta para grandes palcos. A banda vem fazendo um trabalho impecável e conceituado, com lançamentos recentes como o clipe do single Vanity, lançado cerca de duas semanas antes da data do show.
A presença de palco da vocalista Tati Klingel é magnética; sua técnica vocal é impecável algo que deixou bem claro ao mandar um berro estrondoso, muito bem ouvido e ovacionado pelo público, mesmo sem o uso do microfone. Isso, somado aos riffs precisos do guitarrista André Lazzareti, ao Groove pesadíssimo do baixista Mauricio Escher e às marteladas brutais do baterista André Preto, traduziu-se em um show espetacular, ainda que curto. Foram apenas cinco músicas, que com certeza deixaram a galera com vontade de mais.
Vale destacar a execução de Echoes of Ether, que contou com a performance da dançarina Ross Mirabal, da Underworld Fusion Dance, trazendo ainda mais dramaticidade à apresentação. Ela também está presente no clipe da música, que vale muito a pena assistir, tendo você visto o show ou não.
Setlist
1. Apathy
2. Addiction
3. Vanity
4. Echoes of Ether
5. Guilt
Galeria Humanal:
Após alguns minutos da saída da banda de abertura, agora com a casa já cheia, as já conhecidas máscaras prateadas começaram a surgir como vultos no palco escuro, sendo recebidas com uma grande salva de boas-vindas da plateia. Com uma explosão de luzes, sobe ao palco a pessoa mais esperada da noite: o vocalista Alex “The Terrible”. Ele apresentou as primeiras músicas usando uma versão articulada da clássica máscara da banda com aspecto de ossos e sangue entre os dentes.
Aqui, vale um parêntese: ao chegar ao local, fui informado de que apenas fotógrafos da produção da banda teriam acesso ao pit para fotos durante o show. A princípio, foi um balde de água fria e deixou a impressão de certo estrelismo de que seria um show distante do público, apenas “para cumprir tabela”.
Essa impressão se desfez assim que Alex retirou a máscara. Era visível sua animação por estar ali. Essa energia se manteve por todo o show. E não me entenda mal! Alex tem, sim, aquela aura de quem poderia lutar com um urso ou quebrar a cara de alguém que pisasse, mesmo sem querer, no seu pé. É a expressão que vemos em seu rosto enquanto canta, como se tivesse que invocar o coro de uma legião para ajudá-lo nos guturais que, aliás, são uma das coisas mais impressionantes que já vi ao vivo. Toda a brutalidade que ouvimos nas gravações está presente na apresentação ao vivo. Mas, entre as músicas, o que presenciamos foi um Alex sorridente, comunicativo, sempre agradecendo, pedindo por mosh pits giratórios, para que todos se abaixassem e pulassem com o início da música, e até pelo clássico Wall of Death aquela parte em que a plateia é dividida ao meio e, ao sinal da música, os fãs mais corajosos se jogam uns contra os outros no espaço aberto. Aquele tipo de “brincadeira saudável” que se espera de um show desse porte.
O mesmo vale para os demais integrantes, os guitarristas Jack Simmons e Dmitriy Mamedov, o baixista Mike Petrov e o baterista Evgeny Novikov demonstraram muita energia, ajudando o protagonista Alex a manter o ânimo do público do início ao fim.
O setlist contou com os principais lançamentos da banda. Sucessos como Beherit e Baba Yaga com certeza ficaram gravados na cabeça dos presentes por semanas assim como possíveis hematomas adquiridos carinhosamente durante o bate-cabeça que foi assistir a esse show da plateia.
Setlist:
- Bonebreaker
- Baba Yaga
- Conflict
- Koschei
- Viking
- Bratva
- Grizzly
- Hell
- 1984
- I Killed a Man
- Behelit
- Kid of Darkness
Encore:
- Demolisher
Uma noite para entrar para a história. Assim pode ser descrita a estreia da banda russa Slaughter to Prevail no Brasil não só pela qualidade das bandas que se apresentaram, mas também por quebrar paradigmas que muitas vezes adquirimos ao conhecer artistas apenas pela internet. O que vimos no palco foi uma verdadeira demonstração de dedicação e respeito ao público.
Fica claro que, tanto os russos quanto nossos queridos curitibanos, estão elevando o padrão das performances ao vivo na cidade e consolidando seu espaço na cena do Metal Extremo. Mais um show que nos deixa ansiosos para saber o que o futuro dessas duas bandas nos reserva.
Galeria Slaughter To Prevail: