Antes de começar a falar das apresentações das bandas propriamente ditas, um agradecimento à produtora de eventos Necrovoid Productions que, de maneira muito seletiva, e por que não dizer, assertiva, vem produzindo eventos de alta qualidade, oferecendo pacotes completos ao público headbanger com eventos, festivais, além de apoiar as excursões e coberturas das mídias.
Dados os recados paroquiais, vamos falar de como foi o evento que trouxe três bandas de peso para apreciação da noite de 30/03/2024.
Torture Squad
Como não começar falando desta menina? Sim, você olha para Mayara Puertas, e é isso que imagina. Uma moça meiga e dócil, até o momento em que assume o microfone e mostra todo o poder vocal produzido por uma única pessoa.
Foi assim que começou o show do Torture Squad, aproximadamente 23:30 daquele sábado, quando headbanges de Blumenau e de várias outras cidades aguardavam ávidos por uma apresentação extrema e violenta, daquelas que, quem é fã de Torture Squad sabe do que estou falando. E para começar a brincadeira, temos Hell is Comming, onde além dos vocais, Mayara nos dá uma palinha no violão de cordas, que também fez o papel de Lilith, para dar aquele toque especial.
E não quero ficar aqui bajulando, mas para poder dar continuidade à resenha de um modo geral, vamos falar de Flukeman e Buried Alive, que, além das intros, tiveram acordes adicionais também performados por nossa multi-instrumentista, através do teclado virtual operado de um iPad, que deram maior preenchimento e destaque para as canções.
Após saudação à casa, continuamos a porradaria com Hellbound e Out of Control, emendadas com uma sequência de Pull the Trigger e Sanctuary. Uma breve pausa, pois ninguém é de ferro, e é hora de falar dos mestres Castor no baixo e Amílcar Christófaro na bateria, mandando ver um solo insano para a intro de Raise Your Horns, numa cozinha perfeita para revitalizar os pescoços que ainda conseguiam se mexer diante do palco.
Em seguida, Murder of God, Area 51, introduzem Stroms, onde, apesar de ser véspera do aniversário do mago das cordas Rene Simionato, quem ganha o presente é o público, com um solo carregado de progressão, virtuosidade e técnica. E para finalizar esta visita (esperamos que seja a primeira de muitas), uma sequência digna de uma noite memorável com Mabus, Chaos Corporations e The Unholy Spell. Ao fim, do show, a banda que esbanja simpatia e humildade, conversou e tirou algumas fotos com os presentes antes de seguir viagem.
Tressultor
Quando a gente passa a acompanhar muitos shows de uma banda, por vezes passa a ser amigo dos integrantes, o que torna suspeita a nossa escrita. Mas, mesmo que estamos aqui para falar com imparcialidade, a música nos guia por sentidos diversos. E não tem como falar de Tressultor, sem observar a qualidade técnica encontrada nesse trio, que, com a responsabilidade de manter o pique da porrada que foi deixada pela banda anterior, o faz com maestria.
Executando um thrash metal rápido e agressivo, guiou os moshs que, durante todo o show foram incessantes, para deleite dos presentes. As letras que são cantadas em português são um diferencial, que aproximam ainda mais o público. A sua temática gira em torno de críticas sociais que se mesclam com histórias do cotidiano brasileiro, com uma leve pitada de acidez e outra de humor para equilibrar a receita.
Em posse do baixo, Hans Neto desenvolve elaborados grooves que chamam a atenção devido à sua habilidade com o instrumento, inclusive enquanto canta. Acompanhado de Lucas Cruz na bateria, que soma técnica, agilidade e agressividade, e para completar o trio, Renan Grosh na guitarra, com riffs e bases pesados.
As faixas executadas foram Epidemia, Mande a Merda, Juarez Possuído Pela Tequila, Tenho um Nome a Zerar, O Ateu, Cheiro de Cão, Dieta Colombiana, Sentinela Noturno, Instrumental, Direção Ofensiva, finalizando o show com a já consagrada Deliciosas Empadinhas de Dona Isabel contando uma história de canibalismo, que já é marca registrada da banda.
Nighthawk
Para fechar a noite, a prata da casa formada por Paulo na bateria, Guilherme na guitarra e vocais, Elton no baixo e Tiago na guitarra, sobe ao palco a blumenauense para nos trazer um profundo e obscuro black metal raiz. Há mais de uma década na cena, suas letras abordam temas filosóficos e reflexivos, com questões inerentes ao ser humano, existência e morte.
Apoiados pela indumentária que os caracteriza, sua sonoridade consegue delinear um ambiente denso e imersivo, fazendo com que o público presente se sinta parte integrante (quem sabe, preso) àquele local. Onde o peso e o arrasto das notas se mistura com passagens rápidas e agressivas, tornando o show, uma experiência que personifica o som em uma entidade maior e onipresente.
Um ponto de destaque para o show, foi a execução de Hangman’s Mercy, single recentemente lançado, quebrando uma lacuna de 9 anos desde o seu último lançamento, o EP Burial Peace (2013). Além desta, a setlist também contou com: Taking my Soul, Emptiness Howl, Human Decay, Tears Among Us, Burial Peace, Forgotten Sanity, encerrando com Dead Moon Rise, e assim selando a madrugada que já adentrava o domingo, e permitia que os ali presentes pudessem agora retornar às suas vidas normais.
Cabe aqui também, uma menção honrosa à Box Club que vem prestando um grande serviço para a cena de Blumenau, ao nos proporcionar experiências com grandes nomes do underground e um vasto apanhado de eventos que tem trazido.
Sua estrutura também propicia uma experiência ideal para o público, com espaço para mesas reservadas, mezanino, parede instagramável, mesa de sinuca e um bar com uma grande variedade de opções.
Esperamos ver novos eventos por aqui. Até a próxima!