2017 foi definitivamente o ano do Rock/Metal em Tubarão. A cidade do sul de Santa Catarina recebeu ao longo do ano inúmeros eventos que reuniram bandas de todos os sub-gêneros do Rock e Metal, e no último do ano não foi diferente. Depois da primeira edição em junho que foi um sucesso absoluto, o Agosto Negro Produções arriscou e apostou em fazer a segunda edição do Tubarão Metal Fest em dezembro, jogada esta que causou desconfiança em alguns e criou-se uma desconfiança se o evento daria certo. Chegado o dia do evento, que foi no sábado 16/12, não sobrou dúvidas: deu certo sim.
O Congas foi a casa de boa parte dos eventos na cidade, e neste não pode ser diferente. Seu ambiente amplo abrigou mais uma horda de headbangers, que foram chegando aos poucos. A primeira banda, a Atlantic Dogs, por exemplo, tocou para poucos, mas que não se arrependeram de chegar cedo para conferir o Stoner Metal do grupo, que se diferencia bastante do que as demais bandas da região apresentam. A banda lagunense ainda tem um repertório composto por diversos covers, mas arriscou apresentar sua primeira música autoral e deixou uma expectativa para ouvirmos mais disso.
A sequência veio com a Threzor, que fez um show que lhe fazia sentir de volta nos anos ’80. Thrash Metal clássico, com todas as características das grandes bandas que estouraram na cena Thrash em seu auge, e com a personalidade que esperamos das bandas autorais de nossa região. O mesmo vale para a avassaladora They Come Crawling, banda que está dando seus primeiros passos e já mostra ser uma banda ímpar. Apostando em uma pegada Death Metal, com pitadas de Grind, o som da banda é de moer. Contando com músicos experientes e um vocalista irreverente e monstruoso em palco, tenho certeza que é uma banda que tem muito a mostrar ainda.
Shadow of Sadness era um dos shows que eu mais esperava na noite, e valeu a pena a espera. Death Metal melódico e técnico de alta qualidade, que me faz acreditar que a banda é uma das melhores de Metal Extremo de nossa região, foi apresentado com peso na medida no palco. A banda merece reconhecimento pelo seu som diferenciado e bem executado.
O show seguinte foi da Alkanza, e sou suspeito de falar da apresentação dos caras. Já perdi as contas de quantas vezes vi eles ao vivo, mas essa foi a primeira que assisti em o guitarrista André Guterro no palco. Para seu lugar, a banda conta agora com Pedro Victor, que manteve a energia explosiva que Guterro tinha no palco e encaixou perfeitamente na destruição que a banda propõe em seus shows. O destaque fica para a reação do público à apresentação, pois foi a primeira banda a fazer as rodas abrirem. Além de ser realmente um som motivador para isso, a banda de Laguna também contou com a casa quase cheia para sua apresentação, o que mostra que já existe uma forte ligação do público local com a banda.
A Battalion foi a primeira das que podemos considerar headliners do cast do dia, e tal título não se deve a toa. A banda de Itajaí é absoluta em palco, e assim como os florianopolitanos da Threzor, nos faz voltar no tempo com seu som. O Speed Metal do power trio é cru e agressivo, e isso obviamente incentiva o público a grudar no palco e chicotear a cabeça sem parar. As músicas da banda passaram como tiros de uma metralhadora, e se a intenção era destruir no palco, saiba que eles destruíram.
Outra grande atração foi o retorno da lendária Distressed, e a ânsia por sua volta aos palcos foi devidamente correspondida. Se era som pesado e intenso que o público queria, a Distressed o trouxe. Doses exacerbadas de Death Metal foram apresentadas com tudo aquilo que esperamos do gênero, e o resultado disso foram os mosh pits que se abriram como um vale infernal no meio do público presente. Certamente, o trio Alkanza, Battalion e Distressed foi dono do pico de presença dentro da casa, e fizeram apresentações que por si só já fizeram o evento valer a pena para os presentes.
A Red Razor também merecia um grande público, mas subiu no palco em um momento que alguns já estamos absolutamente quebrados pela sequência implacável que o evento propôs. Mas isso não foi motivo para um show frio, muito pelo contrário. O Thrash Metal clássico da banda não pode passar sem a presença de rodas punk e bateção de cabeça. A banda da capital catarinense já é consagrada pelo estado e a cada show seu mostra o por que de aparecer na lista de melhores bandas nacionais do gênero.
Se o cast estava abusando de peso desde o começo, foi na última banda que veio aquela esfriada nos ânimos. Apostando em clássicos do Metal melódico internacional, a criciumense Norium pegou o fim da festa e poderia fechar com chave de ouro a celebração, mas não conseguiu puxar os últimos sobreviventes e fez um show sem tanto calor, apesar das boas músicas que foram apresentadas.
Mais um evento que não me deixa espaço para críticas. A organização fez o evento ocorrer bem, apesar dos atrasos entre uma banda e outra que no final atrapalharam a apresentação da Norium, mas isso é algo que já vejo como quase impossível de se evitar, mas ainda assim a produção tratou de não deixar isso chegar a níveis exagerados, como já vi em outros eventos. O cast formado foi impecável, tratou de trazer diversas instâncias do Metal para não decepcionar o público. Do lento ao veloz, do cadenciado ao intenso, do impulsivo ao técnico, mas todos com o peso que esperamos de bandas de Metal.
Com isso o Tubarão Metal Fest II encerrou de forma digna o grande momento que a cena local viveu em 2017, e firmou o Congas como casa dos headbangers da região Sul. Que em 2018 possamos vivenciar mais grandes momentos dessa dupla e que o nível dos eventos continue subindo.