Salve Salve meus amigos!

Para você que acompanha o nosso trabalho assiduamente aqui no O Subsolo, vai se lembrar da edição #28 da coluna Talvez Desconhecido, onde menciono estar cada vez mais fascinado pelo grotesco e vasto universo do Death Metal produzido por bandas como Cannibal Corpse e afins.

Pois bem, certo dia enquanto zapeava os stories dos seguidores da Sacramentia no Instagram, me deparei com o som de uma banda que chamou muito a minha atenção. E é justamente essa banda que trago hoje nesta minha contribuição. Senhoras e senhores, com vocês, Anarkhon!

Pesquisando mais a fundo, descobri que o grupo já está na ativa há 22 anos. E essa é a hora que paro e começo a me questionar por que diabos uma banda com esse tempo todo de estrada não está em evidência dentro do nosso cenário (uma baita injustiça).

O grupo foi formado no ano de 1999, na cidade de Guarulhos, São Paulo, integrando Péricles Hooper nos vocais, Aron Romero e Willians Silva nas guitarras, Fábio Lyrio no contrabaixo e Welligton Backer na bateria. Essa formação seria a responsável por gravar a primeira demo da banda Satisfação em Costurar Um Corpo Retalhado com Arame Farpado em 2002.

 

A partir deste pontapé inicial, o grupo, assim como a maioria, sofreria com as baixas e reintegrações de formação. Passado o mau presságio, em 2004 mais uma demo seria lançada, desta vez sob o título Pedofilia, cuja produção, ficou a cargo de Pedro Esteves do Lair Symphony.

Munidos destes materiais, o Anarkhon dedicou o ano seguinte à estrada, tocando ao lado de outras bandas que permeiam o nosso tão vasto e querido underground. Além destas apresentações, outros louros foram colhidos. O primeiro álbum oficial da discografia estava garantido após o contrato assinado pela gravadora Malignant Art.

Mas nem tudo na carreira de uma banda são conquistas, apresentações e contratos assinados. Em 2006, uma tragédia assolou os membros da banda com o assassinato brutal do vocalista Péricles Hooper no dia oito de agosto. Mesmo abatidos com a perca do membro fundador, o Anarkhon honrou toda a agenda de shows que tinha. Para os músicos, continuar trabalhando era a melhor forma de homenagem ao cantor…

O dia sete de outubro daquele ano ficou marcado pelo lançamento de Obesidade Mórbida, o tão sonhado álbum de estreia, do agora quarteto de Guarulhos. Cantando totalmente em nossa língua nativa, o petardo   continha a voz de Hooper em algumas faixas. E é impossível de se notar a influência do Cannibal Corpse (principalmente a fase inicial com o vocalista Chris Barnes) durante a execução das 12 faixas do disco, o que em momento algum é um demérito. Era como ter a nossa própria versão tupiniquim dos americanos.

A pegada furiosa característica do Death Metal e a temática calcada pelo apreço ao mórbido e grotesco seriam a fórmula adotada pelo Anarkhon nos álbum seguintes, tendo agora os vocais assumidos pelo guitarrista Aron Romero. E assim fomos contemplados com mais dois álbuns nestes mesmos traços, Into The Autopsy de 2009 e Welcome to The Gore Show de 2013 (este último com uma veia mais politizada, mas não menos pesado).

 

Mesmo com a excelente repercussão dos trabalhos e a constância de apresentações, a banda entraria em hiato no ano de 2015, retornando à ativa em 2018 e compondo o material para o próximo trabalho que serviria como uma espécie de recomeço para os paulistas.

E foi somente em 2020, precisamente no dia 10 de setembro, que Phantasmagorical Personification of The Death Temple foi lançado em parceria com a Soul Erazer Records, trazendo uma reformulação total tanto da identidade visual da banda, quanto em sonoridade. Creio que o hiato serviu para a elaboração de um novo direcionamento para o Anarkhon, que neste trabalho em nada manteve suas raízes gore Corpsianas. E mais uma vez, isso não foi o demérito.

Amadurecimento talvez seja a melhor palavra para definir Phantasmagorical, que traz sete densas, obscuras e cavernosas faixas com uma sonoridade totalmente original, mesclando elementos nunca antes explorados nos trabalhos anteriores, como pitadas de Doom e Sludge, por exemplo.

Por fim meus amigos, o Anarkhon é uma ótima pedida, com uma discografia impecável, seja nos primórdios com a pegada Gore Splatter, como atualmente com este tom mais dark e denso. Vida longa à banda e espero ter a chance de poder ver alguma apresentação ou mesmo topar com os caras na estrada quando essa pandemia enfim terminar. Recomendadíssimo!

Confira: https://www.youtube.com/watch?v=6u4ebM5RZcA

Nascido no interior de São Paulo, jornalista e antigo vocalista da Sacramentia. Autor do livro O Teatro Mágico - O Tudo É Uma Coisa Só. Fanático por biografias,colecionismo e Palmeiras.