Sem sombra de dúvidas uma das bandas mais emblemáticas a surgir no nosso cenário é o 7Peles, uma verdadeira força mordaz contra os dogmas religiosos do cristianismo. Os encapuzados cariocas escondem as próprias identidades sob negras vestimentas e um alto teor catartico em prol da disseminação ideologica da banda. A sonoridade do grupo é vasta e não se limita apenas ao Black Metal tradicional. Este é apenas uma pitada de um determinado tempero que complementa o “sabor sonoro” da banda.

Com três discos lançados na praça, o grupo vem fortificando cada vez mais o prórpio nome dentro do underground nacional, já dividindo o palco com bandas internacionais, como o Mayhem, por exemplo. E hoje tivemos o prazer de batermos um papo com uma  das principais figuras por trás do 7Peles. O resultado, você confere a seguir.

O SUBSOLO:
Primeiramente gostaria de agradecer a banda por bater esse papo conosco. Já acompanho a banda desde os primórdios, tendo em minha coleção os três primeiros discos já lançados pela banda.  Gostaria de saber como se deu o início da caminhada do 7Peles.

7PELES: Eu que agradeço o espaço, isso é muito importante para nós e cada vez mais difícil na cena. Bom, o início do 7PELES como conhecemos hoje, não foi algo que surgiu espontaneamente de uma hora para outra, pela união de um ou outro integrante…não.Definitivamente não foi assim. O 7  foi idealizado por mim ao longo de muitos anos, já envolvido com a música em outras bandas e projetos, mas só depois de muito tempo consegui colocar em prática tudo que tinha em mente.

OS:Quais os desafios que a banda enfrentou antes de finalmente adentrar ao estúdio para as gravações do Primeiro Evangelho?

7P: Acredito que o principal desafio seja sempre a formação ideal seguido, claro, da questão financeira. O underground é muito ingrato, você pode passar anos sem retorno algum apenas com gastos. E se você quer fazer um trabalho digno significa muitos gastos, logo é muito difícil encontrar músicos profissionais, competentes,  que tenham ânimo e condições para arcar com tudo isso.

OS:De fato, a estética do 7Peles é algo realmente cativante e chamativo. Como se deram as ideias, e quais as referências por trás de toda a aura que envolve a banda?

7P: Como disse anteriormente, é algo que planejei ao longo dos anos… tudo é temático, pensado e elaborado para o começo, meio e fim da jornada do 7PELES. Sim, até o fim já está programado. Dadas as circunstâncias e realidades que vivemos, eu estou fazendo uma releitura do velho livro, e serão entregues sete evangelhos.

OS:No primeiro disco o Black Metal impera supremo e a banda canta poucas canções em português. Do segundo disco em diante, o 7Peles adota de vez a língua portuguesa, ao mesmo tempo, incorpora uma sonoridade mais acessiva para quem de repente possui restrições quanto aos sons mais extremos. Como se deu essa transição e quais foram as referências sonoras que o grupo adotou para essas novas sonoridades?

7P: Não sei se o primeiro evangelho é tão Black metal assim, talvez apenas  soe como um berro de um recém nascido que chega ao mundo ainda sem entender muito o que esperar, mas já temos muitos elementos ali do Heavy Metal. O nosso idioma também já estava presente em trechos, palavras de ordem, refrões e até em canções inteiras. A partir do Segundo Evangelho consegui implementar na íntegra. E com uma mudança total dos músicos consegui também alcançar a sonoridade desejada, ou pelo menos, parte dela, pois é um processo evolutivo constante.

OS: O 7 Peles já abriu shows para um dos grandes nomes do Black Metal, o Mayhem, inclusive tendo ao palco a presença do poderoso vocalista Attila Csihar. Ainda com o guitarrista Ghul,vocês gravaram a faixa Tempo dos Templos. Como foi o contato com esses caras para essas participações e como o 7 Peles se sente ao poder trabalhar com grandes ícones do Black Metal mundial?

7P: Essa aliança se fez ao longo de 15 anos, muito antes da existência do 7PELES,  desde a primeira passagem deles pelo Brasil,  quando tive a oportunidade de participar com outro projeto que fiz parte na época e estabelecer uma amizade verdadeira. Agora, estou colhendo os frutos e isso é uma enorme honra para mim, sem sombra de dúvidas, e acredito que seja algo positivo para nossa cena metálica no geral.

OS: Ainda sobre participações especiais, o 7Peles almeja parcerias futuras com membros de outras bandas, sejam elas nacionais ou internacionais?

7P: Com certeza. Inclusive acabamos de realizar outra Jam fantástica com uma lenda viva da nossa cena, alguém que me influenciou demais. Nós tivemos em uma de nossas apresentações a presença de BEELZEBUTH do glorioso MYSTIFIER, isso foi registrado e talvez,  quem sabe, se torne parte do EVANGELHO VIVO, um live album que ainda está em processo de produção e execução.

OS: Em o Terceiro Evangelho, nota-se por parte da banda uma atenção especial a alguns fatos ou pessoas envolvidas no desgoverno passado. Fora as situações do cotidiano e a adoração pela figura de Satã, quais outros temas a banda busca pesquisar para o próximo disco de inéditas?

7P: O 7PELES é temático. como falei anteriormente, estou fazendo uma releitura do velho livro de mentiras, trazendo a luz da nossa realidade,  refletindo como podemos relacionar o passado e o presente, dentro de um universo humano  repleto de falsidade. Tal qual fazem esses falsos profetas, bispos e apóstolos para arrancar dinheiro do povo, principalmente os mais carentes de conhecimento, eu uso o livro como um grande escárnio.

OS: Sabemos das dificuldades em se produzir certos tipos de materiais, principalmente em solo nacional. Mas conhecemos todo o esmero e capricho que a banda insere em cada disco lançado. Levando isso em consideração penso em como seria incrível, por exemplo, um DVD com o registro da grande missa negra que o 7Peles tão bem sabe realizar.

Quais as ambições da banda nestes tipos de formatos mais atípicos, vamos assim dizer?

7P: Pois então…O EVANGELHO VIVO talvez seja uma realidade breve, mas nesse momento seria apenas em áudio mesmo. Quem sabe um dia tenhamos outro volume em DVD. Fizemos uma apresentação num dos festivais mais fodas que já vi aqui no Brasil, o MMM (Maniac Metal Meeting) em Santa Catarina, e foram feitos dois registros áudio visual muito fodas, que estão em nosso canal no YouTube, com excelente qualidade. Infelizmente, pela questão financeira, não foi possível na época ter o registro completo. Uma pena, pois daria um puta DVD. Outra coisa que desejo muito ainda também é ter um material lançado em vinil. 

OS: O que o publico que acompanha o trabalho do 7 Peles, pode esperar da banda para este ano de 2023?

7P: Acredito que, pelo pouco tempo da banda, já ficamos muito em estúdio. Nós já  temos três álbuns lançados!

É hora de encontrarmos nossos irmãos e irmãs pela estrada e levar a palavra do 7 pelos quatro cantos do Brasil. Esse é o meu desejo para 2023. Mas não é fácil, ou não tá fácil. Vejo esse cenário muito centralizado, ou você faz parte do cast de uma grande produtora, ou você tá bem fudido!!!

Mas vamos conseguir…AMÉM????

OS: Gostaríamos mais uma vez de agradecer a banda por essa entrevista e gostaríamos de deixar aberto a vocês um recado da banda a todos que acompanham o nosso trabalho aqui n’O Subsolo.

7P: Eu que agradeço imensamente essa oportunidade. E faço questão de deixar um recado para você irmão, você irmã, que está lendo essa entrevista… COMPARTILHEM, COMPARTILHEM!!!!

É muito importante isso, para a manutenção daqueles que produzem algo para nossa cena e isso não custa nada,basta clicar!

VENHAM CONOSCO!!!!

 

 

 

Nascido no interior de São Paulo, jornalista e antigo vocalista da Sacramentia. Autor do livro O Teatro Mágico - O Tudo É Uma Coisa Só. Fanático por biografias,colecionismo e Palmeiras.