E no nosso quarto dia de Cobertura do 11º Otacílio Rock Festival, tivemos o prazer de trocar uma ideia com esses caras super legais, donos de um Rock and Roll potente, bem feito e cantado em português. Entre uma cerveja e outra, O SubSolo conversou com os caras do Baranga – São Paulo/SP, logo depois do showzaço que eles fizeram no último dia do evento. Vem ver!


Pessoal, muito obrigado pelo tempo cedido e pela disponibilidade de nos darem essa entrevista. Satisfação define! Pessoal, para começarmos: Em se tratando de Rock and Roll, hoje em dia no Brasil, as
bandas se propõem a tocar muito cover. O que vocês pensam sobre cover?
Xande: Cover
is over!
(risos)
Deca: Então, meu, é uma forma de ganhar dinheiro, né? Eu
gostaria muito que tivessem mais bandas que tocassem som autoral, mas
infelizmente a realidade não é essa. Tem um lance muito difícil nesse negócio
de música autoral, que é: montar um set list, ensaiar e montar um show.
Felizmente (ou infelizmente), as vezes tem alguém em algum bar que pede pra
ouvir, sei lá, Rage Against The Machine, e o músico sabe tocar e vai lá e toca. Enfim,
pela música, tudo é válido.
Xande: Só fazendo um adendo, já aconteceu de várias vezes a
gente mandar um cover, vir uns caras e dizer “porra, como tu toca!” Cara, eu
não toco nada, quem toca são os caras que fizeram a música. Vai fazer som
autoral ai pra tu ver como é difícil, meu. Autoral que é difícil, autoral que é
do caralho.

Muitas bandas reclamam que é difícil escrever em português, pela
dificuldade de encaixar as palavras, gramaticalmente falando; e pra vocês, ao
que parece, isso nunca foi problema, pois todos os Cds do Baranga são em
português. Em algum momento vocês já sentiram essa dificuldade ou isso nunca
incomodou?
Xande: Sempre foi de boa, na real, esse sempre foi o
diferencial da banda. Quando nós começamos, em 2003, todas as bandas que também
estavam começando, cantavam em inglês, inspiração no Sepultura e tal, enfim,
então, na época, a gente já começou a se destacar por isso. Cara, eu nem sei
falar inglês, nem “bom dia”, acho que é “good night” que se fala, né? (risos)
Isso é uma das coisas mais legais que tem no Baranga. Ainda, nós colocamos umas
palavras faladas meio erradas nas músicas, é um rock falado (não é Rap, mas é
falado), e o Baranga é isso! Rock cantando em brasileiro.
Soneca: Pra mim é natural, a gente nasceu no Brasil. Eu até
confesso que acho esquisito a maioria das bandas brasileiras cantarem em inglês.
Claro, cada um canta na língua que quiser, mas eu acho isso engraçado, sabe?

Vocês estão na estrada desde 2003 e, desde então, a gente vê
poucas bandas de Rock and Roll serem lançadas, a gente vê mais bandas novas de
metal, principalmente nas vertentes do Thrash Metal e do Death Metal. Na
opinião de vocês, porque poucas bandas de Rock and Roll estão
sendo lançadas? Falta de apreciação do gênero ou comodismo por parte dos
músicos?
Xande: E quem disse que a gente não é metal? Nós somos
metaleiros raiz! (risos) Sabe qual o diferencial do Baranga? Nós conseguimos agradar
o público do Metal, do Rock, do Blues… Nós somos o AC/DC brasileiro (risos),
nas suas devidas proporções, porque né, nós somos bem melhores que eles. E
somos bem humildes também (risos).
Alemão: Eu acho que o metal tem mais público que o Rock and Roll, apenas. Metal, pra juventude, desperta mais atenção. Rock and Roll é coisa de “véio”
(risos).


E a expectativa pro show de hoje, como estava? Foi superada?
Gostaram do público do Otacílio Rock Festival?
Xande: Cara, com certeza! Público sensacional, puta som lá
em cima, porra, sem palavras mesmo! Foi legal pra caralho! O técnico de som é
um cara muito bom, entendeu ligeiro tudo o que eu queria que ele fizesse.
Deca:  Então, o
Baranga é uma banda muito ansiosa né? Nós queríamos muito tocar aqui. Aí, pra
passar a ansiedade, a gente começou a beber vindo pra cá, chegamos no hotel e
continuamos bebendo, antes, durante e depois do show, também bebemos e agora,
aqui te dando entrevista, também estamos bebendo, então agora, a gente ta menos
ansioso (risos).

E os projetos do Baranga? Como está a agenda de vocês? E os próximos
planos da banda?
Xande: Agora, nós estamos gravando no melhor estúdio do
mundo, que é o estúdio do Soneca. O nome do estúdio é “Orra, meu!” Nós estamos
gravando o sexto álbum da banda que, inclusive, está sem nome ainda, estamos
aceitando sugestões! (risos)

A grande mídia e o mercado da música brasileira estão
praticamente voltados 100% para o Funk, Sertanejo e afins, fazendo com que o
Rock and Roll, por muitas vezes, fique por parte, marginalizado. O que vocês,
como músicos do Rock and Roll, pensam sobre isso?
Xande: Na verdade eu mesmo sou sambeiro, tô aqui fazendo Rock
and Roll só pelo status, pela cerveja e pela mulherada bonita! Brincadeira! (risos)
Cara, não tenho nada contra quem produz e quem ouve, mas pra mim, isso não
passa de lixo. Eu não escuto e não gosto. Não assisto televisão, não assisto
Rede Globo. Inclusive, odeio. Mas assim, aqui ninguém é cabaço, somos músicos
de verdade, todos sabem tocar, então assim, a pessoa que aperta em um botão e
vem me dizer que é músico, porra, me respeita, né. “Desculpa amigo, mas você
não é músico!”
Alemão: Cara, na real não é apenas na atualidade, o Rock é
marginalizado desde sempre! O que a mídia vem me chamar de Rock, é a porcaria
do Pop, é Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii e essas bandas aí que, pra mim, na
moral, não é Rock.
Xande: O problema no Brasil é o seguinte: Aqui, nós temos a
Gloria Maria, que teve a oportunidade de entrevistar o Freddie Mercury, na
primeira pergunta que ela fez à ele, foi uma insinuação pra saber se ele era ou não gay.
Meu, que se foda! Se o cara é gay ou não, o quê que ela quer saber? Com tanta
coisa interessante pra se perguntar pra um dos maiores frontman’s do Rock and Roll da
história, a mulher vai lá e pergunta isso? Esta é um retrato da porcaria que a mídia
brasileira é pro Rock and Roll, lamentável! Bando de idiota!
Deca: Por mais que a mídia tente acabar com a imagem do Rock
and Roll, isso aqui nunca vai acabar. Seja por intermédio de vocês que escrevem,
pela gente que toca, isso aqui é pior que erva daninha! Jamais vai acabar!


Por muitos, vocês são considerados a maior banda de Rock and
Roll do Brasil. Qual é o peso disso?
Xande: Nós realmente somos a maior banda de Rock and Roll do
Brasil! (risos) Por que cara, não tem outra! (risos) Por exemplo, a gente tem a
Carro Bomba, que é legal pra caralho, que inclusive, nosso amigo Soneca toca lá também, mas a banda é de Heavy Metal, e não de Rock and Roll, entendeu? Qual
banda de Rock and Roll você conhece que seja melhor que o Baranga, sem ser o
AC/DC ou o Motörhead? Não tem! Isso por que a gente tá falando na humildade,
tá? (risos) A humildade é a chave da malandragem! (risos)
Pessoal, obrigada por essa descontraída entrevista, foi um
prazer estar com vocês hoje. Para encerrarmos, poderiam deixar uma mensagem
final pro pessoal d’O SubSolo e pra galera do Otacílio Rock Festival que vai ler
essa entrevista depois?
Xande: Cara, eu nunca fui entrevistado por uma pessoa tão
legal, com perguntas inteligentes e com fundamento, porque cara, eu não
aguentava mais responder “Por que Baranga?” Porra, puta pergunta idiota! Graças
a Deus você não fez essa pergunta! Nem eu sei o por quê do nome da banda! Mas obrigado e parabéns,
agradeço por existir pessoas inteligentes que ainda fazem esse tipo de trabalho.
Não é fácil fazer uma entrevista inteligente como essa que fizemos agora.
Alemão: Agradeço ao pessoal do blog pelo interesse e pela
cobertura do metal e do Rock and Roll, obrigado!
Soneca: Quero agradecer a presença de vocês, obrigado pela
entrevista, foi do caralho, e eu espero voltar aqui várias vezes! Valeu!
Deca: Agradeço à vocês do blog e à produção do evento,
adoramos essa cidade, ela é legal pra caramba. Um último recado: A vida é uma
só, pra curtir sem dó! (risos) Valeu!

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