A Castellica teve suas origens no longínquo ano de 2011, mas teve sua formação e propósito consolidados por volta de 2016, resultando no experiente e entrosado elenco que foi a estúdio gravar o primeiro trabalho da banda, Moment of Glory, lançado em 5 de Fevereiro de 2021, tendo em sua formação Thiago Colavite nos vocais, Lucas e Danilo Colavite nas guitarras, Marco Dower no baixo e Cláudio Caldeirão na bateria.

A sonoridade bastante característica da Castellica caminha pelo Heavy e pelo Power Metal clássicos, enriquecidos por elementos de Prog Metal, criando uma atmosfera que soa saudosista, mas ao mesmo tempo com um espírito revigorado, dando sangue novo ao que grandes nomes do gênero criaram com maestria. As melodias e riffs marcantes cavalgam ao som das histórias de heróis e vilões, cavaleiros e guerreiros e até mesmo de reflexões da condição humana e social. Todos os elementos que mantém o Power Metal um gênero poderosíssimo para revisitar e contar a história estão ali, com construções musicais grandiosas, riffs e duetos memoráveis, solos ora belíssimos e cheios de feeling, ora cortantes como um raio, uma cozinha esmagadora, sempre precisa e nunca coadjuvante, um vocal de alcance surpreendente e os inevitáveis refrões que ficam gravados imediatamente na memória. Suas principais influências passam por Iron Maiden, Helloween, Saxon, Blind Guardian e Hammerfall.

A música da Castellica vem obtendo grande repercussão, tendo sido destaque na imprensa especializada em Heavy Metal do Brasil e de todo o Mundo. Confira esse bate papo incrível que tivemos com Thiago e Lucas Colavite, falando sobre a trajetória da banda, o lançamento de seu primeiro disco e os planos para o futuro.

Primeiramente, obrigado pela oportunidade de conversarmos com a banda. Temos acompanhado a repercussão do lançamento de Moment of Glory, o primeiro álbum de vocês, e para nós que vemos de fora tem sido realmente incrível vê-los pipocando em sites, rádios e outros portais de conteúdo do mundo todo. Como vocês encaram essa recepção do público ao debut da Castellica e vocês também estão surpresos ou já esperavam por isso a partir da qualidade do material de vocês?

Thiago Colavite: Nós que agradecemos esse portal incrível que é O Subsolo, somos muito gratos por todo o espaço na divulgação do nosso álbum, acompanhamos sempre o trabalho de vocês e ficamos felizes de contribuir para uma página que valorizando tanto o Rock e Metal brasileiro.
Sim, estamos muito surpresos e felizes. Desde o início da construção do álbum ficamos na expectativa de saber como seria o comportamento do grande público depois da publicação do primeiro material da banda, é o medo do desconhecido, em nossa região, no interior de São Paulo temos o nosso público, porém, estávamos prestes a lançar algo para o mundo todo ouvir, acreditamos demais no nosso trabalho, porém é sempre uma surpresa ver o seu “filho” sendo bem recebido pela público, superou com certeza todas as nossas expectativas. Estamos muito felizes com o resultado obtido até aqui.

Lucas Colavite: Para mim foi uma grande surpresa na verdade. Sabemos o quanto as músicas são boas, confiamos demais no trabalho, mas, não esperávamos essa repercussão toda que estamos tendo, principalmente em nosso primeiro disco.

A banda já é formada há mais de 10 anos, apesar do primeiro álbum só ter saído em 2021. Nos contem um pouco da trajetória de vocês até aqui.

Thiago: A Castellica surgiu em 2011 no interior de São Paulo, na cidade de Paraguaçu Paulista, eu e meus dois sobrinhos Danilo e Lucas Colavite sempre brincamos juntos em uma banda, desde pequenos já tínhamos esse desejo e depois de vários caminhos paralelos finalmente nos juntamos os três na mesma banda e a brincadeira ficou séria (risos). A Castellica surgiu como a maioria de outras bandas, com o desejo de tocar covers, de executar as músicas das bandas que mais gostamos e fizemos isso durante um bom tempo. O nosso repertório dessa época de certa forma se reflete no que somos hoje, tocávamos muito Saxon, Iron Maiden, Manowar, Helloween, Judas Priest, Blind Guardian e por aí vai. A formação atual não é a mesma dessa época, o Claudio Caldeirão se juntou a banda ainda no começo em 2012 e o Marco Dower passou a fazer parte da Castellica em 2016.
Ainda no primeiro ano da banda começamos a sentir a necessidade de compor, de criar algo que fosse nosso e nos ensaios já começaram a surgir os primeiros riffs, as primeiras construções até que meu irmão apareceu a letra de Warriors. Foi a partir daí que começamos a desenvolver a Castellica como uma banda também de som autoral.
Durante todos esses anos tocamos muito, vencemos alguns festivais na nossa região e participamos de tantos outros, tocamos com grandes nomes do Metal o que pra gente é incrível, ter essa experiência de dividir o palco com grandes monstros da música, tanto nacionais quanto internacionais como o Mike Portnoy na turnê com a Noturnall e Edu Falaschi é incrível.

Lucas: Há 10 anos a banda não pensava em ter algo profissional, fazíamos por hobby, tocando covers. Até que fizemos nossa primeira música e a partir desse momento fomos decidindo fazer algo nosso mesmo! Mas no decorrer dessa caminhada fomos desanimando, perdendo o “pique”, até que nosso produtor o Douglas das Neves, encontrou a gente e nos deu um empurrão para fazermos nosso disco.

Vocês gravaram o Moment of Glory em um dos principais estúdios do Brasil na atualidade, o Estúdio Fusão. Como foi essa primeira experiência em estúdio com caras tão competentes como Thiago Bianchi e Douglas das Neves?

Thiago: Foi desafiadora e ao mesmo tempo engrandecedora, gosto de dizer que fizemos um “intensivão de heavy metal” com o Thiago Bianchi, sem dúvida nenhuma um grande exemplo pra nós de determinação e nos abriu a cabeça em vários fatores, sem dúvida nos ajudou muito.
O convite para gravar no Fusão partiu do Douglas da Neves em 2018. A banda estava parada, desanimada e quase acabando, esse é o fato. Estávamos cansados de tocar covers, desanimados mesmo e o Douglas apareceu em nossa página do Facebook pedindo pra conversar com a gente. A hora que o convite surgiu todos nós entramos novamente nos trilhos e não pensamos duas vezes para aceitar a proposta. A única dificuldade era compor o disco quase inteiro em pouco tempo. Mas no fim deu certo.

Lucas: Foi um susto realmente! Quando o Douglas das Neves mandou mensagem para a gente, duvidamos se era realmente os caras. Foi uma responsabilidade gigante aceitar gravar com eles. São excelentes profissionais e referências para muitos.

Nós descrevemos o som de vocês como um Heavy/Power Metal. É mais ou menos isso mesmo? Quais são as principais influências de vocês para chegar nessa sonoridade?

Thiago: Na verdade acho que a definição de uma vertente só é bem difícil. O disco transita pelo Heavy Metal tradicional, Power Metal e em algumas canções você também encontra elementos do progressivo, acho mais fácil chamar de Heavy Metal (risos). As influências são amplas e diversificadas, a banda como um todo tem grande influência de Helloween, Hammerfall, Iron Maiden, Saxon e por ai vai, mas acho que o determinante foram as influências que cada membro trouxe, sem dúvida isso está impresso em nossa forma de tocar.

Lucas: Eu diria que seria isso mesmo! Apesar de conter algumas coisas de progressivo também. Mas as influências variam bastante entre Saxon, Blind Guardian, Iron Maiden, Eldritch, Vision Divine, entre outras bandas e cada membro vai adicionando outras influências nessa lista.

Agora entrando um pouco nas canções que compõem Moment of Glory. Ele é um disco com alguns temas bastante recorrentes, mas com outros que fogem um pouco da temática mais padrão do gênero de vocês. Falem um pouco sobre as letras das músicas.

Lucas: Gostamos muito de coisas medievais, mas esse não seria o foco em si do álbum todo. Algumas músicas, como Holy Knight são passagens históricas. Porém não queríamos ficar apenas dentro dessa temática.

Thiago: É um disco bem amplo e por ele ter músicas de diferentes épocas (algumas canções foram compostas no início da banda), afinal Holy Knight é uma canção que já tem quase oito anos, ele demonstra um certo amadurecimento de ideias. Lógico, é inegável que somos extremamente fãs dessa temática medieval, que acaba sendo o tema de diversas bandas de Power Metal, o nosso nome já deixa isso bem claro, além da Cruz de Santiago impressa em nossa marca, mas gostamos também de abordar temas que são necessários, principalmente nos tempos em que vivemos, como é o caso de Nightcrawlers que fala sobre insônia e ansiedade. É algo que gostamos, misturar história com temas atuais.

Holy Knight foi o primeiro single, primeiro videoclipe e faixa de abertura do álbum. Como foi a recepção desse primeiro contato das pessoas com o trabalho de vocês e por que essa foi a escolha da banda como primeira música de trabalho?

Lucas: Um dos motivos da escolha por essa música ser a primeira a ser lançada, foi que já tocávamos ela antes mesmo de pensar em gravar o álbum. Então já tínhamos um público que conhecia o som.

Thiago: Outro ponto pra escolha dessa canção é que ela está num formato que pode atrair mais pessoas, ela possui muitos elementos Power Metal, porém ainda possui uma cadência NWOBHM, bem metal tradicional e pode assim agradar mais fãs, por assim dizer, além do refrão ser bem marcante e as todos acabam de assistir o vídeo ou ouvir a música já cantando. Deixa bem marcado na cabeça de quem ouve.

Algumas músicas do álbum são mais diretas, mas ainda assim, mantêm-se fundamentais no conjunto da obra como Nightcrawlers e Game of Life. Qual a importância desses dois temas em Moment of Glory?

Lucas: Essas músicas são importantes pelo fato representar várias pessoas hoje. Com seus problemas afetando seus sonhos, suas noites mal dormidas e estando sempre em constate batalha jogando o jogo da vida.

Thiago: Essas canções são, como disse o Lucas, um reflexo da sociedade de hoje, a Nightcrawlers traz uma reflexão sobre a insônia e a ansiedade, problemas que embora sejam antigos, com a pandemia se tornaram ainda mais latentes nas pessoas. O isolamento social contribui muito e as incertezas do futuro também são fatores que contribuíram muito para demonstrar na prática o que a música trouxe, essa batalha das noites, dificuldade de dormir e os problemas que isso acarreta. Já a Game of Life fala das pessoas normais que passam pelos dias tentando viver e vencer esse jogo da vida, afinal, estamos aqui jogando e tentando sobreviver a isso tudo, só nos resta torcer que seja lá quem estiver segurando o controle saiba o que esta fazendo pra não vir logo o GAME OVER.

Rise and Shine e a faixa título são duas das mais pesadas e melódicas do álbum. Essa característica é de algum dos compositores? Como funciona o processo de composição da Castellica?

Lucas: A harmonia da Rise and Shine e a melodia presente nas vozes e duetos foram feitas por mim, com alguns toques do Danilo, a letra foi em conjunto com o Thiago e o Marco. Já a Moment of Glory foi feita toda pelo Danilo.
As composições sempre foram iniciadas pelo Danilo ou por mim, sempre levando riffs e melodias para as vozes já quase prontas. Como moramos juntos por sermos irmãos era muito mais fácil, nos juntamos e fazemos muitas coisas juntos. Reunir a banda era um pouco mais difícil por conta da agenda de cada um. Então depois de construir e otimizar as ideias, levávamos para a banda, finalizando assim a música.

Ages of War e Forgotten Heroes chegaram a uma Rádio do Japão. Esse é o sonho de quase toda banda de Power Metal. Como foi isso para vocês?

Thiago : Sem dúvida um sonho ver sua música sendo executada tão longe de casa, literalmente do outro lado do mundo. Os japoneses são apaixonados por Power Metal então é quase que um vestibular ter uma canção sendo tocada por lá e o Power brasileiro em especial é muito bem visto por lá o que aumenta e muito a responsabilidade. Quando os rapazes da Hell Yeah Music Company nos mandaram o áudio ficamos em êxtase. É incrível ver isso tudo acontecer.

Lucas: Foi sensacional! Lembro de ter ficado alguns minutos parado e tentando absorver a notícia! Outra surpresa gigantesca para a gente.

Warriors também recebeu um belíssimo videoclipe. Como funciona para a Castellica esse processo de criação de vídeos da banda?

Thiago: Gostamos muito de trabalhar com pessoas da nossa região, temos pessoas de um talento incrível e gostamos de valorizar quem sempre esteve com a gente, isso acaba refletindo no trabalho. Os clipes de Warriors e Holy Knight foram feitos por um grande amigo, Michael Hippler. Passamos as duas canções para ele e fomos trabalhando nas ideias. Inclusive a locação de Holy Knight foi sugestão dele. É um grande artista que temos a honra de chamar de amigo. E agora vem o clipe de Nightcrawlers feito pelo amigo Matheus Suzuki da produtora Pentágono. Tem uma pegada mais caseira, porém com uma qualidade incrível, foi pensado no formato de “filme” mesmo, contando uma história e passando a ideia de como as pessoas que não dormem se sentem, algo claustrofóbico por assim dizer.

Lucas: Sim, o processo funciona muito bem! É um modo de representar a música e o estilo da banda em um clipe. Queremos muito lançar mais! Fiquem ligados em nosso canal do YouTube.

Winter Tale é aquela balada inevitável do álbum. Ela surgiu por que a Castellica precisava ter uma balada ou foi algo natural? Vocês se preocupam com esses clichês do gênero e acreditam que eles são fundamentais para uma banda fazer sucesso?

Lucas: Não acredito que seja fundamental para o sucesso. Mas tem pessoas que gostam mais dessas baladas no álbum. A Winter Tale era uma das composições que estava guardada por um tempo, então resolvemos trabalhar em cima dela quando fomos gravar. Gostamos da forma como ela foi se desenvolvendo e ela acabou entrando no disco.

Thiago: Acho que foi algo natural, não pensamos em obrigatoriamente ter uma balada, mas é claro que ajuda a agradar pessoas que nem sempre gostam do som pesado o tempo todo. Mas eu, particularmente, considero a Winter uma falsa balada (risos), pois ela tem umas passagens pesadas, então funciona muito bem!

Por fim, For the King é um épico que encerra o disco. Ela é quase a Keeper of the Seven Keys da Castellica. Como foi o processo de composição de uma música tão complexa? E, Thiago, tem como repetir ao vivo aquelas notas altíssimas do refrão? *Risos*

Lucas: Essa música sofreu várias mudanças no decorrer da construção dela, antes mesmo de entrar em estúdio para gravar. Já tocamos ela ao vivo na época, e deixamos ela melhor quando entramos no estúdio. Creio que foi um desafio para todos.

Thiago: (risos) Eu espero que saia ao vivo, mas sinceramente acho mais fácil ao vivo, ali tem a adrenalina e a entrega de fato ao público. Essa canção como o Lucas bem disse sofreu muitas modificações, o refrão principalmente, pensamos nele exaustivamente e ele era cantado em um tom mais baixo, o que eu particularmente não gostava, ai no estúdio deixamos o refrão da forma como está e adoramos.

Essa é uma pergunta clássica que sempre fazemos e um grande desafio aos músicos. Se cada um de vocês pudesse indicar apenas uma única música de Moment of Glory para trazer a atenção do ouvinte para o álbum completo, qual seria?

Lucas: Uma única música é difícil! Mas eu indicaria a Rise and Shine.

Thiago: Eu indicaria a For the King, mas realmente é bem difícil decidir apenas uma!

E como ficam os planos da banda para daqui pra frente?

Lucas: Seguimos trabalhando em divulgações e materiais e planejamento para possíveis turnês quando a pandemia acabar.

Thiago: Nosso objetivo é tocar, infelizmente a pandemia atrasou demais esse plano, mas acredito que qualquer banda quando tem um material lançado quer cair na estrada e trabalhar divulgando esse material através dos shows, mas estamos trabalhando muito em materiais dos mais diversos formatos, tanto em composições para um próximo disco, agora que começamos vai ser difícil parar (risos) como em material áudio visual para alimentar as redes sociais, sites e etc. Mas a nossa maior ambição é conseguir que a banda se sustente do próprio trabalho, que ela seja auto sustentável e isso é algo para qual estamos trabalhando demais para conseguir. Estamos colhendo frutos maravilhosos com o reconhecimento em diversos lugares do mundo e principalmente aqui no Brasil e na América Latina que é a nossa casa e isso nos deixa feliz e com a sensação de que o obtivo está sendo alcançado.

Obrigado pela entrevista. O espaço está aberto para deixarem uma mensagem para o leitor d’O SubSolo.

Lucas: Obrigado a todos pelo apoio e pelo espaço. Nos sigam nas redes sociais para futuros materiais que estão por vir.

Thiago: Agradecemos demais o espaço que vocês nos proporcionaram desde o começo, com a divulgação do nosso primeiro single, depois com os videoclipes e com o álbum todo, muito obrigado mesmo, sempre gosto de dizer que uma banda sem a imprensa não é nada, não funciona, algo segue incompleto sem essa ajuda e suporte de vocês. Muito obrigado pelo espaço, parabéns pelo espaço e pelo lindo trabalho que desenvolvem apoiando sempre o metal nacional.
Aos que nos acompanham também muito obrigado por tudo, ouçam bastante, sigam a banda nas redes sociais pois isso é uma forma gratuita de apoiar aquele artista que vocês gostam, apoiem compartilhando o material, adquirindo merch, visualizando os vídeos e ouvindo as canções, isso faz toda a diferença. Agradecemos demais a receptividade e estamos sempre a disposição.

Redes Sociais:

Facebook: www.facebook.com/castellica
Instagram: www.instagram.com/castellica
Youtube: www.youtube.com/castellica
Website: www.castellica.com

A Hell Yeah Music Company surgiu em 2020 a partir do sonho de dois amigos, Luis Fernando Ribeiro e Leandro Abrantes, que se conheceram há 15 anos por meio do Heavy Metal e tomaram-no como trilha sonora de suas vidas e matéria prima de sua arte. Respeito, valorização, criatividade e amor pelo que fazemos são nossos pilares. A #HYMC nasceu para quebrar padrões, ignorar estereótipos e dar suporte às bandas brasileiras que compartilham do mesmo sonho que nós. Baseada em Florianópolis, SC, a Hell Yeah atende bandas de todo o Brasil e de Portugal. Hell Yeah Music Company, música como experiência.