Essa é a hora que o entrevistado é o maior entrevistador de Santa Catarina. Daniel Teixeira Jerônimo é professor de História, fã incondicional de Hardcore e Punk Rock, escritor e um grande exemplo para os seus alunos. O fundador da A Hora Hard que existe a mais de doze anos, sendo hoje a maior mídia independente de Santa Catarina, Russo se doa em seu tempo livre a ajudar as bandas catarinenses a mostrarem o seu trabalho, tudo começou em uma Rádio, chegou ao Youtube, coletâneas e o mais importante, é uma figura que está presente na maioria dos eventos com música autoral do sul da bela e Santa Catarina, que tal conhecer mais a história dele?
Hoje é uma entrevista especial, tenho o orgulho de entrevistar um grande amigo meu e o maior incentivador e criador da mídia que é influência do O SubSolo. Para começar nos conte, como começou A Hora Hard?
Daniel Russo (A Hora Hard): Foi na segunda-feira 25 de maio 2004, eu trabalhava em uma sala dentro do mesmo bloco da rádio da universidade desde agosto de 2003, enquanto eu ainda era estudante do ensino médio do Colégio estadual. Então no fim de fevereiro de 2004 após ouvir muitas horas de programação e ver alguns locutores radialistas transitando com cds e pendrivers (ainda uso o meu de 2 mb, mas como suporte do notebook a qual estou respondendo estas perguntas) eu requisitei horário de segunda as 18 horas, assim após 8 horas de trabalho eu tinha 30 minutos de intervalo do trabalho e as 19 horas emendava no curso noturno da graduação. Nas primeiras semanas houveram personagens fundamentais para o primeiro ‘valeeeeeendo’, que foram Jade Benucci (Jade_Vai), Rafael Bussolo (Jinkin_Park), Gustavo Miranda (Mau_Mau) e como não citar o grande Ricardo Melo (Gato Félix – que de gato não tem nada, nem o bigode).
No inicio era um programa de rádio, certo? Como passou para o youtube e outras redes sociais?
Daniel Russo (A Hora Hard): Em 2011 o primeiro programa foi com a banda Radio Mendigo, que era pra ter sido em dezembro de 2010, mas a universidade estava fechada no dia e então remarcamos. Então o Marcelo Rossetto, um dos integrantes da banda, me perguntou se poderia gravar e postar no youtube, logo depois ele me telefonou e disse que estava editando e iria criar um canal próprio do A HORA HARD que seria feito também nos programas semanais seguintes. (Confira mais de 340 vídeos no www.youtube.com/ahorahard). Nesta época o Gabriel Koriba, Daisa TJ, colaboravam cada um com suas respectivas funções. Chegamos a ter ouvintes assíduos como a Mari Matsuoka, Monique Medeiros, Fernanda Cabreira e as Talita’s que chegaram a criam ‘Fã Clube’ no orkut.
Todo começo é difícil, a gente que o diga. Quais foram as maiores barreiras que enfrentasse?
Daniel Russo (A Hora Hard): O maior de todos, a falta de oportunidades por parte das mídias tradicionais, para mostrar nosso trabalho voluntário (sim ‘nosso’ pois A HORA HARD nós somos um grupo, onde todos que acreditam na cena independente de rock catarinense são considerados integrantes deste trabalho no bom e velho ‘faça você mesmo).
Hoje a AHH já tem várias entrevistas, sendo que o intuito inicial era entrevistar apenas bandas catarinense e com o tempo isso foi crescendo e entrevistando bandas de fora do eixo catarinense. Como é ver que a galera de fora do estado natal da AHH te procuram para divulgar o trabalho deles? Pode citar algumas bandas?
Daniel Russo (A Hora Hard): É assustadoramente gratificante, pois somente em 2015 com projeto ‘Coletânea Underground Volume 3’ recebemos tantas músicas de tantas bandas que ampliamos depois de muita tentativa e humildade ao posto de nos sentir a maior mídia independente do estado em divulgação de bandas de rock autoral catarinense. Já que tudo hoje em dia para AHH é em números grandiosos diários, pois a equipe que monitora as redes sociais é muito reduzida, então se torna tudo muito difícil para citar as bandas que nos procuram, mas algumas vezes a amizade com as bandas não fica restrita só no promo/merch/divulgação, rola até convite pra ir em shows com pernoite, Churras e gelada na faixa! #ISWE
O Daniel Russo, como é carinhosamente chamado, não é apenas dono da maior mídia independente catarinense, é também o maior apoiador das bandas, ajuda a compor, fazer videoclipes, documentários e por ai vai… Como você se sente sendo bem acolhido pelas bandas? Poderia nos citar alguns trabalhos que fez por fora, além das entrevistas?
Daniel Russo (A Hora Hard): Opa, dono é forte demais, vamos deixar como fundador. É fundamental para um trabalho voluntário e independente, ao menos ser reconhecido pelo legado que estou deixando, que o ‘faça você mesmo’ pode e ter que ser feito pelas bandas, e elas cada vez mais incorporam e se tornaram mais uma peça importante nesta grande e pesada máquina contra a máquina. Tudo o que que fiz é como se fosse para mim, com o máximo de mim para que o sonho dos outros se torne realidade, assim então ‘sonho que se sonha junto é realidade’ já dizia Raulzito. Organizando eventos, agendando horários para bandas, roteirização de clipe, colaboração nas músicas em pitacos de mesas de bares por ai.
Todo evento ganha com a presença da A Hora Hard. Tem algum evento especial que você cobriu pela mídia? Poderia nos citar o por que?
Daniel Russo (A Hora Hard): Em 2015 AHH esteve no ‘Pennywise e Face To Face com abertura da Aditive’ e também ‘NOFX com abertura da Reffer’ sendo a única mídia independente de SC e a única a cobrir em vídeo para uma produtora gringa no Bar Opinião foi uma experiência que vamos repetir mais vezes (e poder assistir shows de bandas que a gente ouve e admira na faixa é sem dúvida bem melhor! Mas puxando para nossa região, acabamos de ver ‘Sepultura com abertura da Nekrós e Enemy’ pois nosso lema é ‘entrevistando e valorizando o que é daqui – desde 2004’, cada banda que nos cita em cima do palco é como se no mesmo instante TODO TRABALHO de pesquisa, deslocamento, gravação, edição, manutenção, postagem e divulgação TIVESSE UM BRILHO ESPECIAL!
Algo que a gente teve recentemente e ficamos muito felizes foi nossa logo no encarte do CD da Análogo e também temos nossa logo na Coletânea Underground Vol. 3 da A Hora Hard. Como é ver a sua marca sendo registrada por um dos maiores sonhos dos músicos que é o seu próprio CD?
Daniel Russo (A Hora Hard): Sem palavras, na verdade são muitas, mas não há uma ordem especifica em que eu possa organizar… Ter nossa logo no ‘Time for revenge’ da Puredin, ‘Todos contra todos’ da Turn Off, ‘Capadócia’ da Machine Girls e agora ‘Não adianta FALAR, temos que GRITAR’ da Análogo é a retribuição em um pequeno gesto que me orgulha muito. Assim como poder responder estas perguntas para o mais novo portal do underground do país! ‘Força e fé’ como autografa um dos meus grandes ídolos, Nenê Altro.
Além de bandas você entrevistas artistas culturais em geral, sabemos também que você é escritor. Quais entrevistas tu acha que te marcou nesses anos sem ser musicalmente e o por que?
Daniel Russo (A Hora Hard): Bom, para mim tudo acaba sendo música, pois tento traduzir meus dias em letras que eu possa me inspirar para viver (e no momento estou ouvindo os álbuns de 2016 ‘Pirei no Piru’ da Coxinha Espacial, ‘Hardcore Split Worldwide’ da Puredin and Critical Thinking (Japão), ‘Essencial’ da Mente Duende, ‘Colonizado Pelo Sistema’ da Alkanza. Mas com a Mariana Matsuoka sobre moda foi animal (graduada e pós em moda), com Caros Ruas e Roni Peterson (Jack Sparrow de Criciúma), Campanha de doação de sangue ‘seja um blood driver’ da The motorcocks, ver nossas camisetas e bonés em clipes, e o que falar da nossa introdução com Blaze Bayley.
Para um projeto durar tanto tempo, doze anos para ser mais exato, precisa de dedicação. Como você concilia projeto, com seu trabalho e outros projetos pessoais?
Daniel Russo (A Hora Hard): ‘Inevitável nossos sonhos, nossas vidas e ideais…’ sim estou citando CPM22 (risos). Eu faço ao seu tempo, de acordo com minha disponibilidade, para responder estas perguntas por exemplo, iniciei e dei uma pausa para ir jogar um futebol a convite do vocalista da Turn Off, voltei e finalizei! Mas também as vezes preciso de muito ‘café e paciência’ como dizia a extinta Blue Draks de Tubarão (que banda foda do caralho!)
Cara, para mim especialmente é um prazer imenso te entrevistar, agora foi a minha vez né? Agradeço em nome do O SubSolo e de todas as bandas underground de Santa Catarina por todo o teu trabalho nestes doze anos. Obrigado também por tirar um tempo para nos responder, poderia deixar uma mensagem para os leitores?
Daniel Russo (A Hora Hard): Primeiramente, em primeira mão gostaria de dizer que em 2017 vai ser um ano com novidades para a cena underground. Gostaria imensamente de agradecer ao O Subsolo pela entrevista, a todos da equipe e a você que leu até aqui, CURTA-COMPARTILHE-COMENTE-LIKE e o mais importante, se levante agora e faça a revolução que você quer pro mundo!