Diva Satânica, vocalista da banda espanhola de Death Metal Bloodhunter, agora encarando o desafio internacional de dar vida à nova voz ao Thrash Metal brasileiro, compondo a nova formação de Nervosa, nos concedeu uma entrevista e vai sanar a curiosidade do público.


Fonte: Perfil oficial do facebook de Diva Satanica


Quais são as tuas influências vocais e musicais em geral? 

Diva S.: Meus gostos musicais são variados dentro e fora do metal. A primeira vez que escutei rock foi através de uma audição num Talent Show da TV onde uma participante interpretou Livin’ on a Prayer de Bon Jovi e me pareceu tão fascinante que comecei a investigar mais sobre o gênero. Assim fui descobrindo bandas e passei por diferentes estilos desde o rock dos anos ‘70, hardrock, Grunge… até me interessar cada vez mais por estilos mais extremos e comecei a conhecer a cena do Black Metal dos anos ‘90.

Nesse momento foi quando descobri a Sabina Classen do Holy Moses (na minha opinião uma das mulheres pioneiras nos anos ‘80 dentro dos registros extremos) e a Tristessa do Astarte (primeira mulher em formar uma banda de Black Metal composta integralmente por mulheres), que eu diria são minhas máximas referências a nível vocal. Obviamente outras vocalistas como Angela Gossow do Arch Enemy (uma das primeiras referências que ouvi quando comecei a cantar) ou Candice Clot de ETHS, que tiveram muito a ver no meu desenvolvimento posterior.

Quais estilos ou bandas você gosta além da música extrema?
Diva S.: Gosto de quase todos os estilos musicais, não ligo muito para gênero em si, se eu gosto da música isso é suficiente. Gosto muito de Flamenco, música étnica…. gosto de alguns artistas do pop como Lady Gaga, Jessie J e Beyoncé, cantores que também são compositores como Zaz ou músicos como Emir Kusturica ou Estás Tone com propostas completamente diferenciadas das anteriores.

Além de vocalista você também é preparadora vocal. Você poderia nos contar um pouco sobre seus rituais e cuidados específicos com a voz?
Diva S.: Nada de outro mundo… rsrs. Insisto muito a todos meus alunos que façam um aquecimento (inclusive para praticar), não de forma opcional e sim obrigatória. Da mesma forma eu não fumo, tento dormir todas as horas necessárias para ficar descansada e não comer muito antes de subir no palco. Uma das coisas que mais tem me ajudado a evoluir (além da prática) é fazer exercício com frequência para melhorar também meu controle respiratório e uso do diafragma (tão necessários nos registros extremos).

Alguns anos atrás não se viam tantas mulheres membros de bandas extremas tocando nos melhores e maiores palcos do mundo. Como é ser parte desta mudança tão importante e o que você sente ao enxergar cada vez mais mulheres participando do mundo do metal?
Diva S.: Quando eu comecei a ir em concertos e festivais, faz uns 14 ou 15 anos, não haviam tantos referentes, mas eu acho que estamos vivenciando uma das fases mais prolíficas. Se eu dou uma olhada na minha conta do Spotify, me resulta quase complicado achar alguma banda das que estou escutando que não tenha alguma integrante feminina e isso é fantástico. Me sinto muito feliz porque desde meu pequeno universo e através das minhas aulas (EXTREME VOCAL LESSONS), tento motivar a todas aquelas meninas que se aproximam pela curiosidade de saber se poderiam aprender algum registro de vocal extremo e topam tentar. Há grandes talentos a serem descobertos! Acho que é uma questão de confiança: se continuamos nos motivando e ajudando entre nós mesmas, é provável que a cifra continue aumentando.

Como tem sido a reação do público (tanto brasileiro, como espanhol e de outros países) ao saber da sua entrada em Nervosa?
Diva S.: Confesso que tinha um pouco de medo porque Fernanda é uma referência para todas as mulheres no metal extremo e eu me encontro numa posição muito delicada em relação a que é uma enorme responsabilidade preencher um vazio tão grande, porém estou muito emocionada e muito agradecida pela acolhida que esta nova formação teve. Não paro de receber mensagens de carinho e apoio e somente desejo poder voltar aos palcos para de alguma forma devolver isso tudo dando o melhor de mim mesma.

O que você mais admira na Fernanda Lira e qual você acha que será o maior desafio a enfrentar na hora de substituí-la na banda?
Diva S.: Talvez o maior desafio é adaptar as músicas ao meu registro vocal que não é o mesmo que o de Fernanda. Estamos trabalhando muito para encontrar esse equilíbrio entre o legado que ela deixou e minha própria personalidade, para que a transição seja o mais natural possível.

A partir do terceiro álbum de Nervosa percebemos que o som da banda estava se aproximando ao Death Metal como influência principal, deixando o Thrash (característico do começo da banda) como algo mais secundário. Você poderia adiantar se há intenções de manter esse caminho nos futuros registros?
Diva S.: Acho que obviamente o som irá se ver afetado já que todas estamos vindo de gêneros muito distintos: Mia se aproxima mais do Black Metal, eu estava mais perto do Death Metal e Eleni talvez seja quem aporta a visão mais contemporânea de estilos mais alternativos. Acredito que a mistura será realmente interessante!

Prika já te apresentou algum material novo para que trabalhem juntas?
Diva S.: Como Prika tem comentado, já temos 2 músicas novas criadas e estamos trabalhando para conseguir apresentar algum material novo no menor tempo possível e assim que as circunstâncias o permitam. Todas estamos trabalhando nas composições do novo material e Prika tem nos dado a liberdade de contribuirmos sempre que possamos.

Como irá funcionar a logística dos encontros presenciais da nova formação?
Diva S.: Tudo irá depender da evolução da pandemia… Obviamente o planos de turnê para este ano se viram afetados e foi necessário adiar muitos shows e algumas turnês para o ano que vêm. No momento, somente podemos trabalhar através da internet mediante reuniões e compartilhando aquilo no que vamos trabalhando. Sem as novas tecnologias isso seria impensável, por esse motivo precisamos pensar que pelo menos podemos continuar avançando para que no ano que vem possamos estar de volta na estrada. Estou desejando poder me encontrar com as minhas novas companheiras e ensaiar e viajar juntas, vai ser incrível!

Como você imagina o primeiro show de Nervosa quando as agendas de shows voltem à normalidade?
Diva S.: Sonho muitas vezes com isso. Ainda acordo alguns dias achando que tudo pode ter sido somente um sonho, mas em seguida olho no meu celular e me sinto muito feliz de comprovar que é tão real quanto a vida mesma rsrs. Acredito que quando já possamos nos encontrar pessoalmente, vou conseguir assimilar tudo isso tão bonito que está acontecendo com maior facilidade. Já temos datas confirmadas para o próximo ano, todo mundo está muito entusiasmado para ver como vai soar esta nova fase de NERVOSA, e eu garanto a vocês que vamos dar tudo da nossa parte para que ninguém se sinta desapontado.


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