Em 2017 ainda como quarteto, Eskröta surge como uma promessa e uma representatividade feminina em um cenário que necessitava e ainda necessita de mais voz ativa de mulheres talentosas como o caso da banda.

Foto por Rogerio Kubo
Foto por Rogerio Kubo

Com o tempo e algumas mudanças na formação, a banda foi sustentada pela amizade e talento de Ya Amaral (guitarra e vocais) e Tamy Leopoldo (baixo e segunda voz), tendo mudanças na bateria e nos vocais, consolidando a dupla como os pilares da história da Eskröta.

Show junto do Brujeria, participação em Maniacs Metal Meeting, Kool Metal Fest, Abril Pro Rock e uma tour por terras nordestinas no início da carreira da banda, marcam sua história e falam por si só que viria a se manter entre as principais bandas do cenário da nova geração.

Conversarmos de forma exclusiva com a vocalista e guitarrista Yasmin Amaral sobre projetos, história e acontecimentos:

Ya, obrigado por tirar um tempo para falar conosco. Em 2017 a Eskröta surgiu e atingiu logo no mesmo ano bastante visualizações no vídeo do festival Pé de Macaco, que aliás ainda era em quarteto. Como foi essa recepção para vocês na época?
Ya:  É um prazer estar aqui no O Subsolo pra falar um pouco da nossa trajetória, obrigada pelo espaço! Nós ainda não tínhamos noção do que seria a banda nesse primeiro momento, ficamos surpresas ao perceber que tínhamos alcançado tantas pessoas e que o feedback era positivo. Isso com certeza nos incentivou a entregar um álbum legal em 2018, para que essa galera entendesse que a Eskröta era um projeto que viria pra ficar. Aqui estamos nós!

Pulando para o ano seguinte, com o ‘Eticamente Questionável’ entraram de vez nos braços dos verdadeiros headbangers. Como foi o planejamento do EP de estreia e esperavam o alcance que ele teve?
Ya:  Nós queríamos que ele tivesse um bom alcance, mas não esperávamos, sabe? Lógico, fizemos o nosso melhor nas composições, na gravação, na escolha da capa, mas não esperávamos que fôssemos ter um engajamento tão grande com as músicas dele.

Nos primórdios da banda, ainda contava com a Miriam na bateria. Agora o anúncio da saída do Jhon que tinha entrado no espírito da banda. Como foi esse mudança e o que buscam em um novo ou nova baterista?
Ya:  Mudar de formação não é algo fácil, a Miriam era parte do cerne da banda e já foi um desapego difícil… Agora com Jhon foi outro baque. Mas, ambos nos mostraram que isso acontece, mas que a banda não pode parar, porque temos uma mensagem importante e uma linha de frente sólida. Eu e a Tamy temos muita segurança de onde queremos chegar e quem vier pra banda, virá para agregar nesse sonho, então buscamos alguém que tenha energia e esteja alinhado com a nossa mensagem. É uma tarefa difícil, mas já temos uma pessoa que nos acompanhará nesse primeiro momento, o anúncio vem em breve.

Mesmo com alguns anos de banda apenas, dividiram o palco com Brujeria e participaram de festivais como Kool Metal Fest, Abril Pro Rock e Manics Metal Meeting, como foi vivenciar essa experiência, sem falar na tour pelo Nordeste.
Ya:  É sempre incrível, a Eskröta é uma banda de estrada e para nós é muito importante o momento do “ao vivo”, porque é ali que as pessoas realmente conhecem o que somos. Esses convites para esses festivais começaram a vir de pessoas que realmente acreditaram na banda e decidiram nos dar uma oportunidade de fazer acontecer “ao vivo”, como foi o caso do Abril Pro Rock em 2019, que nos abriu as portas pro Nordeste. Enfim, a gente aproveita todo show para entregar o nosso melhor e fazer com que outros convites apareçam de forma espontânea também.

Foto por Rhupe

Uma das coisas que mais admiro em você, é que você não é aquelas pessoas que tentam a todo momento passar uma visão de headbangers e sempre posta reels e frequenta shows que gosta de outros estilos. Como lida com os ‘haters tr00zões’?
Ya:  Isso é engraçado, porque eu realmente acho que ser “true” nos limita. Não se dar a oportunidade de ouvir músicas de outros estilos, conhecer a cultura de outros lugares que se expressa através de artistas de vertentes diferentes, só pra manter uma pose? Não faz sentido pra mim. Eu prefiro muito arrumar briga com esse tipo de headbanger do que deixar de viver e me inspirar. Olha só, o refrão de “Homem é Assim Mesmo” em que eu canto “Vai bebê, chora”, isso você poderia encontrar em alguma letra pop, mas nós trouxemos pro metal, porque somos pessoas reais da sociedade, vivemos em meio a esses bordões e não há problema nisso.

Por falar em haters, deve ser algo que a Eskröta deve lidar quase sempre, afinal, uma banda de gurias que se posicionam e são diretas em suas temáticas devem incomodar muita gente. Como lidam com essa negatividade de quem se incomoda e se tem algum fato marcante que podem comentar.
Ya:  Temos sofrido menos hate ao passar do tempo, acho que no começo é pior porque as pessoas querem nos testar, ver até onde a gente aguenta como mulher e como musicista. Hoje, nós temos bem menos combates nesse sentido, porque seria até ridículo tentar diminuir uma banda que já provou tanto que não vai abaixar a cabeça. Então, uma situação marcante, foi no início da banda, os caras que iam nos shows e tentavam nos convencer que a nossa música “Mulheres” não fazia sentido ou nas eleições de 2018 em que muitos perfis de Instagram/Facebook vieram desqualificar nossa música pela nossa aparência ou pelo nome da banda. Ainda bem que isso parou de acontecer, agora somente em momentos pontuais, como foi o caso do Carniçal, mas isso é outra história.

Mas em contrapartida os haters, tem pessoas que vocês gostam e começam a se aproximar. Como foi ter a participação da Prika Amaral do Nervosa no ‘Cenas Brutais’, o que deixou de experiência e como é o contato com ela até hoje?
Ya:  Nós somos amigas dela, desde antes da Eskröta se formar, então naturalmente mantemos o contato como amigas. Profissionalmente, foi uma experiência incrível, a primeira vez em que realmente trabalhamos com um produtor nas músicas, que de fato mexeu em algumas estruturas do som e etc e isso trouxe muita experiência pra nós. Foi muito maravilhoso trabalhar com a mesma produção da Nervosa e ver que nós tínhamos espaço pra ter algo parecido aqui e a Prika foi quem viabilizou isso, então só temos a agradecer pela experiência e parceria!

Vocês lançaram recentemente o single de ‘Homem é assim mesmo’, logo após terem dado amparo à uma adolescente que teve um triste episódio com uma banda de uns boçais. O que a música representa para vocês e como saiu a ideia de composição dela?
Ya:  Essa foi a primeira música escrita do álbum, ainda em 2022, a ideia veio na minha cabeça por conta de um vídeo da Hana Khalil, uma influenciadora bem posicionada também. Nesse vídeo dela, ela fala sobre como os homens sobrecarregam as mulheres nos relacionamentos, transformando-as em “mães” e não “companheiras” como deveria ser. Não teve nada a ver com o episódio dos idiotas, mas as pessoas relacionaram porque o título cabe muito bem nessa situação também. Mas a ideia é quebrar esse estigma de que “homem é assim mesmo”, que só serve pra passar pano pros caras que estão tendo condutas duvidosas.

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‘Atenciosamente, Eskröta’ está na porta e chega agora em Abril. Algum spoiler que poderia dar aos nossos leitores e a’O SubSolo antecipadamente? Como foi a fase de criação e composição do álbum?
Ya:  Sim! Alguns spoilers: só temos 1 participação especial nesse álbum, que é o Milton Aguiar, vocalista do Bayside Kings, um amor de pessoa e um cara que admiramos. Já puxo o gancho pra dizer que tem muito hardcore nesse álbum, mais do que o normal pra Eskröta e sairá um videoclipe em breve também. A turnê de divulgação está sendo montada com todo o carinho, passando pelas cidades em que temos mais ouvintes, mas também passando por cidades que nunca fomos antes, então vai ser um ótimo álbum para se ver “ao vivo”, pois vamos com tudo.

Agradecemos a disponibilidade novamente, afirmo que somos muito fãs do teu trabalho e por sempre atender nossa equipe com muito carinho, assim como todas as mídias independentes. Desejo sucesso e digo que estaremos juntos na divulgação de mais esse disco. Deixar esse espaço para você deixar uma mensagem aos nosso leitores!
Ya: Continuem apoiando o underground, não são só as bandas que precisam de apoio, os canais como O Subsolo merecem todo o respeito e engajamento possível. Muito obrigada por serem cuidadosos conosco, a Eskröta aqui está viva!

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.