Frozen Crown é uma banda de Power Metal italiana, formada em 2017 em Milão. Com uma abordagem que combina o estilo clássico do Power Metal com elementos contemporâneos, eles rapidamente ganharam atenção na cena metal europeia e mundial. A banda é conhecida por suas composições intensas e melódicas, letras que exploram temas épicos e de fantasia, e o uso ocasional de vocais guturais, o que adiciona uma camada única ao som característico do Power Metal.
O entrevistado Federico Mondelli é um músico, compositor e produtor italiano, reconhecido por sua versatilidade e criatividade no cenário musical contemporâneo. Ele fundou a banda Frozen Crown em 2017, onde atua como guitarrista, vocalista e principal compositor. Sua paixão pela música levou-o a explorar diversos gêneros, resultando em um estilo único que combina elementos de Power Metal, Death Metal Melódico e influências de trilhas sonoras cinematográficas e de videogames.
Antes de formar o Frozen Crown, Mondelli já havia se envolvido em outros projetos musicais, incluindo a banda Be The Wolf, onde demonstrou sua habilidade como vocalista e guitarrista. Sua dedicação à música é evidente em seu compromisso com a qualidade das composições e na energia que imprime em cada performance.
Esta entrevista ocorreu em uma parceria entre as mídias O Subsolo com o canal Porque!Metal, confira um pouco sobre:
O Frozen Crown está prestes a lançar um novo álbum e sair em turnê. Como vocês estão se sentindo? E, falando sobre os novos singles, War Hearts e Steel and Gold, que estão incríveis e são bem divertidas para cantar junto. Vocês estão ansiosos para tocá-las ao vivo? Como tem sido a resposta dos fãs até agora?
Estamos nos sentindo muito bem! Como você mencionou, estamos prestes a sair em turnê e lançar um novo álbum ao mesmo tempo, algo que nunca havíamos feito antes. Além disso, considerando que estamos cuidando da nossa própria promoção nas redes sociais, temos estado extremamente ocupados nos últimos dias. Tem sido uma experiência intensa, mas linda também, ver um ótimo retorno, tanto ao vivo quanto nas redes sociais, em resposta ao novo álbum.
Na nossa turnê atual, em que estamos abrindo para o Kamelot, incluímos Steel and Gold no setlist, embora o tempo seja limitado e precisemos tocar outras músicas da nossa discografia. A resposta do público tem sido incrível, e já vemos pessoas cantando junto com essa música. É muito, muito gratificante!
Desde a adição de Alessia Lanzone como sexto membro e a assinatura com a Napalm Records, a banda experimentou uma nova dinâmica? Isso influenciou o processo criativo e o som geral da banda?
Eu diria que isso não criou uma nova dinâmica para nós, nem nos mudou; ao contrário, fortaleceu o que já fazíamos. Tanto em relação à nossa identidade de marca quanto à chegada da nossa terceira guitarrista, Alessia.
Sempre fomos muito ativos nas redes sociais, produzindo vídeos e conteúdo de mídia, e a assinatura com a Napalm Records nos conectou com mais jovens que são excelentes em utilizar as mesmas ferramentas que usamos, e com quem podemos aprender e trocar conhecimentos, falando a mesma “língua” que nós. Então, essencialmente, continuamos fazendo o que sempre fizemos, mas agora com uma grande equipe nos apoiando, o que é realmente fantástico.
Com relação à Alessia, a situação é similar. Sempre tivemos uma tonelada de faixas de guitarra em estúdio, harmonizando a guitarra principal, até mesmo em nossas músicas mais antigas que contém muitas guitarras. A presença dela ao vivo permite que a gente reproduza o som do estúdio no palco. Ela não mudou nosso som, mas sim consolidou e fortaleceu nossa identidade musical.
Embora sejam uma banda relativamente nova, vocês já têm quatro álbuns de estúdio lançados em um período bem curto. O que motivou vocês a produzir tanto nos últimos anos, e qual tem sido o maior desafio nesse contexto?
Nenhum desafio, na verdade. Se dependesse de nós, provavelmente já teríamos lançado mais alguns álbuns, para ser sincero. Tanto eu quanto a Jade, os fundadores da banda, nunca fomos o tipo de músico que sonha em se tornar um guitarrista ou vocalista famoso. Nossa verdadeira aspiração sempre esteve mais na composição do que no aspecto ao vivo.
Passamos muito tempo escrevendo e em estúdio, e realmente amamos esse processo. Foi isso que nos motivou: o prazer de criar e produzir álbuns, desenvolver as capas, os conceitos, os vídeos, e tudo mais que envolve dar vida a um projeto musical.
Desde o início de suas atividades, o Frozen Crown sempre apresentou elementos fascinantes, mesclando o Power Metal clássico com um toque mais contemporâneo. Um aspecto que chamou minha atenção é a presença de guturais em algumas músicas, o que surpreende o ouvinte e adiciona uma camada extra a cada álbum. Esse tipo de experimentação foi uma escolha estratégica para diferenciar a banda, ou vocês sempre quiseram explorar esses elementos no processo criativo?
Você sabe, essa banda nasceu como um projeto solo meu. Em 2017, propus algumas músicas para a Marquee Avalon, uma gravadora japonesa. Na época, as músicas eram bem distintas entre si. Lembro que as primeiras composições para o Frozen Crown foram Fail No More, uma faixa clássica de Power Metal; To Infinity, que traz uma vibe sinfônica e mais minimalista; e Netherstorm, que é basicamente Death Metal Melódico, com muitos guturais e gritos.
A ideia original era apresentar essas músicas à gravadora para que escolhessem uma, que definiria o estilo da banda estreante Frozen Crown. No entanto, a gravadora gostou da diversidade e, quando incluímos vocais femininos, eles incentivaram a alternância entre vocais femininos, masculinos e guturais, criando essa variação no álbum. Assim, fui autorizado a explorar diferentes estilos, mesclando Metal com uma abordagem moderna, mas mantendo alguns elementos da velha escola.
Sempre quis explorar essa fusão, já que minhas influências vêm de bandas como Children of Bodom, In Flames e Dark Tranquility, que se aproximam mais do Death e Black Metal do que do Power Metal. Esses elementos sempre estiveram presentes para serem integrados. Sou também fã de bandas como Killswitch Engage, que tem um som moderno, mas com forte influência de riffs suecos de Death Metal. Então, explorar essa mistura de estilos é algo natural para mim.
A Itália é lar de alguns dos maiores nomes do metal mundial, e quando se trata de Power Metal especificamente, existem inúmeras bandas que construíram e continuam a moldar esse gênero. Como é para vocês fazer parte desse legado? Vocês sentem uma responsabilidade em carregar essa tocha?
A sensação é ótima! Vocês falam sobre bandas como Rhapsody (em sua formação clássica), Labyrinth ou Vision Divine, né? É realmente algo especial. É bacana que nos associem a essas bandas, embora tenhamos surgido em épocas diferentes e as dinâmicas sejam completamente distintas agora. Ainda não sentimos que fazemos parte desse legado — quem sabe, talvez no futuro.
Também não sentimos uma grande responsabilidade em carregar essa tradição porque nos consideramos mais uma banda internacional do que italiana. A Itália, de certa forma, nos rejeitou; não temos apoio de sites ou promotores italianos, que parecem ser os únicos que realmente não gostam de nós. Há uma resistência por termos uma vocalista e uma musicista mulher na banda, além de sermos jovens. A Itália ainda é muito conservadora nesse aspecto.
Desde o começo, direcionamos nossa música para o público global, focando bastante em vídeos para atrair fãs de diferentes países. Não passamos pela trajetória tradicional de tocar pela Itália para, então, ganhar espaço lá. Optamos por pular essa etapa completamente e alcançar o mundo.
As músicas de vocês realmente pintam um quadro e contam uma história, mesmo sem as letras—embora elas definitivamente ajudem! O que inspira vocês a escrever dessa forma? Vocês buscam inspiração em trilhas sonoras ou em outros gêneros musicais fora do metal para criar essas paisagens?
Nossa inspiração para escrever dessa forma vem principalmente de filmes. Somos todos fãs de filmes épicos, embora cada um tenha seus próprios gostos. Por exemplo, nossa vocalista, Jade, é grande fã de Tolkien, O Senhor dos Anéis (tanto os livros quanto as adaptações para o cinema), além de Game of Thrones e obras semelhantes. Já eu me inclino mais para o universo de Robert E. Howard, como o universo de Conan, e, claro, a trilha sonora do filme Conan, o Bárbaro com Arnold Schwarzenegger, composta por Basil Poledouris. Essa trilha é, para mim, uma das melhores já feitas, e foi uma inspiração importante para nós, especialmente ao escrevermos Call of the North, se não me engano.
Algumas trilhas sonoras se tornaram parte fundamental da nossa inspiração. Videogames também têm sua influência, especialmente quando trazem boas trilhas que realmente nos inspiram. Então, sim, nossa inspiração vai muito além do metal; o fator cinematográfico é realmente enorme na nossa música.
A evolução e maturidade da banda são evidentes a cada álbum, assim como os temas e histórias que exploram dentro do universo de fantasia medieval. Vocês têm referências sutis ou desejo de explorar outros universos, como a cultura asiática, em produções futuras?
Sim, absolutamente. A capa do álbum War Hearts, por exemplo, traz referências à cultura asiática, inspirada em vários mangás e animes. Dá para notar influências de Devilman, de Go Nagai. A ideia inicial era que o demônio ou monstro na capa se parecesse bastante com o estilo de Devilman, mas depois fizemos algumas alterações que também remetem a elementos de Neon Genesis Evangelion.
A cultura japonesa é uma grande influência para nós, não apenas na capa do álbum, mas também em várias letras ao longo da nossa discografia. X-Japan, uma banda japonesa, é uma das nossas principais influências. Além disso, muitos dos nossos cenários poderiam perfeitamente se encaixar em um ambiente de anime ou mangá.
Recentemente, vimos fotos dos pedidos de pré-venda sendo preparados (parabéns, aliás!), o que reflete claramente a base de fãs que vocês vêm construindo desde o início. Como é para vocês essa relação com os fãs, e como percebem o fortalecimento desses laços ao longo das turnês e interações?
Temos um relacionamento muito forte com nossos fãs. Ao longo dos anos, percebemos que eles realmente gostam de nos apoiar comprando diretamente de nós. Ter o design do álbum e o vinil embalados e enviados por nós mesmos é algo que os deixa muito felizes, pois proporciona uma conexão mais próxima e pessoal.
Esse vínculo foi crescendo cada vez mais, ao ponto de que os fãs não apenas gostam de ouvir nossa música e assistir aos nossos vídeos oficiais, mas também de nos acompanhar em nossos diários em vídeo e aventuras fora do palco e do estúdio. Em turnê, também sentimos esse tipo de carinho e calor dos fãs.
Vocês já receberam algum carinho do Brasil? Já houve alguma conversa sobre vir tocar aqui?
Em primeiro lugar, recebemos muitas mensagens de fãs brasileiros em praticamente todas as nossas postagens, e ficamos muito felizes com isso. Adoraríamos tocar aí, de verdade. Toda banda no mundo adoraria fazer turnês constantes, visitando novos países e tocando em todos os lugares possíveis. Se dependesse apenas de nós, estaríamos sempre na estrada.
No entanto, a questão é que isso não depende só da banda. Envolve promotores, agentes, agências e toda uma logística. Se dissermos hoje que queremos tocar no Brasil, não significa que seja fácil de realizar. Muitas pessoas acham que, se não estamos tocando em seu país, é porque não queremos ou não gostamos do lugar, mas a verdade é que há diversas camadas de planejamento e investimento envolvidas, e isso não está totalmente ao nosso alcance.
Então, o melhor que vocês podem fazer é continuar nos apoiando, nos seguindo, ouvindo nossos álbuns. Quando tivermos uma base ainda maior de fãs no Brasil, será mais fácil para os promotores e nosso agente viabilizarem uma turnê aí. Essa é a única coisa que posso dizer para vocês agora, e agradecemos muito o apoio!
Photo Credit: Federico Mondelli, Alessia Lanzone