Giovanna Moraes é uma cantora e compositora brasileira que vem se destacando, principalmente, na cena independente nacional. Suas apresentações em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, chamaram atenção pela mistura de ritmos brasileiros com influências do pop e do rock. Sua voz é marcante, e sua presença de palco é poderosa, o que tem atraído uma base de fãs que só cresce.

Nas redes sociais, GGG (como é carinhosamente chamada) aposta em vídeos temáticos de suas músicas, o que a faz se conectar ainda mais com seu público. O single Fala Na Cara viralizou no TikTok e no Instagram, o que impulsionou ainda mais sua carreira.

Sua primeira aparição aqui n’O SubSolo, foi em nossa Megalista de artistas do Groover. Conversamos com a musicista, que atendeu nossa equipe com muito carinho. Falamos de planos, spoilers e até novidades. Confira:

Você começou sua jornada musical de forma experimental antes de mergulhar no Rock com “Para Tomar Coragem”. O que inspirou essa transição e como você descreve a evolução do seu som?

Giovanna Moraes: Eu nunca curti rótulos e sempre quis fazer as coisas do meu jeito, acho que por isso meu começo é mais experimental, mas se você pensar na raiz isso é muito Rock n Roll… foi natural a transição. O Rock me permitiu entrar numa caixa que diz f*** as caixas, rs

Eu diria que a evolução do meu som é buscar comunicar cada vez mais com as pessoas falando cada vez mais na cara e tendo cada vez mais coragem de ir contra o jeito que as coisas sempre foram feitas.

A música “Fala na Cara” foi um grande sucesso e abordou questões de preconceito e autenticidade. Como foi o processo de criação dessa música e você esperava uma repercussão tão gigante como foi com ela?

Giovanna Moraes: A real é que eu quase joguei fora esse som kkkk. Era uma música antiga minha que chamava “Menina, Menina” toquei ela bastante por uma pancada de shows que eu fiz pós Para Tomar Coragem, as partes que eu gostei mantive mas reescrevi grande parte do som. Daí surgiu os versos que causaram na internet: VEM CÁ FALA NA MINHA CARA (…)

Eu acho que quando esses versos surgiram eu fiquei muito empolgada com o som, me deixava desconfortável, eu ouvia e dava risada pensando: “nossa sério vou falar isso mesmo?” mas no final era porque me fazia rir que eu achava que era bom.

Sabia que ia causar e como artista independente sem investimento, sem esquema a gente tem que causar um pouco pra sair do ruído. Antes de ter a versão finalizada eu já estava divulgando a música no Tiktok e o resto é história.

O álbum “Fama de Chata” prometeu e cumpriu um aprofundamento nas questões de identidade e julgamento. Pode nos contar mais sobre o conceito por trás deste trabalho e como ele se conecta com a sua mensagem geral?

Giovanna Moraes: O FAMA DE CHATA me permite sair da gaiola e falar na cara muitas coisas que eu nunca me permiti falar sem medo de ser chata.

Acho que a ideia do projeto é meio essa, dar voz, principalmente a mulheres que passamos muito tempo vivendo para agradar os outros.

A sociedade exige muito de todos nós e o meu trampo questiona o jeito que as coisas sempre foram feitas. Às vezes a gente se trata muito mal tentando se encaixar no padrão e eu acho que meu trampo é pra gente se permitir ser do jeito que a gente for.

Você tem sido uma voz ativa nas redes sociais, expondo comportamentos machistas e desafiando estereótipos. Como você equilibra sua presença online com sua carreira musical e quais são os maiores desafios que você enfrenta?

Giovanna Moraes: É muito trabalho as mídias sociais, cansa as vezes, mas na moral soma demais para meu trabalho como artista porque no final a música é sobre comunicação. Maiores desafios? Nas mídias sociais? Puts não acho que tenho desafio… no final o que desafia também faz a gente crescer.

A música “As Minas no Poder” é descrita como um hino de empoderamento e uma resposta ao machismo na indústria. Como foi o processo de compor e gravar essa faixa, e qual foi a reação do público até agora na sua visão?

Giovanna Moraes: Foi legal, uma curiosidade sobre essa música é que a parte do “calma tio” que causou na internet, eu escrevi depois que a música já estava mixada e masterizada pronta pra lançar rsrs… o Tannus meu parceiro chegou falando que tava faltando alguma coisa numa parte instrumental do som e me desafiou a pensar em algo, e eu desenterrei um tweet antigo meu que tinha a frase do calma tio, kkk. No final coube muito bem lá e o resto é história.

Eu acho que a música repercute muito com o público porque existe muito esse tio, não só no rock tá ligado, pessoas que são mente fechada pro novo e que acham que são os reis da verdade.

Uma galera muito preconceituosa e mala pra carai.

Como artista independente, você enfrentou e superou diversos desafios. Quais foram os maiores obstáculos que você encontrou e como você os superou ao longo de sua carreira?

Giovanna Moraes: Acesso, tem esquemas na indústria toda e se você não faz parte de algum é bem difícil você conseguir acesso.

Eu nunca fui boa em seguir regra para fazer parte de algum clubinho, então o meu crescimento é orgânico e às vezes mais devagar. Tem que saber gerir as frustrações e ansiedades

A autenticidade é um tema central em suas músicas, sendo uma mensagem muito forte inclusive. Por que você acredita que é importante para os artistas serem autênticos, especialmente em um ambiente tão cheio de expectativas e rótulos?

Giovanna Moraes: Eu acho que a vida vivida pelos outros não vale a pena. Eu acho que o público tá cansando de ver a indústria, e reviver os mesmos moldes. Eu acho que fazer um tipo é paia, então prefiro ouvir original do que um ‘tipo’. Acho que o que inspira é fazer diferente quando todo mundo ta fazendo igual.

Se os artistas fossem mais autênticos tem espaço pra tudo mundo, enquanto ficar tudo mundo querendo fazer o mesmo tipo aí é sobre quanto dinheiro você tem pra investir.

É notório o quanto você recebe de comentários críticos sobre sua aparência e comportamento nas redes sociais, algo que já mencionou em algumas entrevistas e matérias. Como você lida com essas críticas e como elas afetam sua visão sobre o papel da mulher na música e na sociedade?

Giovanna Moraes: Eu cagando, kkk. Meu propósito não é ser bonita. Acho engraçado porque é muito comentário sobre minha aparência, na real é engraçado triste né? Porque a gente percebe o quanto o nosso é machista nas entrelinhas… mulher pode tudo depois de ser gostosa…

Quais artistas ou movimentos musicais foram mais influentes para você, tanto no início de sua carreira quanto agora, e como eles moldaram sua abordagem à música e à arte?

Giovanna Moraes: Tudo influencia, diria que hoje em dia eu sou muito inspirada por Charlie Brown Jr. O Chorão tinha uma maneira muito simples de dizer as coisas, inspirada pela intensidade de Cássia Eller com uma voz que vem gritada da alma, pela Rita Lee que sempre falou foda-se para quem tentou dizer pra ela como ela tinha que ser.

Fora isso, eu estudei muito o movimento RIOT GIRL e o movimento Grunge e o Punk.

Olhando para o futuro, quais são seus planos e aspirações para a sua carreira? Há algum projeto ou colaboração que você está particularmente animada para compartilhar com seus fãs?

Giovanna Moraes: Vou tocar no Lollapalooza, estou bem empolgada. Deve ter coisa nova até lá. Espero continuar fazendo bastante barulho, ampliar meu público cada vez mais e conseguir fazer shows pelo Brasil todo.

Queremos agradecer imensamente o carinho com nossa equipe e toda força que você nos dá, te achamos incrível. Pode deixar uma mensagem sobre a importância das mídias independentes para o underground e também para os nossos leitores e seus fãs sobre o seu trabalho?

Giovanna Moraes: Eu que agradeço o apoio e o espaço pra falar do meu trampo. Uma mensagem final?

Se você tiver coragem de sair do molde você pode fazer muito barulho nas mídias sociais. Ignore os vendedores de curso, o jeito “certo” já tá saturado, e não tenha medo de fazer do seu jeito. Não tenha medo de ser cancelado, não tenha vergonha de deixar as pessoas te verem tentar e não conseguir. Tudo faz parte da sua jornada. Boa sorte, e se quiser me acompanhe nas mídias https://www.instagram.com/gggiovannamoraes

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.