Henrique Pucci é um dos principais bateristas de Heavy Metal em atividade no Brasil, tendo o trabalho, técnica, dinamismo e identidade musical reconhecido em todas as bandas por onde passou, permitindo que transite entre diferentes gêneros com muita propriedade e naturalidade.

Henrique Pucci atua em vários estilos como o Prog Metal do Noturnall, e o Metal/HC do Marabô e do Escombro, suas bandas atuais, o hardcore da Paura, Clearview, Endrah, o experimentalismo de Diva Muffin, bandas tradicionais como Pomparças e Fishook, e o Metalcore do Project46, bandas que ele participou. Formado no IAV, Henrique produziu dezenas de álbuns de metal e HC, possui um curso online para bateristas, além de ter em no currículo uma turnê na Rússia ao lado do Disturbed, um show no Rock In Rio 2019 e uma turnê brasileira com Mike Portnoy. É patrocinado por marcas como Tama, Paiste, Aquarian Drumheads, Ahead Drumsticks, Axis Pedals e SK8 Cases.

Conversamos com Henrique que nos contou sobre o lançamento do novo álbum do Noturnall e todas as coisas grandiosas que sempre envolvem os lançamentos da banda, além de nos contar sobre a nova banda, o Marabô, e a entrada no Escombro.

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Henrique, primeiramente gostaríamos de te agradecer por conceder um pouco do seu tempo para conversar com O Subsolo. Imaginamos que esteja passando por um momento de muito trabalho com o Noturnall, afinal, estão prestes a sair em mais uma longa turnê. Pode compartilhar um pouco sobre suas expectativas para esses shows e nos adiantar alguns países por onde vocês irão passar?

Estamos agora indo para o sexto show da tour em Crumlin UK (Nota do Editor: Entrevista concedida em 23.11.2023), shows soldout e um festival, Winterstorm, o curioso é que somos melhor recebidos depois de tocarmos, acho que a música tem ajudado, até porque nunca vendemos tanto merch como agora, ainda mais em Pounds. Mais shows acabam de ser marcados na Alemanha e França, até agora 10 shows na Inglaterra, 2 na Bélgica, Holanda, Alemanha, República Checa, Itália e França. Muito legal que estamos no momento de divulgar nosso álbum nosso assim como os DVDs, surpreendendo o pessoal aqui com a quantidade e qualidade do material.

Essa turnê de certa forma é uma continuação da tour que fizeram pelo Brasil junto com o próprio Di’anno e a Electric Gypsy. Qual foi o saldo final desses shows no Brasil na sua opinião?

O saldo foi tão bom que gerou uma continuação…(risos) Mas posso dizer que uma tour no Brasil é bem diferente, a logística, os clubes, e realmente gosto dos dois, aqui parece que estamos trabalhando mais, fazendo contatos, aproveitando o momento porque não somos daqui, o que gera uma surpresa para as pessoas aqui, não conseguimos nem medir os ganhos, são como sementes que saímos plantando por aí, sem ver crescer e nos deparamos com os resultados sem saber de onde veio rs… É muito legal olhar pra frente e ter sempre uma tour a ser feita, fora que turnês são o que mais faz uma banda evoluir, ou até acabar se não tiver clima bom, felizmente aqui o clima é muito legal mesmo, desde a tour no Brasil até aqui.

Você já está há bastante tempo no Noturnall, mas o Cosmic Redemption é o primeiro álbum completo de estúdio que você gravou com a banda. Nos conte como foi essa experiência, se você gostou do resultado final e como tem sido a recepção do público.

Realmente demorei a ter algo gravado desde que saí do Project46, quando sai tínhamos umas 15 músicas a maioria pronta, tenho uma sessão com às prés ainda, enorme, e quando saí da banda e cheguei no Noturnall, eles tinham acabado de gravar o álbum e saímos tocando pra divulgar, e começamos a trabalhar música por música no Estúdio Fusão, com a produção do Thiago, bem diferente de como eu estava acostumado, pois no disco do Project46, Que seja feita a nossa vontade, tinha muito mais liberdade de criação, inclusive criando o nome do disco, e tendo músicas com maior parte na autoria, como na Erro+55, Empedrado, Foda-se, Carranca e Em Nome de Quem?. E no Noturnall até a bateria já vinha pronta, tive que lutar pra colocar minha personalidade na bateria, pois deveria conquistar a confiança, talvez perdida por membros da banda, ainda mais aceitar que um baterista sugerindo ideias musicais, pra muitos inaceitável, ainda mais em uma banda já formada. Gostei bastante do resultado de ser produzido pelo Thiago, ele entende muito de bateria, e realmente eu costumo vir com ideias inesperadas e muitas vezes tortas que pode causar muita estranheza no começo, então cada vez mais fui conquistando a confiança, tanto que a primeira música que a Noturnall lançou depois que eu entrei foi com o Portnoy, então creio que a confiança aumentou rs…. Foi interessante descobrir que gosto de me adaptar a cenários diversos, gosto. Vejo uma evolução e ainda assim a personalidade da banda preservada.

O Noturnall é muito conhecido por suas produções grandiosas. Como foi a experiência de gravar um videoclipe com Ney Matogrosso e outro na Rocinha?

Incrível. O Thiago é um cara que raramente aceita um não, o maior trabalhador pra banda que eu já tive a oportunidade de trabalhar, ele realmente vive a banda 24hs por dia. Vejo que antes os antigos integrantes limitavam suas ideias, o que acho uma pena, porque loucuras fazem parte da arte, perigoso tirar esse ingrediente. Estamos aqui para fazer o que não foi feito, deixar nossa marca, nós morreremos logo, a música não! Muita gente achou que seria impossível e que estaria viajando, como no caso da bateria girando 360 graus, ouvimos muitas críticas, desdenhos, pra vir pra Europa e ter a valorização que não tivemos por muitos no Brasil. Em relação ao clipe, o Thiago foi antes pra Rocinha, trocou ideia, fez amizade e combinou a gravação do clipe lá, vimos vários tipos de fuzil, ouvimos muitas histórias, teve gente que nunca saiu de lá, a vida inteira, pra subir o drone, tivemos que pagar 10 cestas básicas e mostrar as imagens, regras da casa.

E essa história de bateria girando a 360 graus? Como foi isso?

Ideia maluca do maluco Thiago Bianchi, não limitada por ninguém, bastou encontrar outro maluco, o Rafael Seyboth, que projetou a engenhoca lá em Curitiba, e tivemos a grande oportunidade de executá-la em Curitiba, mesmo com muita gente torcendo o nariz, mas estamos até virando sádicos e gostando desses narizes tortos, motivo de zoeiras, claro, depois de ter dado certo. Mas é curioso ter essa sensação de que muitos querem ver dar errado, terão que torcer mais hehehe até pq damos bem mais valor a quem torce por nós e nos apoia.

E sobre o Marabô? Nos conte o que é essa nova banda e quais são seus planos com ela.

A Marabô surgiu através de um convite do Chehuan, ex- Confronto para voltarmos a banda Confronto, mas os antigos membros não deixar usarmos o nome, e preferimos começar algo do zero, que hoje vejo como bem mais legal, pois foi a primeira vez que comecei uma banda realmente do zero, começando com nossas personalidades, e o curioso foi quando ele veio com o nome, Marabô, porque não sabia que ele era da Umbanda, curioso, atraio muitas pessoas da Umbanda, e vim a saber que o Paulinho, baixista, também era, simpatizo muito e vejo como parte da nossa cultura, tanto que comecei a tocar uns tambores quando criança mas festas de Congada, que em Minas tem uma forte ligação com religiões Africanas. Estamos com um belo time, gosto muito do boca do Chehuan, pois mesmo ele gritando é possível entender bem a letra e a composição das letras representam muito meu pensamento. Na Marabô é impossível separar a música da mensagem.

Você também assumiu a bateria da Escombro, certo? Como tem sido essa experiência e o que estão planejando?

Muito legal, já curtia a banda, a atitude, e na época da pandemia fiz umas jams com o Renatinho, onde saíram várias ideias legais, e mais tarde o Renatinho (mão de coice) me fez o convite pra entrar na Escombro, aceitei na hora, gravamos 5 sons até agora e esperamos lançar o EP no primeiro semestre do ano que vem. Curto Beatdown, levar as ideias pra esse lado é bem interessante, mesmo que a guitarra venha com palhetadas rápidas, desdobrar e trazer pra trás deixa a música bem pesada, e sempre trabalho a serviço do peso rs… fora que hoje prezo trabalhar com pessoas onde tenhamos sempre uma boa vibe, e um ambiente saudável. Fora isso ainda estou fazendo sub para o Daniel no Garage Fuzz, pois ele está tocando no CPM22, um prazer enorme tocar numa banda de mais de 30 anos, parece que tudo é mais fácil.

Por fim, nós sempre gostamos de saber um pouco mais sobre os gostos pessoais dos nossos convidados, mas você já esteve em tantas bandas ótimas, então hoje decidimos fazer diferente. Sei que é difícil, mas tente elencar qual sua música favorita de cada uma das bandas onde você passou.

PauraDemanded on Hate
ClearviewConcrete Jungle
Dica MuffinBurrows Eyes
Project46Foda-se
MarabôEstacas
EscombroAmém

Pucci, agradecemos muito pela sua disponibilidade e gentileza em atender O SubSolo. O espaço está aberto para deixar uma mensagem aos nossos leitores.

Eu que agradeço a vocês e pra quem leu até aqui rs… Não é fácil ter espaço nas vidas atribuladas. Espero que possam ter a oportunidade de conferir nosso material com calma, do jeito que a música necessita pra ser apreciada. Obrigado por participar intensamente de nossas vidas e nos permitir nos expressar da maneira que sabemos melhor.

A Hell Yeah Music Company surgiu em 2020 a partir do sonho de dois amigos, Luis Fernando Ribeiro e Leandro Abrantes, que se conheceram há 15 anos por meio do Heavy Metal e tomaram-no como trilha sonora de suas vidas e matéria prima de sua arte. Respeito, valorização, criatividade e amor pelo que fazemos são nossos pilares. A #HYMC nasceu para quebrar padrões, ignorar estereótipos e dar suporte às bandas brasileiras que compartilham do mesmo sonho que nós. Baseada em Florianópolis, SC, a Hell Yeah atende bandas de todo o Brasil e de Portugal. Hell Yeah Music Company, música como experiência.