It’s All Red é uma banda gaúcha com 15 anos de trajetória, reconhecida por suas performances marcantes ao lado de grandes ícones do rock e metal, como Megadeth, Cavalera Conspiracy e Paul Di’Anno.
Desde sua formação em 2007, a banda lançou três álbuns e três EPs, além de vários singles, incluindo três lançados durante a pandemia. Atualmente, o grupo vem explorando novas direções musicais, revisitando seu trabalho inicial para reinventar músicas com novas abordagens. Confira a seguir nossa conversa com a banda sobre suas novidades e planos para o futuro.
Um prazer poder estar entrevistando uma banda tão incrível, obrigado pela recepção. “H5N1” voltou à cena com uma nova abordagem. O que fez vocês decidirem revisitar essas músicas depois de tantos anos e qual a importância desse EP para vocês neste momento?
Rafael Siqueira: Salve O SubSolo, muito obrigado pela oportunidade.
A música H5N1 saiu em nosso primeiro álbum, e com o tempo sempre pensamos que tem muito material legal naquele disco, mas que hoje nós faríamos algumas coisas diferentes, recorrentemente surge a ideia de regravar alguma música daquele disco com uma roupagem mais moderna, e no dia 01 de Janeiro deste ano a agenda do estúdio Soma estava vazia, então convidei meus colegas de banda para passar o dia no estúdio e regravar uma música inteira, em um dia, e filmar todo o processo. Até entrarmos no estúdio não sabíamos qual a música que faríamos! A H5N1 sempre foi uma música que gostamos muito, e achamos que ela merecia uma nova roupagem. Mudamos o arranjo na hora da gravação, onde toquei não só guitarras mas o baixo também, que é um instrumento que eu gosto muito de tocar. Todos ficamos muito contentes com o resultado final.
Vocês exploraram três estilos bem diferentes com o EP – heavy metal, acústica e meditação. Como foi o processo de manter a essência das músicas enquanto mergulhavam em essas novas interpretações?
Rafael Siqueira: Sempre gostei da ideia de fazer versões “improváveis” das nossas músicas, seria muito fácil apenas tocar os arranjos originais com violões, mas não teria graça nenhuma.
Já havíamos gravado um EP com versões acústicas de outras músicas, então surgiu a ideia de fazer 3 versões diferentes da mesma música, porque não?!
A versão heavy metal está mais pesada e intensa. O que mudou na abordagem da música para capturar esse espírito mais agressivo e como isso se alinha com o que vocês queriam expressar?
Rafael Siqueira: Mudamos principalmente a abordagem da linha vocal, onde trabalhamos com vocais mais limpos, na questão de timbres e o solo matador do Dani, que na versão original não tem. Sem contar a estrutura do estúdio Soma, que contribuiu muito para o resultado final.
Já a versão acústica traz uma vibe completamente diferente. Como foi trazer o Luis Volkweis de volta para adicionar um novo sabor à música e o que vocês acham que ele trouxe para essa nova versão?
Rafael Siqueira: O Luís foi um dos fundadores da banda, sempre foi um amigo próximo, até hoje sempre que fazemos um material novo eu mando pra ele ver o que acha. Quando começamos a fazer os arranjos para a versão acústica, o Tom sugeriu de chamar o Luis para cantar junto, e todos topamos na hora.
Ele é um grande músico, tem um enorme conhecimento de música, do pop ao metal, e suas contribuições nos arranjos vocais foi essencial para a música chegar no resultado que queríamos.
Transformar um heavy metal em música para relaxamento é uma ideia bem ousada. O que inspirou vocês a experimentar com a meditação e qual a reação que esperam ver dos fãs com essa versão?
Rafael Siqueira: O Dani, nosso guitarrista, é o cara por trás do maior canal do Youtube de música para relaxamento da América Latina, e por muitos anos foi professor de Yoga. Ele compõe música para relaxamento e meditação diariamente. Então eu o provoquei para fazer uma versão da H5N1, e ele topou o desafio.
Sempre falamos que não nos limitamos enquanto banda, como músicos é sempre bom nos desafiar, e eu espero que os fãs relaxem com essa versão hehehehe.
Por motivos óbvios não tocaremos ela ao vivo, pois não queremos ninguém dormindo no nosso show.
Com as enchentes impactando a região, como a banda se sentiu ao criar e lançar esse EP em meio a tanta adversidade? Há uma sensação de que essa música pode oferecer algum tipo de consolo ou apoio?
Rafael Siqueira: Com certeza, o Rio Grande do Sul passou pela maior catástrofe natural da sua história, 644 mil pessoas foram desalojadas, 3,1 milhão de pessoas foram afetadas diretamente. Dezenas de músicos, estúdios e casas de show ficaram debaixo da água. Muita gente perdeu tudo, até hoje estamos sentindo o impacto dessa catástrofe. A primeira coisa que nos passa pela cabeça é ajudar, e a função da arte é essa, ajuda a manter a cabeça no lugar, e isso é essencial.
Além de adiarmos nossa tour na Argentina e Uruguai para 2025 por questões de logística, adiamos o lançamento do EP e do nosso próximo single, demos uma “empurrada” no nosso cronograma, mas aos poucos as coisas voltarão ao normal.
Daniel Nodari, com sua experiência em meditação, ajudou a criar a versão para relaxamento. Como foi trabalhar com ele e o que vocês acham que a sua abordagem trouxe de especial para essa faixa?
Rafael Siqueira: O Dani é um músico ímpar, um grande professor de música, com livros lançados, e especialista em música de relaxamento. Ele conseguiu pegar algo muito pesado e tornar algo relaxante, por si só já é um feito muito especial. É um privilégio contar com um músico deste nível na banda.
O estúdio de vocês está ajudando a arrecadar doações para as vítimas das enchentes. Como é equilibrar o trabalho musical com essa iniciativa e qual tem sido o impacto desse esforço na equipe e na comunidade?
Rafael Siqueira: No nosso estúdio RR44 recebemos doações vindas de outros estados, organizadas pela Só Palco, recebemos um caminhão de donativos destinados principalmente para a graxa, milhares de trabalhadores que ficam no backstage perderam sua renda, então toda ajuda foi muito bem-vinda.
Paralelamente a isso, no estúdio Soma realizamos lives solidárias, arrecadamos mais de 170 mil reais, e saber que nosso trabalho, nossa arte, ajudou não só as pessoas a terem uma “válvula de escape”, mas também a reconstruírem suas vidas, é gratificante demais.
Como tem sido a reação dos fãs e da crítica às novas versões de “H5N1”? Houve algum comentário ou feedback que realmente chamou a atenção de vocês?
Rafael Siqueira: Acho que o que mais ouvimos é “regravem o primeiro disco todo!” Hehehehe
Ela é uma música muito marcante, tem um refrão cativante, um bom breakdown, um trabalho de bateria incrível, temos muito orgulho dessa nova versão.
Com “H5N1” agora no mundo, o que vem a seguir para a banda? Tem algo empolgante no horizonte, como novos projetos ou colaborações, que vocês podem compartilhar?
Rafael Siqueira: Temos um single novo pronto para lançar, com um clipe incrível, com uma super produção, que lançaremos no último trimestre do ano . Temos mais 2 músicas praticamente prontas, na verdade temos material para mais de um álbum, mas hoje em dia já não faz mais muito sentido lançar um álbum inteiro. Nos organizamos para lançar uma música nova a cada 2 ou 3 meses, assim temos sempre material novo saindo ao longo do ano.
Obrigado pela oportunidade, sempre bom conversar e dar espaço para vocês. Poderiam deixar uma mensagem para nossos leitores?
Rafael Siqueira: Nós que agradecemos a oportunidade, sofremos um grande baque quando teve a pandemia, turnê adiada, mudanças de formação, depois tivemos a enchente, que quem é de fora talvez não consiga mensurar o caos que foi, mas somos resilientes, seguimos compondo, gravando e queremos levar nosso som a um número cada vez maior de pessoas. Stay Red!