Posicionamento e liberdade artística são dois dos ingredientes que poucos artistas sabem aliar nas doses corretas para criar sua identidade e produzir arte com propósito e qualidade. Herdeiros da pluralidade e da miscigenação do nosso povo, os cariocas da Khorium souberam compor sua fôrmula baseada nesses ingredientes com uma dose extra de groove, peso e originalidade. Funk Rock, Rap, Metal e Hardcore são alguns dos elementos que encontramos na musicalidade da Khorium, formada em 2017, na cidade de Volta Redonda, Rio de Janeiro.

Suas letras ácidas e composições explosivas são características exploradas desde o primeiro registro em estúdio da banda, o EP Manual Prático do Brasil, lançado em 2018, e consolidadas nos álbuns Idiocracia Tropical Contemporânea, de 2019, e Forças Opostas, de 2021, pavimentando uma trajetória que há muito deixou de ser uma promessa para se tornar uma realidade sólida na cena do música pesada brasileira.

Às vésperas de lançar seu mais novo álbum, A Plenos Pulmões, previsto ainda para 2022, G. Moreira (Guitarras e vocais), Clarice Roberta (Baixo e backing vocals) e Shalon Webster (Bateria e vocais), conversaram com O Subsolo para nos contar o que podemos esperar desse novo trabalho, além de revirar o baú de histórias da banda nesses já quase 6 anos de trajetória.

Primeiramente, obrigado por ceder um pouco do tempo de vocês e conversar com O Subsolo. Nos contem um pouco da trajetória da banda e como vocês superaram as dificuldades impostas pela pandemia

“A banda vem desde 2017, sempre produzindo, lançando álbuns, clipes, etc, fazendo shows, procurando se manter ativa. A pandemia foi um desafio maior, além da tragédia humanitária que foi, para a banda trouxe ainda um hiato preventivo imposto, ao mesmo tempo que tentamos não parar totalmente, participando de festivais online, entrevistas via live, etc.”

Em quase 6 anos de história a Khorium já lançou 1 EP, 2 álbuns e já se prepara para lançar seu terceiro disco. Qual o segredo para tanta produtividade e criatividade?

“A gente está sempre trabalhando a favor da banda de alguma forma, mesmo nos momentos em que não estamos tocando. E tudo que vemos ao redor vai influenciando e servindo inspiração para novos trabalhos e composições.”

Em um tempo onde muitas pessoas não costumam mais ouvir um álbum completo ou se aprofundar na discografia de uma banda, se vocês pudessem apresentar a banda a um novo ouvinte com apenas uma canção da Khorium, qual seria?

“Difícil definir a banda por uma única faixa, principalmente no nosso caso que tem sempre muita mistura. Se eu posso indicar uma faixa para que mais pessoas descubram a Khorium eu indicaria que fiquem ligados nos próximos lançamentos e na faixa de trabalho do álbum novo, que será Monopólio da Violência e vai servir de ‘cartão de visitas’ para o A Plenos Pulmões.”

Apesar de uma identidade bem definida, o som da Khorium é bastante heterogêneo. Vocês não se preocupam em se perder em meio a tantos elementos ou essa “fórmula” já faz parte de quem vocês são?

“Na verdade, a única preocupação é manter a composição livre de amarras. Não nos preocupamos muito rótulos ou fórmulas. Novas influências são sempre bem vindas, e depois de um certo tempo, a gente já sabe como fazer as coisas ficarem com a nossa cara. Como transformar o elemento novo que surgir em algo da Khorium, com a nossa assinatura.”

E vocês se preocupam com as possíveis críticas de fãs mais tradicionalistas do Heavy Metal que não compreendem que é possível ter liberdade artística e misturar o Metal com outros gêneros?

“Não nos preocupam as reações. Mas de toda forma temos sido sempre bem recebidos. A maioria entende bem a proposta de cada faixa, e em geral não temos problemas quanto a isso. O próprio cenário atual é bem mais heterogêneo do que já foi no passado. Felizmente as mentes fechadas tem se tornado cada vez mais raras. A mudança geracional também ajuda nisso.”

O posicionamento político de vocês é bastante claro em suas letras, mas vocês acreditam que o momento político que vivemos influencia na composição das canções da banda? De que forma?

“Com toda certeza influencia. Não que seja a única temática que abordamos. Algumas vezes são questões pessoais, etc. Mas o artista deve refletir o seu tempo. E o fato de sermos muito diretos e claros é principalmente para não deixar qualquer dúvida, ou interpretação equivocada, sem romantizar o que quer que seja.”

Como vocês enxergam a cena do Rock e do Heavy Metal no Rio de Janeiro e no Brasil na atualidade?

“É um momento de retomada. Após a grande paralisação que foi a pandemia, as pessoas estão ávidas por shows, as bandas querem retomar os lançamentos de divulgação de seus trabalhos, enfim, fazer a vida retomar o ritmo. Tem acontecido muito eventos, e vimos neste ano, e já programados para o próximo, diversos festivais dedicados ao estilo. Isso é muito bom!”

Podemos sentir várias influências de Rap no som da Khorium. O que esse gênero musical representa para vocês e quais artistas mais admiram?

“O Rap é parte da cultura urbana assim com o punk e o hardcore, então pra nós é natural que se encontrem e se misturem. Rap, punk e hardcore trazem consigo além de música, toda uma cultura de contestação e resistência, filosofia de vida, que vai além de só entretenimento. Tendo isso em comum, parece realmente natural a mistura. Gostamos dos grandes nomes do rap brasileiro como Gog, Dexter, Racionais, Sabotage, e as bandas que já misturavam rap com rock/metal como Câmbio Negro, Pavilhão 9, Body Count, RATM, entre outras.”

Como funciona o processo de composição da Khorium?

“É muito variado. As vezes o ponto de partida é um riff de guitarra, as vezes começa com uma batida de bateria, e outras vezes vem a letra primeiro que tudo, e a partir dela é feita a música. Cada caso é um caso. Depende muito do momento, da inspiração.”

E o que podemos esperar do novo álbum, A Plenos Pulmões?

“Posso adiantar que é o nosso álbum mais diversificado. E o mais denso também. A pegada continua a mesma, mas com novos elementos. A entrada da Clarice no contrabaixo trouxe novas formas de ver a música também, e somou positivamente nos arranjos. E trazemos novas participações especiais que agregaram bastante ao som do disco. Esperamos que o público goste do álbum e possamos levá-lo aos palcos. Fazer a galera gritar a plenos pulmões mesmo!”

Agradecemos à vocês pela disponibilidade e gentileza em atender O SubSolo e o espaço está aberto para deixarem uma mensagem aos nossos leitores.

“Primeiramente agradecemos pelo espaço para entrevista, e todo o apoio que sempre recebemos de longa data, lembrando que a gente participou no passado de duas coletâneas d’O SubSolo, e temos muito orgulho de tê-las em nossa discografia. E desde já agradecer ao público que sempre nos prestigia e nos dá energia para continuarmos seguindo em frente, produzindo cada vez mais. E que possamos em breve nos encontrarmos nos shows da turnê do A Plenos Pulmões.”

Saiba mais sobre a Khorium pelo Instagram da banda @khoriumband ou clicando AQUI.

A Hell Yeah Music Company surgiu em 2020 a partir do sonho de dois amigos, Luis Fernando Ribeiro e Leandro Abrantes, que se conheceram há 15 anos por meio do Heavy Metal e tomaram-no como trilha sonora de suas vidas e matéria prima de sua arte. Respeito, valorização, criatividade e amor pelo que fazemos são nossos pilares. A #HYMC nasceu para quebrar padrões, ignorar estereótipos e dar suporte às bandas brasileiras que compartilham do mesmo sonho que nós. Baseada em Florianópolis, SC, a Hell Yeah atende bandas de todo o Brasil e de Portugal. Hell Yeah Music Company, música como experiência.