Durante o 2º Frai’n Hell Rock Festival, conversamos com a banda Krucipha, de Curitiba/PR, que faz um som autointitulado Metal Pinhão. A banda foi criada em 2010 e é formada por Fabiano Guolo (voz e guitarra), Luis Ferraz (guitarra solo e voz), Khaoe Rocha (baixo e voz), Felipe Nester (bateria) e Nicholas Pedroso (percussão).


Pra entender melhor sobre o  estilo e saber muitas outras informações sobre a banda, confira a entrevista exclusiva abaixo:



É um prazer para O SubSolo poder entrevistá-los e, primeiramente, gostaríamos de agradecer a disposição do Krucipha em conversar conosco. O que estão achando do Frai’n Hell?

Fabiano Guolo: Tocar em Santa Catarina é sempre foda. Eu e o Felipe estamos desde o começo da banda e a gente vem pra cá desde o primeiro ano que a gente tava tocando. No Otacílio [Rock Festival] de 2012, por exemplo, a gente já tava tocando em Santa Catarina. Festival grande, né? Acho que os moleques que entraram depois tiveram experiências fodas. Khaoe que entrou por último já deu pra sentir também. Falo por mim e acho que falo por eles também: tem muita coisa que surpreende aqui, de ver pessoas aqui, daí depois ir num festival, sei lá, no Litoral Sul e ver as mesmas pessoas lá, aí ir em um festival em Joinville e ver as mesmas pessoas lá de novo. Isso é muito foda! Isso por si só e a energia da galera vale pra cacete.
Felipe Nester: E é sempre bem organizado, tudo muito bem feito. Muito massa! 
Fabiano: É quase que uma tradição do estado, tá ligado? No Paraná não tem isso, por exemplo, então é uma coisa bem catarinense.

A dinâmica de festivais de Santa Catarina, como o que estamos agora, é, em geral, diferente do restante dos encontros de headbangers no Brasil. Visto isso, devem haver diferenças substanciais entre a cena daqui e a de Curitiba ou do interior do Paraná. Como vocês veem isso?
Felipe: Eu tenho uma teoria sobre isso: lá em Curitiba, por ela estar mais no centro dos grandes shows e ter estrutura pra grandes shows, o pessoal não se interessa por show underground. Por exemplo, o pessoal daqui viaja pra ver um show do Deep Purple que vai ter agora e a gente em Curitiba pega um “uberzinho” e vai. Então, a gente tá mal acostumado e aqui não, aqui vocês têm essa tradição. Então, como que tá a cena em Curitiba? O pessoal é acomodado. Às vezes tem um monte de show legal rolando e o pessoal não vai. Então a cena do cover acaba subindo e a gente, como músico, tem que pegar a estrada e vir pra vocês aqui, que de certa forma estão no interior de Santa Catarina, que muitas vezes não tá no roteiro das grandes bandas. Vocês desenvolveram, como estado, esses festivais e a gente acha animal isso. 
Fabiano: Eu concordo totalmente com essa teoria do Felipe e eu acho que é uma síndrome de metrópole. Isso que acontece em Curitiba deve acontecer em outras grandes cidades que são rotas de grandes shows também. 
Luis Ferraz: Eu venho de São Paulo e lá acontece a mesma coisa. Nos grandes shows a galera vai e em eventos menores, com bandas autorais, mas que as vezes tem espaço pra uma puta estrutura, a galera acaba não indo. E no interior, no ABC, a cena é muito forte, tem banda de som próprio, a galera vai, curte, apoia. Então, às vezes acaba valendo mais a pena ir pro interior e fazer um nome pelo interior pra daí começar a ter alguma coisa na capital.
Felipe: E o legal é que vocês aqui, com isso, tem oportunidade de dar chance pra um monte de banda, tanto que vocês têm um monte de banda que faz som próprio. 
Fabiano: Vocês perguntaram do interior do Paraná também. A gente não tem tanta experiência no interior do Paraná quanto a gente tem em Santa Catarina, por exemplo. Por mais bizarro que isso pareça. A gente não tem porque lá não tem tanta oportunidade como tem aqui. São poucos os festivais, eu lembro de um grande esses: Maquinária Rock Field em Guarapuava, do Júlio Batista da banda Maquinária, que, se não me falha a memória é um festival de dois dias, mas acho que é maior que tem ali e fica bem no centro do estado, só que não tem tanto esse circuito e o estado é maior também, então as coisas acabam sendo meio longe e caro. A gente vai fazer agora, semana que vem, quarta, quinta e sexta (11, 12 e 13), uma mini tour de três datas no interior do Paraná. É a primeira vez que a gente faz isso. Não é a primeira vez que tocamos em Irati, mas a primeira vez foi muito no começo, num evento minúsculo que não tinha ninguém, então a gente nem conta. Dessa vez vamos tocar num festival que tão arriscando lá, que já é a segunda edição, mas ainda tá caminhando a passos bem curtos. Enfim, não tem muita coisa. A galera de Francisco Beltrão e Pato Branco até se arrisca mais, tem a galera da Vormitfication que tá aqui também, que são de lá. Mas pra gente acaba sendo muito longe e, infelizmente, não temos experiência lá.

Vocês se autointitulam uma banda de Metal Pinhão. Esse “subgênero” do Metal é muito particular, levando em consideração o uso original da percussão na banda aliado à questão regional do pinhão. É essa mesmo a ideia do Metal Pinhão? Podem nos explicar melhor?
Fabiano: A tua pergunta é a resposta, porque, se a gente não tivesse o Metal Pinhão, tu não estaria fazendo essa pergunta.  É como se fosse um diferencial. Tu resumiu: percussão, originalidade com… Pinhão (risos). 
Felipe: É isso, tu explicou bem pra caramba, é justamente isso. A gente queria definir nosso som por ter esses elementos diferentes, por trazer essa questão regional e é massa porque pinheiro, pinhão é uma coisa do Sul. Indo um pouco mais a fundo, mas sem prolongar muito: a moral do Metal Pinhão era fazer um troço com a nossa cara aqui do Sul. Mesmo usando a alfaia que é um instrumento lá de Pernambuco e tal, a gente queria fazer um negócio bem roots, bem raiz, mas com a nossa cara aqui do Sul, porque a gente é daqui. 
Fabiano: No visual a gente acabou pegando também, porque o nosso símbolo nada mais é que uma releitura das calçadas de Curitiba e foi ideia do Felipe também, bem no começo da banda e pegou pra caramba. O Nicholas tem tatuagem, o Khaoe tem, eu tenho também. Então, assim, foi um bagulho que pegou demais, chama atenção e deu super certo. Isso é o resumo de tudo: é visual, sonoro e tem identidade regional.

E sobre essa questão da percussão, teve alguma influência específica ou vocês simplesmente resolveram misturar? 
Felipe: Sem dúvida, Nação Zumbi. Nação Zumbi foi o que fez a gente dizer “cara, a gente precisa misturar isso, a gente precisa colocar isso”. E óbvio também, um pouco do Slipknot. Na verdade, a ideia da percussão veio quando a gente viu um Slipknot cover lá em Curitiba. Eu não fui no show do Slipknot ainda, mas eu vi o cover lá e, quando entrou a percussão, senti um impacto e eu falei “eu quero isso! Eu não sei como, eu não sei quando, mas eu quero.”
Fabiano: Isso deve ter sido uns dois anos antes de a gente formar a banda. Um ano talvez, não sei.
Felipe: E era o Slipknot cover do Project 46. 
Fabiano: A nossa intenção é justamente dar um peso. Claro, tem o visual também. Eu nunca vi nosso show (risos), mas eu já vi em foto e vídeo e é diferente, sabe? Agora a gente tá achando bem o nosso som, segundo os feedbacks. Acho que faz uma diferença enorme na hora de acrescentar esse peso. E agora acho que a gente tá aprendendo cada vez mais a compor com a percussão, porque é um puta de um desafio, não é um negócio comum.

No início, o Krucipha era uma banda cover, certo? Como se deu a transição?
Fabiano: Na real, eu e o Felipe tocamos juntos desde 2004. A gente começou moleque, fazendo banda cover que tocava de tudo, desde Hammerfall até Kreator e Sepultura. Não fazia sentido nenhum, mas era a banda da molecada de 18 anos que só queria se juntar e fazer um som. Uns meses depois a gente começou a fazer só cover de Kreator e essa banda durou uns 4 ou 5 anos. 
Felipe: Nesses 5 anos a gente viajou um monte, conheceu um monte de gente, começamos a pegar a manha. Só que aí a gente começou a cansar e ideias de músicas começaram a vir. Eu comecei a compor os primeiros embriões e a gente cansou de tocar música dos outros. Aí o Fabiano topou e vestiu a camisa mais do que nunca.
Fabiano: É, a gente já tocava junto a muito tempo, né? A banda se desfez e o Felipe chegou com uma ideia, queria recrutar uns caras e o primeiro que ele chamou fui eu. Aí ele me mostrou o bagulho e eu não gostei (risos).
Felipe: Aí eu tive que sentar e melhorar as músicas. Pensei “pô, se o cara da minha banda não curte a música, alguma coisa tá errada.” Então, eu sentei, reescrevi e “vendi” melhor pra ele. 
Fabiano: E eu não tava com a cabeça pra fazer som próprio, na época. Mas ele veio com uma gana tão forte e eu vi que a banda cover tinha se desfeito, que eu falei “então, cara, vamo”.



E o nome “Krucipha”? De onde ele surgiu?
Felipe: Vamos ver se a galera nova sabe (risos).
Luiz: O primeiro CD do Ratos de Porão chama Crucificados pelo Sistema (2001). E em 2000 e pouco eles regravaram o disco como Sistemados pelo Crucifa e eles pegaram esse “crucifa” e mudaram só a grafia, mas é uma homenagem ao Ratos, que é uma outra influência. Inclusive no nosso novo disco a gente fez questão de fazer uma música bem Punk Rock, bem Crossover, porque os caras influenciaram a gente também.
Felipe: E é um pézinho no Punk também. A gente não tem explorado muito no som ainda, mas as letras estão sempre lá, fora as questões que a gente vai mais a dentro, como os conflitos pessoais, sempre tem uma questão social, uma revolta que é bem típica do Punk.
Luiz: O próprio Ratos de Porão acabou não abandonando o Punk, mas fazendo a coisa do Crossover, misturando o Metal com Punk, deixando o cabelo crescer e sendo julgados. Todo mundo falando mal dos caras e os caras não se importando. Essa é a atitude: fazer o que você quer. Quem acompanhar, beleza.
Fabiano: Foi engraçado que a gente tinha 3 músicas e não tinha o nome da banda ainda, no começo. No primeiro ano, eu acho. Porque a gente compôs, ensaiou, gravou por 2 anos, pra só então fazer o primeiro show. Então, a gente chegou no primeiro show com algumas músicas e EP gravado pra vender. Mas no começo, não tínhamos nome e sempre vinha uns nomes genéricos, umas palavras em inglês meio misturadas, umas coisas muito aleatórias. E o Felipe sempre teve essa coisa de querer mais originalidade. E aí, eu não lembro quando foi, mas também foi uma sugestão dele esse negócio do “Krucipha”, que não é inglês, é português, mas não é, porque as palavras estão invertidas. É original, você coloca “Krucipha” no Google e não tem outra coisa com esse nome. Então, pra gente soou legal.
Felipe: Foi muito legal quando agente começou a banda e a gente procurava no Google e aparecia a gente. Pensamos “agora a gente, de fato, existe!” (risos)

Quais as principais influências individuais dos integrais? E da banda?
Khaoe: Cara, apesar do Krucipha ser uma banda de Groove Metal, eu não escuto Groove Metal. Eu escuto bastante Power Metal, gosto bastante de Blind Guardian, Rhapsody, Iced Earth, gosto muito do André Matos e Angra.
Felipe: Falando do começo da banda, com certeza a influência do Krucipha foi Sepultura, principalmente na época do Chaos A. D., mas flertando ali com o Roots e o Arise. Com certeza, Soulfly também, principalmente com Dark Ages. Mas depois a gente começou a explorar outras coisas, tanto que o trabalho novo já tá indo pra outros lados, flertando com a afinação baixa, umas paradas mais progressivas, mas ainda mantendo a porrada.
Nicholas Pedroso: Eu fui criado ouvindo Hardcore e Punk Rock. Então, quando eu entrei no Krucipha, foi um desafio muito grande, porque eu não entendia quase nada de Metal. Escutava uma coisa ou outra, mas não era acostumado. Ainda mais com um instrumento novo; eu tocava bateria, então pra mim tocar uma percussão no Metal foi algo muito diferente.
Luiz: Eu sou o cara que fica vasculhando o Spotify, procurando banda nova. Eu não gosto de todas, mas procuro conhecer. Principalmente pra esse novo trabalho, duas influências muito grandes nossas, além de Sepultura e do próprio Slayer, Meshuggah, pelos tempos quebrados e a gente usar a afinação mais baixa ainda, e uma banda da Polônia, Decapitated, com os discos mais recentes deles que são mais groovados, que têm essa pegada mais porrada. Foram duas bandas que, pra mim e pro Felipe, elas ajudaram a moldar principalmente a nova sonoridade. E, lógico, o Ratos de Porão, na música que a gente já falou, e outras bandas tipo Gojira e o próprio Project 46, que a gente já tocou 3 vezes com eles. Os caras do Project são muito acessíveis, sempre que a gente troca ideia com eles, a gente aprende um monte, não só pela questão humana, mas pela sonoridade também. São uma puta referência nacional e esperamos chegar no patamar dos caras.
Fabiano: Depois que a gente fez o Krucipha, principalmente, minha influência musical mudou muito. Na verdade, quando a gente fundou o Krucipha, eu não tocava guitarra, comecei a tocar guitarra dentro da banda. Existia um outro guitarrista, éramos em 7 no começo. Aí esse guitarrista não deu certo e o Felipe me disse pra tocar guitarra e eu “como assim? Não sei tocar guitarra”, mas a gente deu um jeito. Nas nossas composições, a gente sempre opta pelo “menos é mais”, sabe? Então, a gente geralmente não pega aquelas composições muito fodas e tal. Aprendi a tocar guitarra por causa do Krucipha, então boa parte da minha formação como músico aconteceu depois. Mas, pra citar algumas bandas: Machine Head, tanto voz quanto guitarra, Sepultura, Soulfly, Cavalera Conspiracy, todo esse círculo Cavalera da história, Lamb of God, Gojira e mais recentemente Decapitated. No começo era mais Kreator por causa do cover, mas a gente vai evoluindo.


Em geral, as bandas diferem muito em seu modo de compor: algumas possuem processos mais centralizados, nas quais um ou dois integrantes são responsáveis por boa parte das composições, outras são menos centralizadas. No Krucipha, como a composição funciona? E a respeito dos temas, quais os principais abordados nas suas letras?
Fabiano: Com exceção da primeira música da banda, que era meio que uma história de uma hipótese, uma parada meio futuro, o resto é tudo basicamente críticas comportamentais, sociais, existenciais e por aí vai. 
Felipe: E a questão de composição: comecei a fazer sozinho, mas agora, no segundo CD, eu o Luiz dividimos bastante, o Luiz assumiu muito das composições.
Luiz: Logo depois que tinha lançado o primeiro disco, que a gente teve um oportunidade de lançar um disco novo e começamos a compor. Eu sempre pego as ideias individuais, o embrião, e mando pro resto da banda e vejo o que eles acham e, a partir disso, a gente vai lapidando. 
Felipe: O legal desse CD é que eu e o Luiz escrevemos músicas separadas e às vezes a gente chegava pra ouvir e falava: “cara, isso aqui tá legal, mas isso não é Krucipha”. Aconteceu isso com umas duas ou três músicas, que morreram na casca. Ou seja, o Krucipha já é uma coisa fora da gente, temos que compor pro Krucipha. Agora o Krucipha já tem uma identidade! Já sabemos como deve soar. 
Luiz: É, acho que a gente tá conseguindo alcançar uma identidade. É tudo na base da tentativa e erro: fazer, ver o que dá certo, o que não dá, e aí você vai achando um caminho mais de identidade nossa. Teve até um amigo nosso que falou: “eu não sei definir o som de vocês”. Que ótimo! A gente já tem um termo que é esquisito e o cara não sabe definir o som… Vai demorar, mas o pessoal vai entender o que é o Metal Pinhão. Quando escutarem principalmente nosso segundo disco, vão perceber que é muita coisa junta que tem um direcionamento que é a nossa cara. 

Atualmente, a banda está fazendo uma campanha no Catarse com o objetivo de arrecadar fundos para a gravação, prensagem e lançamento do  álbum “Inhuman Nature” (acesse a campanha clicando aqui). De onde surgiu a ideia de tornar isto um processo coletivo?
Fabiano: No primeiro disco a gente fez, mas foi um pouquinho menos ambicioso, porque já estávamos com o disco gravado e faltava prensar. Inclusive a gente gravou o disco em 2013, lançou no YouTube e pensou “beleza, uma hora a gente prensa”. Alguns meses se passaram e precisávamos prensar, mas não tínhamos dinheiro. Aí um ex-membro da banda que deu a ideia, já que uma outra banda de Curitiba tinha feito e tinha dado certo. Aí fizemos, deu certo e passamos a meta. E agora com o Inhuman Nature, já estamos há quase 2 anos nesse processo em que tivemos muitos problemas, atrasando em mais de 1 ano o lançamento do disco. Por conta disso, até assumirmos o controle de tudo de novo, precisávamos de grana, porque ainda não tínhamos terminado de gravar o CD na época. teríamos que prensar depois e fazer show de lançamento. Tínhamos, então, três principais custos e decidimos iniciar a campanha. Criamos alguns produtos novos para os pacotes de recompensa e demos início. É uma maneira de envolver a galera, demonstrar o que está vindo por aí. 
Felipe: E é uma tendência hoje, né? As bandas fazer o corre por si só, sem gravadora. Não tem mais aquele modelo antigo de ter uma gravadora que faz tudo e a gente só vai lá e toca. E o Catarse promove muito isso de trazer quem tem interesse pra junto da gente, afinal essas pessoas ouvirão o disco primeiro e participarão do processo.
Luiz: A gente elimina o intermediário. Porque as grandes gravadoras estão cada vez mais quebradas, a indústria fonográfica ficou muito tempo sem se reinventar e agora eles tão chegando num ponto que as gravadoras não têm mais o mesmo poder que elas tinham. Com isso, os músicos estão vendo que vale mais a pena eliminar esse intermediário e fazer o contato direto com o fã, que está realmente interessado. Isso é uma tendência não só no Brasil, mas no mundo todo, principalmente com banda de Metal.




Muitos dos nossos leitores são músicos. Por isso, gostaríamos que a Krucipha desse algumas dicas para bandas iniciantes, de acordo com sua experiência.
Fabiano: Cara, que legal essa pergunta. Significa que chegamos em algum lugar (risos).
Felipe: Então… Como músico, toque para a banda! Não toque pela sua virtuose, toque para a música. Não adianta você conseguir fazer pedal duplo em 260 bpm, se não for o que a banda pede, não interessa. Se você precisar fazer aquela batida do AC/DC a música inteira, é aquilo que você vai fazer e vai ficar animal, se é o que a música pede. Então, toque conforme a música. Por melhor que você seja, não vai deixar de ser bom e as pessoas vão notar que você está tocando, só pelo som que você vai tirar. 
Luiz: Acho que outra coisa importante é o preparo. O Krucipha ficou 2 anos treinando, tocando, se preparando pra só então começar a fazer show. Acho que muita gente não se prepara, fica muito nervoso no palco e tal. Acho que você está preparado quando consegue tocar a música no palco de olho fechado, amordaçado e ponta cabeça. Aí o palco vai ser uma coisa muito mais tranquila de lidar. E até na questão da composição… Nós chegamos no estúdio com as músicas 80% prontas, gravando em casa. Hoje em dia tem muita coisa gratuita disponível que dá pra fazer coisas boas em casa sem gastar uma grana absurda. Só que tem que ter um pouco de noção sobre isso. Analisar a qualidade do que você grava em casa, pra ver se você pode soltar na rua. Então, sempre pedir uma segunda opinião de alguém mais experiente é muito importante. Mas é isso: é muito trabalho, muito esforço. É uma coisa que todo músico fala, que você tem que viajar, tem que ralar. Mas se é uma coisa que você gosta de fazer, é um trabalho que nem parece trabalho. Se você ficar 16 horas gravando no estúdio, como a gente ficava, vai passar rápido, você vai sair pensando “cara, já tá escuro, chegamos aqui de manhã. O que aconteceu com o dia?” É trabalhoso, é desgastante, mas é uma coisa que você gosta, então acaba não sendo trabalho. 
Fabiano: O Felipe falou sobre execução, o Luiz falou sobre produção e acho que tem outra coisa muito importante, que depende muito do objetivo da banda: pensar na banda como um empreendimento. Isso é o gancho do que o Luiz acabou de falar, que tem que encarar seriamente, todo mundo toca, mas também tem que ter alguém que manja mais de administração, marketing, finanças, logística, lidar com clientes e fornecedores, fazer trabalho de cartório e tudo mais. Não temos CNPJ, mas é um empreendimento. Tem muita gente que fala que sua música não é produto, é arte, mas é claro que é um produto. Se não quiser ganhar dinheiro com isso, beleza. Como eu falei, é uma questão de objetivo da banda. 


Agradecemos mais uma vez a disponibilidade do Krucipha em ceder uma entrevista tão proveitosa. Deixamos aqui um espaço para a banda mandar seu recado aos leitores e fãs. Fiquem à vontade.
Fabiano: Então, Inhuman Nature, nosso segundo disco, tá chegando. Ele já tá pronto, já foi mandado pra prensa. Mas o CD digital já tá pronto e quem contribuir com a nossa campanha do Catarse recebe ele no dia seguinte ou dentro de dois dias, no máximo. Vai ser um puta trampo agora pra finalizar esse ciclo do CD, então essa campanha veio pra gente poder literalmente fechar esse ciclo e começar a colher os frutos dele. Hoje foi nosso primeiro show de divulgação, tocamos duas músicas que a gente nunca tinha tocado ao vivo e foi demais. 
Luiz: Quem conhecer a banda e curtir, entra no perfil, comenta, fala onde viu a gente. Vai na campanha e, se não conseguir contribuir, compartilha, manda pra pessoas que você sabe que curtem o som, pra quem vá poder curtir. Porque pode ter assessoria de imprensa boa pra caramba, mas o que vale ainda é o boca a boca. Então, mesmo que não tenha gostado, mostra pra alguém que possivelmente curta. Se você fala pra 3 amigos e esses amigos falam para outros 3 amigos, a coisa se espalha e é isso que a gente precisa.
Felipe: Pra toda a galera que vocês falaram que estão em banda: não desistam, sério. Parece uma burrice, às vezes é uma burrice, mas é legal pra caramba. A gente já esteve em festivais, a gente continua indo em shows, ouvindo as músicas, então tamo junto. E vale muito a pena. Esses dias eu vi um vídeo no Instagram de um cara tocando uma guitarra com um adesivo do Krucipha e eu pensei “isso é legal!”. Cara, é muito legal e tamo junto. Não desistam e ajudem a gente.
Fabiano: A gente quer muito saber onde que as pessoas que curtem o nosso show estão. Acho super irado quando alguém fala onde viu nosso show e o que achou. A gente gosta muito de saber onde essas pessoas estão, porque aí a gente vai meio que criando um mapa, sabe? Sabemos que se formos pra aquele lugar vai ter gente que curte nosso som. Além de ser muito mais fácil de nos aproximarmos de um produtor de evento e oferecer nosso trabalho. E mais uma coisa: o nosso som é composto pra esse momento aqui: para o público. Quando eles chegam com alguma ideia boa, eu sempre penso “cara, isso aqui ao vivo vai ficar muito foda!”. Pra mim não interessa o resto, eu quero que o cara esteja ali na frente e curta muito.


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Entrevista por Karine Nunes e Jordana Aguiar.