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Entrevista: Laboratori (São Paulo/SP)

Formada no final de 2014 em São Paulo, a Laboratori zela por riffs pesados, refrões cantados em português informal e muito groove para abordar o cotidiano e comportamento das pessoas em seu dia a dia.

Sob a sigla RCSF trazem o lema da banda que significa: Respeito, Compromisso, Sangue e Família. Além disso também fortalecem um outro lema sendo comum vê-los falar “Nóis por nóis”, assim estabelecendo sua postura no cenário underground.

Tivemos o prazer de conversar com Jean Forrer, baterista da banda, falando abertamente sobre tudo da carreira e você confere a seguir:

Obrigado por topar a entrevista, Jean. Conheci a Laboratori com um disco de dezessete faixas e achei incrível, como nasceu a banda e de onde vem tanta inspiração na hora de compor?

Jean: Primeiramente, eu que agradeço o convite e o espaço pra falar um pouco sobre o Laboratori. O embrião da banda surgiu em novembro de 2014, o Chili se juntou ao produtor Michel Oliveira e ao longo de um ano, fizeram todas as composições do primeiro álbum, lançado no início de 2016. Só depois do trabalho finalizado, o Chili começou a buscar os integrantes para criar a primeira formação do Laboratori. Eu entrei na banda só em 2017 e de lá pra cá tivemos várias mudanças e sempre nos reinventamos com a chegada de novos músicos. Geralmente nossas músicas surgem a partir de um riff feito durante o ensaio e começamos a desenvolver a estrutura de verso, refrão, etc. Ao longo dos dias apresentamos algumas ideias e vamos lapidando o som. Somos bem caprichosos nos detalhes e acabamentos de cada música.

Laboratori lembra muito bandas que acabaram de homenagear agora com o novo EP “Pede a Bença”, os vocais diretos e muitas vezes um Rap misturado com Rock e Metal. Essa característica foi algo pensada ou foi surgindo durante o processo da banda?

Jean: Acredito que até foi pensado como uma espécie de direção, mas nunca foi uma coisa tão rígida ou que fosse limitadora. Todos nós temos diversas influências, desde sons bem pesados, até coisas com mais melodias e guitarra clean. Cada integrante traz a sua bagagem musical e na hora da composição a gente mistura tudo. Presumo que é exatamente dessas combinações que surge a nossa característica como banda.

Hoje eu considero a Laboratori como uma das bandas mais criativas do cenário, tem um merch completo e é genuinamente brasileira. Tempos atrás vocês passaram por uma barra que ficou apenas você e o Chili (vocalista) na banda, foi como recomeçar do zero. Como foi passar essa barra e como venceram isso?

Jean:
Sem dúvidas foi um momento muito delicado, mas olho pra trás e tenho muito orgulho da postura que tivemos. Fizemos o que devia ser feito e ponto final. O Chili sempre foi meu parceiro e são nesses momentos que descobrimos quem tá com a gente de verdade. Nos aproximamos ainda mais, nos fortalecemos e começamos a reconstrução. Pouco a pouco as coisas foram voltando ao eixo e embora o baque tenha sido grande, não deixei de acreditar nem por um dia no Laboratori.

Muitos reclamam não terem oportunidades e a Laboratori vem furando a bolha da mesmice e alcançando grandes feitos. Como acontece o planejamento de metas e objetivos da banda?

Jean: Normalmente conversamos a respeito dos próximos passos e estabelecemos algumas metas. Eu tenho um calendário onde marco esses objetivos e trabalhamos com esse prazo. Por exemplo, o show de lançamento do álbum estava marcado antes mesmo de começarmos a gravar. Mas a partir dessa data final a gente foi se organizando e fazendo acontecer etapa por etapa. Isso vale até pra pequenas coisas, por exemplo, nesse calendário eu já tenho organizado até os posts que vou fazer nas redes sociais nas próximas semanas.

Composições fortes são algo comum na banda, tem alguma que é a sua favorita por algum motivo e qual seria?

Jean: No geral, eu gosto de todas as músicas. Acho que temos esse consenso de que todos devem estar satisfeitos com a arte que estamos propondo. Eu gosto muito das coisas que o Chili escreve, tem várias frases muito boas. Mas, falando como baterista, a minha preferida é a “Quem é Quem”, acho que é o meu melhor “cartão de visita”, tem pedal duplo a milhão, groove, o lance dos chokes nos pratos que eu gosto muito de fazer, enfim.

O novo EP ‘Pede a Bença’ traz uma homenagem à três grandes bandas de todos os tempos, O Rappa, Charlie Brown Jr e Planet Hemp. Como surgiu essa ideia e como tem sido a aceitação do público?

Jean: Como estávamos divulgando o “Dívidas, Tretas, Muita Perseverança e Pouco Dom”, lançar um single ou EP iria acabar “matando” o álbum, compor um full daria um trabalho enorme pro momento, então, veio a ideia de fazer esse tributo. É bem comum as bandas lançarem releituras, o próprio Metallica com o Garage Inc, por exemplo. Então, seguimos nessa linha e prestamos a nossa homenagem às bandas que nos influenciaram e pavimentaram os caminhos pra estarmos aqui.

Anteriormente falei sobre o merch, e piro muito vendo as camisetas de vocês e outros produtos. No seu ver, qual a importância de um merch completo para uma banda?

Jean: Eu costumo brincar que o Laboratori é uma loja de roupa e que a música é só pra disfarçar (risos). Graças ao merch que nós conseguimos ter um pouco de caixa pra investir no Laboratori, sem dúvida nenhuma é o grande combustível pra uma banda undeground. E faz parte de um processo de construção. Começamos com uma camiseta, depois fizemos outros modelos, depois o boné, bermuda, moletom, assim por diante, até tênis a gente chegou a vender alguns. Estamos sempre tentando desenvolver novos produtos e continuar fazendo a roda girar.

Para uma banda que lança bons EP’s, álbuns, singles e videoclipes é sempre bacana perguntar para repassarem essa visão. Qual a importância de cada um e como a banda pode traçar os objetivos para lançar cada um de forma casada?

Jean: Essa é uma pergunta difícil porque bate direto com a “crença” de cada um. Pra mim, um álbum é um material mais forte, mais completo, e você consegue passar um panorama melhor do que é a banda. Porém, é algo que demanda muito esforço, tempo, dinheiro, e por aí vai. Um EP é uma versão “econômica” do álbum e lançar singles com clipe, por exemplo, mostra que a banda está em constante atividade. Não acho que tem “certo ou errado” nem “melhor ou pior”, é importante ter consciência de como as pessoas consomem música hoje em dia, qual o tamanho do seu público, o número de pessoas engajadas com seu trabalho, etc. Acredito que toda a energia investida deve ser proporcional ao momento da banda e aos objetivos traçados, ter os pés no chão na hora de fazer essas escolhas pode evitar frustrações.

Laboratori com seus inúmeros shows devem ter passado por muito lugar memorável. Antes de terminarmos queria saber qual foi o lugar que deixou lembranças positivas para o Laboratori e se pudesse contar um pouco sobre.

Jean: No fim do ano passado tivemos a oportunidade de tocar no 46 Fest, o evento organizado pelo Project 46. Esse foi o melhor show que já fizemos por uma série de fatores: a oportunidade de tocar no Carioca Club, uma casa bem relevante aqui em São Paulo, estava muito cheio e o público correspondeu bem demais as músicas, o som estava excelente, vendemos bastante merch, firmamos novas amizades, enfim, por todo esse contexto eu digo que foi a melhor oportunidade que já vivenciamos.

Jean, gratidão por terem topado e contem sempre com O SubSolo como a casa do Laboratori. Deixo o espaço para elogiar mais uma vez a criatividade e o trabalho da Laboratori e alguma mensagem para os nossos leitores?

Jean: Eu que agradeço o espaço e o apoio ao Laboratori e muito obrigado a todos que se interessam e acreditam no corre da banda. Cada mensagem que recebemos, cada pessoa que se importa, aumenta a nossa motivação a continuar trabalhando. Vamo que vamo, RCSF é o que vira pra nóis!

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.