Luis Mariutti é o que se pode verdadeiramente chamar de lenda do Metal Nacional. Com sua técnica única no baixo, criatividade incontestável e currículo invejável, Luis participou da formação embrionária e do lançamento de alguns dos mais importantes álbuns da história do Heavy Metal em nosso país.

Bem sucedido em todos os seus projetos, Luis Mariutti já esteve no Angra, Shaman e atualmente mantém sua carreira solo, o Mariutti Team Zine e a superbanda Sinistra, além de tantas outras bandas e projetos.

Toda sua trajetória de muitas batalhas e conquistas receberá mais um capítulo muito importante em Janeiro, com uma espécie de celebração da sua carreira com o especial ShamAngra, onde toda sua carreira será revisitada.

Conversamos com Luis Mariutti que nos contou tudo sobre o Shamangra e os demais projetos que está envolvido, além de nos relembrar momentos importantíssimos de sua trajetória.

Luis, primeiramente, obrigado por seu tempo e disponibilidade para o público d’O Subsolo, é uma honra para nós tê-lo em nosso site! Não temos como começar de outra forma que não o que está por vir de mais imediato. Por favor, nos conte tudo sobre esse showzaço do ShamAngra em janeiro.

Obrigado pessoal! Esse evento é um passo à frente na trajetória do Mariutti Team. Quem nos acompanha sabe que realizamos muitos eventos, mas é a primeira vez que temos a oportunidade de fazer um evento em uma grande casa de shows como a Audio, reunindo um time de estrelas do Metal Nacional. Para nós é uma honra e a oportunidade de mostrar o quanto crescemos como comunidade, zine e, no meu caso particular, artista, já que vou aproveitar o evento para fazer o show de lançamento do meu primeiro disco solo Unholy.

Revisitar toda sua carreira e montar um setlist com tantos clássicos na sua trajetória não deve estar sendo tarefa fácil. Já podemos imaginar algumas das músicas que não poderão faltar no show, mas quais critérios você está seguindo para compor esse setlist?

O critério foi unir músicas do Angra e Shaman, da minha formação, de uma maneira que elas conversassem e parecessem o show de uma banda só.

Você recentemente também lançou o seu primeiro álbum solo,”Unholy”, que também terá seu show de lançamento no evento do ShamAngra. Porque você esperou tanto tempo para lançar um trabalho nesse formato e como vem sendo a receptividade do público?

Eu nunca imaginei fazer um disco solo, sempre fui um cara de banda. Mas as circunstâncias no início do ano, que me fizeram terminar minha participação com essa última formação do Shaman, me colocaram diante dessa possibilidade. E eu encarei como um novo desafio na minha vida. Consegui entregar um disco de 8 músicas em menos de 8 meses de trabalho. Compondo, gravando, arranjando… Tive o apoio de grandes profissionais nessa empreitada, o que só me deixou mais confiante de estar entregando um trabalho de alta qualidade. Infelizmente o algoritmo dificulta a entrega de novos trabalhos, concentrando na entrega de projetos como ShamAngra, e tudo que gira em torno dos sucessos da minha carreira. Mas tive um feedback muito bom no meu canal, alcançando 27k no meu primeiro vídeo clipe o Unholy. Espero que o show na Festa da Firma ajude o trabalho a chegar em mais pessoas, para firmar a tour Unholy em 2024.

Apesar de se tratar de um disco com a maior parte das músicas instrumentais, o álbum é bastante cativante e não peca pelo excesso de virtuosismo e falta de feeling. Como foi o processo de composição de “Unholy”?

Eu comecei buscando loops de baterias, para me aproximar do estilo de compor, no qual eu estou familiarizado. Fazendo JAMS comigo mesmo, eu buscava, grooves, riffs, refrões que fizessem sentido para a música que eu estava querendo criar. Colocava linhas de baixo sobrepostas, oitavadas, com baixos diferentes, regulagens diferentes, tudo para preencher e deixar o baixo como o instrumento principal. Quando eu construía algo interessante pedia para Fernanda gravar e assim fui preparando as músicas para enviar para o Hugo Mariutti. Ele colocava os arranjos, as guitarras pontuais, com o bom gosto e sensibilidade de quem me conhece muito. Assim fomos progredindo até o momento de gravar no Estúdio Fusão com o Thiago Bianchi, que fez a mágica acontecer.

Recentemente você e sua esposa e manager, Fernanda Mariutti, fizeram um vídeo onde de certa forma desabafam sobre o nosso cenário. Como você encara o momento que vivemos no Metal no nosso país e no mundo?

Não existem dúvidas que o Brasil é um grande Polo do Metal Mundial. Alguns fatores estão saturando o nosso mercado, como o boom de shows pós pandemia. Estamos sendo sobrecarregados de shows internacionais caríssimos, que atropelam a dinâmica do nosso circuito. É sabido também que a régua que mede o artista nacional é muito mais crítica, e muitas vezes até cruel, e com quase 53 anos, eu não deveria mais passar por certas situações. Fora aquele sentimento de que o artista brasileiro vai estar mais “disponível”, que o internacional. Muitos se prenderam nesse conceito e não aproveitaram o Shaman Reunion, por exemplo. Seguimos em frente, com a fé no nosso compromisso com o Metal Nacional!

O Mariutti Team também mantém seu próprio Zine que ainda sai no formato impresso, contrariando a proposta da maioria das mídias que vem se tornando quase que totalmente digital. Você acha que ainda vale a pena trabalhar com material físico como revistas e CDs?

Para o artista de Metal independente o material físico é fundamental. CD, camiseta, adesivo, materiais diversos que levam o seu logo, são divulgação e uma parte da renda, que muitas vezes ajuda a banda a se manter. Hoje em dia existem diversas possibilidades de parcerias, venda por demanda, pré-vendas, que não exigem necessariamente investimento.

O Mariutti Team conseguiu unir o modo antigo e o novo de fazer metal, apresentamos uma ideia antiga que é fazer um zine, com a proposta integrada das redes sociais. E-zine gratuito, entrevistas online, reviews e a boa e velha revistinha em casa. São experiências que fortalecem a cena, e ao mesmo tempo que abrimos uma nova frente de trabalho, abrimos oportunidades para novas bandas e artistas.

Por estar inserido neste universo do Angra que é muito forte em nosso país, você sempre esteve rodeado de muitas polêmicas, mas nunca foi o pilar de nenhuma delas. Como você faz para se manter blindado dos posicionamentos tóxicos que maculam a nossa cena?

Eu tento focar nas coisas boas. Manter a comunidade do Mariutti Team saudável e segura para todos. Tento, também, dar bons exemplos. Claro que muitas vezes eu não consigo me blindar e fico mal, acabo respondendo um hater, e logo me arrependo. Porque eu fiz a escolha de focar nos bons comentários, nas pessoas que realmente gostam do meu trabalho e me apoiam, são elas que merecem que eu desprenda minha energia.

E como tem sido fazer parte do Sinistra? É mais um projeto no qual você se envolve com um resultado artístico simplesmente fantástico.

Tocar com o Nando, Edu e Rafael é ótimo, nos damos muito bem no palco, é divertido tocar, fazer os shows. Espero que o próximo disco seja ainda melhor e possamos aumentar a turnê e chegar a cada vez mais pessoas.

Você fez e faz parte da formação embrionária e dos primeiros discos de três das bandas mais importantes da história do Brasil, o Angra, o Shaman e a Sinistra. Você encara isso como algo positivo ou se cobra de alguma forma por esse fator?

Me sinto feliz e honrado por isso, e também sei que tudo que me aconteceu foi fruto de muita dedicação e estudo. Não tenho arrependimentos, apenas a certeza que consegui manter a qualidade durante toda a minha carreira e que construí um belo legado.

Bom, antes de encerrarmos, vamos te colocar numa saia justa, mas no melhor sentido possível. Se você pudesse escolher apenas uma música do Angra, do Shaman, da Sinistra e do seu disco solo que melhor representam cada um deles, quais seriam?

Never Understand do Angra, Reason do Shaman, Quem é Você? da Sinistra e The Eye of Evil do álbum solo.

Luis, novamente, muito obrigado pela honra e oportunidade de conversarmos com você. O espaço n’O Subsolo está sempre aberto para você e todos seus projetos, e pedimos que você deixe um recado para os nossos leitores.

Obrigado pela entrevista pessoal. Continuem acompanhando as redes sociais do Mariutti Team e compareçam na Festa da Firma!!

A Hell Yeah Music Company surgiu em 2020 a partir do sonho de dois amigos, Luis Fernando Ribeiro e Leandro Abrantes, que se conheceram há 15 anos por meio do Heavy Metal e tomaram-no como trilha sonora de suas vidas e matéria prima de sua arte. Respeito, valorização, criatividade e amor pelo que fazemos são nossos pilares. A #HYMC nasceu para quebrar padrões, ignorar estereótipos e dar suporte às bandas brasileiras que compartilham do mesmo sonho que nós. Baseada em Florianópolis, SC, a Hell Yeah atende bandas de todo o Brasil e de Portugal. Hell Yeah Music Company, música como experiência.