Banda com mais de duas décadas de história, o SubSolo teve a oportunidade de trocar uma ideia com o baterista do TUMULTO, Márcio Duarte. Vem conferir essa entrevista maneira, onde ele fala sobre a banda, a carreira, a regravação do “Conflitos Sociais” e de sua história de superação com o câncer que teve em sua perna e que quase o impossibilitou de tocar!



Márcio, obrigada pelo tempo dispensado ao nosso blog. É uma honra poder conversar com uma banda com tantos anos de história. Para começarmos, conte-nos mais sobre a história da banda e de como ela foi formada.

Márcio: Muito obrigado por esse espaço! O Tumulto começou em 1991 e nessa época foi muito importante por que com 7 meses de formada recebemos um convite para gravar o LP-Split com a banda Morthal e em menos de 1 ano de banda estávamos em um estúdio gravando um LP com a produção do Redson (Cólera) e dessa formação ficou somente eu (Márcio Duarte), assim estamos 25 anos e com alguns materiais gravados e rodamos bastante pelo Brasil.
Vi o show de vocês no Maniacs Metal Meeting e achei incrível. Inclusive, no MMM, você, ao final do show, agradeceu bastante emocionado pela oportunidade de estar em cima do palco mais uma vez, falando, também, do câncer que teve em sua perna tempos atrás. Poderia nos contar um pouco mais sobre essa história? 

Márcio: Na verdade gostei muito de tocar no MMM, estrutura, público, amigos antigos e novos, tudo isso completa a satisfação de um evento como esse. Ensaiamos bastante para poder realizar um bom show que é o mínimo que temos de fazer. Sobre o câncer que eu tive, foi em 2009, descobri um sarcoma maligno na coxa esquerda e foi assustador porque tinha risco de morte, já que tinha 10% chance de cura na cirurgia, tinha risco de perder a perna; além de ter que fazer quimioterapia e radioterapia, mas no final deu tudo certo e hoje estou curado, fiquei com algumas sequelas porque perdi movimentos da perna, mas como falei no show, na hora que vou tocar bateria [a perna] funciona porque tive que adaptar para tocar os 2 bumbos! Hoje ando de moletas e estou muito bem.

Vocês regravaram recentemente o “Conflitos Sociais” de 1992. Como se deu o processo de regravação? E quanto à repercussão, tem sido positiva?

Márcio: Na verdade sempre tive vontade de fazer essa regravação, até mesmo porque muita gente não conhece esse trabalho de 1991, ele ficou no passado, mas para nós da banda, ele é muito importante porque sempre tem alguém que pergunta se “é o Tumulto do LP” quando tocamos pelo Brasil, e deu certo fazer isso [a regravação] depois de todo o processo de recuperação para eu poder voltar a tocar. O legal é que gravamos esse CD com a nova formação, o Rafael Feldman tinha entrado na banda e foi interessante e, logo que saiu o CD, fomos fazer uma pequena tour por Santa Catarina e divulgamos legal, agora vamos divulgar nos zines. Até o momento está muito positiva; fizemos 3 homenagens às bandas que gostamos como o Cólera, Câmbio Negro HC e Ação Direta.

Há planos para uma turnê?

Márcio: Sim, esse ano vamos para o nordeste e com certeza será muito legal voltar lá depois de tanto tempo. Além do nordeste, temos ideia de tocar em outros lugares, mas ainda não definimos isso.

Vocês estão com 25 anos de banda. Quais as maiores dificuldades encontradas no decorrer desse tempo?

Márcio: Acredito que a maior dificuldade durante esses anos é manter a energia boa para poder tocar, porque na verdade, fazemos isso porque gostamos; não somos movidos a dinheiro, até porque no nosso caso, não ganhamos grana com a banda, então é manter a alegria em tocar e fazer o que gosta e para isso, é cuidar muito onde toca e com quem toca, mas não vejo outras dificuldades!


Vocês, como veteranos da cena, dariam quais conselhos para quem está começando agora?

Márcio: Na verdade, não tem uma receita pronta para passar para as pessoas, mas o que eu gosto de falar para os amigos que vão começar é (até porque foi o que eu mais vi durante esses anos): Não comece uma banda querendo o sucesso das grandes bandas, não toque para agradar o público (toque o que gosta e faça de coração), tente sempre fazer de forma profissional. Isso vai evitar frustrações, que é o que mais acontece no nosso meio!

O que os fãs podem esperar de vocês em 2017? Algum projeto em andamento?

Márcio: Queremos lançar um CD com músicas novas ainda esse ano e com certeza vamos fazer o máximo que der de shows!

Pro Tumulto, qual é o atual cenário do underground no Brasil?

Márcio: É uma resposta complexa, porque cada região tem uma realidade, mas acho que o grande problema no geral, é o tal do underground mal feito, show sem estrutura, com uma galera que não está nem ai com a banda e sim com cachaça e “tosqueira”. Mas, também, temos o lado bom, que é muita gente que faz shows com uma boa estrutura e bandas legais. Mas acho que o público está menor nos shows, não sei se é porque hoje temos muitas oportunidades de shows; enfim, tem seus lados bons e ruins, como qualquer outro meio. Cabe a cada um de nós fazer a nossa parte, igual você está fazendo: divulgando o trabalho das bandas!

Poderia deixar algumas palavras para os leitores d’O SubSolo?

Márcio: Muito obrigado por esse espaço e realmente agradeço esse apoio. É só assim que conseguimos divulgar nosso trabalho e, adoramos tocar em Santa Catarina em 2016!! Com certeza, vamos fazer muito Tumulto ainda! Abraço à todos!
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