O Punk Rock uniu três amigos e em 2013 eles fundaram na cidade de Brusque/SC, o Morenas Azuis.

Já em 2014 a banda lançava seu primeiro disco autointitulado e de lá pra cá lançou vários videoclipes, mais um disco (Tudo Pelo Social) e está prestes a lançar um novo EP. Tivemos o enorme prazer de conversar com Fabio Pioczkoski, conhecido como Pio, baixista e fundador da banda. A entrevista conta com participação de todos os membros do Morenas Azuis e você pode ler na íntegra a seguir:



Qual foi o primeiro contato de vocês com a música?
Lucas Rhuan (guitarra e voz): Ganhei uma gaita de boca do meus pais quando tinha uns 4 anos. Dai ficava brincando de imitar as músicas que meu pai colocava pra tocar. Aos cinco, meu pai fazia aulas de teclado, dai ele me ensinou algumas músicas e eu ficava tirando outras de ouvido. Mais tarde com 10 anos, comecei a fazer aulas de violão.

Pio (baixo e voz): Sempre gostei de música, desde pequeno. Meus pais ouviam muita música sertaneja de raiz (Texeirinha, Trio Parada Dura, Tonico e Tinoco), e também ABBA, Jovem Guarda, e foi ali meu primeiro contato. Na adolescência me identifiquei com o Rock, e por consequência o Punk Rock. Aos 15 anos depois de ver um show de uma banda cover, pensei que se eu escrevesse as minhas próprias letras e fizesse as minhas músicas, isso poderia chamar a atenção, pois seria diferente. Na época não sabia nada de nada, nem sequer o significado de underground rsrs. Mas foi assim, escrevi a minha primeira letra em 2001, em 2002, comecei a aprender a tocar violão (até então não sabia tocar nenhum instrumento), e em 2003 formei a minha primeira banda, a Cummings.

Renan (bateria e voz): Desde criança eu já juntava umas latas de Nescau pra ficar batucando. Com meus onze anos comecei a ouvir rock. Colocava um CD pra tocar e ficava eu tocando bateria imaginária, foi assim que aprendi a tocar. Aos quinze anos comprei minha primeira bateria e formei minha primeira banda.
Como surgiu o “Morenas Azuis”?
Pio (baixo e voz): Todos os integrantes já haviam tocado em outras bandas da cena anteriormente. Em março de 2012 Lucas Rhuan reuniu o pessoal com o objetivo de montar uma banda. Renan para a bateria, Pio para o baixo, e Junior Santos para a segunda guitarra. Após alguns encontros e ensaios Junior decidiu sair do projeto. Os 3 continuaram a se encontrar toda semana em uma praça, com violões e algumas ideias. Nesses encontros surgiu a ideia de montar uma banda: “The Pijamas” onde a proposta seria fazer músicas com humor e abordando todo o universo do pijama, sono, dormir e etc…. logo nasceu a música “Toda Noite” que posteriormente viria a ser uma das faixas do primeiro disco do Morenas Azuis. Depois de alguns encontros, Pio decide sair do projeto, e por fim cada um segue seu caminho. Em janeiro de 2013 os 3 se reencontram na festa de aniversário de Lucas Rhuan, onde rolou uma Jam. No dia seguinte resolvem marcar um ensaio para tocar os sons das suas bandas preferidas. A partir de então começaram a ensaiar apenas por diversão e no meio disso começaram a surgir as primeiras composições. Logo decidem abandonar os covers e focar apenas nas autorais. Em agosto do mesmo ano entram em estúdio para gravar um Ep com 3 faixas. Após receber o material gravado, a banda decide não lançar as músicas, por considerar que ainda não estavam prontos. Das 3 faixas gravadas, 2 delas nunca foram lançadas. Então após 1 ano e meio apenas ensaiando, a banda faz o seu primeiro show em junho de 2014. E em setembro do mesmo ano entra em estúdio para gravar o seu primeiro álbum. Deste então são dois álbuns lançados e 4 videoclipes oficiais.

Como foi escolhido o nome da banda?
Pio (baixo e voz): Foi algo bem complicado na época. Já estávamos ensaiando há mais de 1 ano e ainda não tínhamos um nome. Cogitamos vários, mas sempre que íamos pesquisar já existia. Até que um dia tivemos a ideia de brincar com os nomes de algumas bandas que curtimos, e dentre elas o Ramones. Escrevi em um bloco de notas os nomes dessas bandas e comecei a embaralhar a ordem das letras até que cheguei no Morenas, que é um anagrama de Ramones. O azuis veio em consequência de alguns discos que gostamos. Como podem ver na imagem abaixo: 


Vocês tem dois discos gravados. Como foi produzir cada um deles?
Pio (baixo e voz): Bom, foi um processo bem interessante em ambos! O primeiro, gravado em 2014, fomos até Porto Alegre e ficamos 10 dias lá gravando. Tiramos férias e tal… foi um processo bem legal e interessante de se fazer. Conhecemos várias pessoas, que até então eram somente amigos de internet, fomos a shows, ensaios de várias bandas da cena de POA, e firmamos muitas amizades. Quando gravamos o segundo álbum, em 2016, repetimos a dose. Fomos pra lá e ficamos mais 10 dias, mas dessa vez aproveitamos para fazer alguns shows, e também nos apresentamos no Programa RADAR da TVE, que era um sonho antigo já, visto que muitas bandas que admiramos já se apresentaram neste programa. A parte em estúdio foi algo muito enriquecedor, pois já tínhamos um pouco mais de experiência, e a produção teve um salto enorme, em termos de arranjos, letras e composições. Digamos que o primeiro disco foi mais cru e o segundo mais elaborado. Desde 2014 nos organizamos e vamos todo ano pra lá, seja para gravar ou fazer alguns shows. Criamos um elo muito bacana com a turma e quando vamos pra lá nos sentimos em casa e somos muito bem recebidos. 

Como é realizado o planejamento da banda?
Pio (baixo e voz): Desde o início da banda sempre fomos organizados e focados. O fato de que todos já haviam tocado em outras bandas contribuiu muito pra isso. Então os três já haviam passado por vários perrengues e aquela coisa toda que as bandas passam no começo. Não que pularíamos essa etapa, mas com a experiência podemos prever algumas coisas e nos precaver com outras. Uma das coisas que priorizamos desde o começo foram os ensaios toda semana, e um caixinha para poder financiar as produções da banda. No começo cada integrante colocava R$ 260,00 por mês. Com esse valor pagávamos a sala de ensaio e sobrava R$ 600,00 todo mês no caixa. Quando fomos gravar o primeiro disco, já tínhamos todo o valor da gravação, da prensagem do CD e ainda fizemos um videoclipe. Hoje contribuímos com menos, mas todo mês sem falta entra algo no caixa, seja através de merchandising ou dos nossos depósitos. Aí dividimos as tarefas entre nós. Um cuida do financeiro, nos revezamos nas redes sociais, outro é responsável pela distribuição digital das músicas, e cada um faz um pouco pra não sobrecarregar em um só. Temos uma agenda compartilhada e todos colocam os seus compromissos lá, e assim todos ficam sabendo dos compromissos de cada integrante. Por exemplo: O Lucas Rhuan (guitarra e voz) também toca na banda Etílicos e Sedentos, e então quando eles fecham um show, ele já compartilha isso na agenda, e caso apareça alguém querendo contratar a gente para o mesmo dia, já sabemos que essa data não rola. Temos um cronograma de ações que vamos executando conforme está o caixa da banda. Dessa forma conseguimos ensaiar/produzir/gravar/viajar e se divertir bastante. Basicamente é isso.


Eu particularmente adoro os clipes de vocês. Como decidem qual música ganha um clipe e como é o planejamento do roteiro?
Pio (baixo e voz): Bom, isso eu acredito que é algo particular de toda banda. Geralmente os integrantes de toda banda, quando tocam/gravam tem em mente aquela ideia de música de trabalho, aquela que soa legal, que a galera curte no show  ou que teria um apelo comercial/radiofônico e etc… Pra nós tem um pouco disso e também vem das ideias que surgem e das bandas/influência que consumimos. Tipo: Essa ideia seria legal para tal música! Então a gente anota essas ideias, conversa e discute junto e vê o que pode ficar legal, e o que realmente é possível. Elaboramos tudo e depois finalizamos em conjunto com o produtor.

Pensam em lançar um terceiro disco? Já compuseram sons novos?
Pio (baixo e voz): Sim, e não! rsrs Bom, a gente está sempre compondo e temos vários sons novos. Desde o início da banda creio que temos uns 8 sons que compomos e simplesmente descartamos. Hoje nem sequer tocamos mais. A pegada da banda mudou/evoluiu e foi para um outro rumo, onde algumas músicas lá do início não se encaixam mais. Sobre gravar um novo disco, talvez em 2020 ou 2021. Em julho de 2017 gravamos um Ep com 2 faixas, que serão lançadas agora em outubro. Em setembro de 2018 gravamos um outro Ep com 3 faixas e este deve ser lançado em março/abril de 2019. E os planos é lançar um terceiro Ep lá pra final de 2019 também. E se tudo correr conforme o planejado, deve sair algum videoclipe no meio disso tudo.

Toda banda tem histórias muito bacanas. Qual história marcou a banda até agora?
Pio (baixo e voz): Bom, isso é uma baita verdade. Temos algumas, mas sem dúvidas a que mais nos marcou foi uma que aconteceu durante as gravações do nosso primeiro CD. Vamos lá… Em maio/junho de 2014 começaram a divulgar as dadas da turnê de CJ Ramone no Brasil, e um dos shows seria em POA. Agendamos a gravação para o mesmo final de semana do show, pois assim poderíamos conferir o Ramone ao vivo. E foi tudo tranquilo, show muito legal e etc… até que quando estávamos indo embora nos perdemos do nosso produtor, Davi Pacote (Os Torto, Ex Tequila Baby, e trocentas bandas do RS). Lá pelas tantas ele nos liga e fala para irmos até o hotel tal na rua tal… não lembro o nome… rsrs mas pegamos o primeiro táxi e nos mandamos pra lá. Ao chegarmos lá, entramos no saguão do hotel e ali estavam CJ e sua banda, bem como Davi pacote e mais algumas pessoas. O CJ não nos viu entrar e quando acabamos de chegar e cumprimentar os nossos amigos ele virou de costas e ofereceu um pedaço de Pizza, pois estavam ali comendo e havia sobrado bastante, e então ele distribuiu pra galera. Tiramos foto e aquilo tudo, e ficamos ali no saguão todos sentados conversando. Nesse momento estávamos em 10 pessoas, incluindo CJ Ramone e o seu guitarrista de apoio Dan Root (guitarra – ADOLESCENTS). Lá pelas tantas ele sugere de fazermos algo, ir em algum bar enfim… Então ele subiu pro hotel, tomou um banho, desceu usando tipo aqueles agasalhos de atletas, e saímos a pé pelas ruas de POA, atrás de um bar ou coisa do tipo. Caminhamos por 40 minutos e chegamos em um local que estava fechado (era feriado de 7 de setembro e nem nos ligamos haha) e logo a frente tinha um lugar que estava rolando pagode ou samba e aí nem o CJ quis ficar ali. Decidimos então que compraríamos umas cervejas e voltaríamos pro hotel de táxi e assim foi feito. Nessa hora o CJ puxa R$ 50,00 pila do bolso e da para ajudar a comprar as cervejas. Ali no Hotel, ficamos todos sentados em volta de uma mesinha de centro e nos revessávamos fazendo perguntas e ouvindo histórias enquanto bebíamos algumas geladas.  Muitas histórias e coisas que nem estão em livros. Aí de repente ele pergunta se queremos ouvir a mix final do disco novo dele que seria lançado nos meses seguintes. Então ele pegou seu celular, pediu para que ninguém gravasse nada, colou na mesa de centro e ali fizemos a audição de “Last Chance to Dance” na integra, antes que o mundo pudesse conhecer… Olha, foi surreal, e acreditamos que vai ser bem difícil de vivenciarmos uma história que possa superar essa. Mas nuca se sabe o que o futuro nos pode nos propor, e por isso estamos abertos ao que vier.



Como é a cena na região de vocês e qual banda indicariam a nossos leitores para conhecerem?
Pio (baixo e voz): Bom, falando especificamente de Brusque/SC, temos uma cena bem diversificada por aqui. Muitas bandas e em sua maioria, de diferentes estilos.  Temos bandas mais antigas e já consolidadas, como o caso da Etílicos e Sedentos, Claviceps Purpúrea, ambas com mais de 10 anos de atividades, vários discos e clipes lançados. E outras outras bandas mais mais recentes, dentre elas: Rangones, Mosaico Híbrido, Lost Pines, Stall the Orange, Pobre Ventura, Arco Elétrico, Raging war, Soulthern, MFAs, In Pace, Miupis, 7:27 e outras que agora não me lembro.

E pra quem quiser conhecer o trabalho de vocês, como podem entrar em contato? Deixem abaixo os links para que os nossos leitores possam ter acesso:

Contatos para Shows:
E-mail: morenasazuis@gmail.com
Fone: (47) 9 9164-7858 (também whatsapp)

Links para ouvir os CDs:

Links para assistir os videoclipes:
– 2017 – Videoclipe música “Quem Sou?”: https://www.youtube.com/watch?v=kZcglLwUIZA
– 2016 – Videoclipe música “Gente”: https://www.youtube.com/watch?v=CU5Q9uWzS64
– 2015 – Videoclipe música “Óbvio”: https://www.youtube.com/watch?v=lY8U9oc-O74
– 2014 – Videoclipe música “Sortudo”: https://www.youtube.com/watch?v=t3IFCH9yeUU

Links para redes sociais:

Quero agradecer a disponibilidade da banda, quero desejar um futuro cheio de sucesso. Qual a mensagem aos nossos leitores?
Pio (baixo e voz): Nós é que agradecemos a oportunidade dessa entrevista e todo o apoio que O Subsolo tem dado ao Morenas Azuis, bem como para  toda a Cena. A mídia independente é muito importante para o fortalecimento da cena e o crescimento dela. A mensagem que deixamos para os leitores é que compartilhem as matérias, isso dá um trabalho danado pra fazer e não custa nada o apoio. Frequentem shows, conheçam novas bandas, aquelas frases e afirmações clichês, mas que não custa reforçar aqui. E para quem tem banda, siga firme na caminhada, se divirta bastante, ensaie, produza, apoie outras bandas e seja feliz. Tudo que vier é consequência do trabalho. Não alimentar muitas expectativas pode ser uma ótima alternativa, mas ficar parado esperando as coisas caírem do céu não levará a nada. O lance é dosar e encontrar o equilíbrio da própria banda, respeitando o tempo, as diferenças, limitações e opiniões dos próprios integrantes. Tendo isso alinhado, todo o resto flui naturalmente. Obrigado mais uma vez O Subsolo, até a próxima!
Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.