Durante a segunda edição do Frai’n Hell, em Lages/SC, tivemos a oportunidade de conversar com o vocalista e idealizador da banda XAKOL.

Saulo “Xakol” Castilho (vocal, baixo, bassoura, guitarra, composições), Rafael Azevedo (guitarra), André Freitas (guitarra), Gil Lima (bateria), Thiago Moser (baixo) e Daniel Schlemper (teclado) formam o XAKOL, banda de Power Metal de Florianópolis/SC.

Confira a entrevista na íntegra:

Primeiramente, agradecemos pela disponibilidade em conceder esta entrevista. Nossa primeira pergunta é a respeito do estilo do XAKOL: como foi optado pelo Power? Quais as principais influências?
Saulo Castilho: Eu comecei a gostar de Metal Melódico/Power Metal em 2002. Conheci Rhapsody, Sonata Arctica e estas foram as primeiras bandas do estilo pelas quais me apaixonei de verdade. Depois de um tempo comecei a gostar muito de Metal Progressivo, com bandas como Symphony X, Dream Theater e Pain of Salvation. Estas são minhas principais influências.

Pode nos contar um pouco mais sobre a iniciativa da banda?
Saulo: Eu já tive outra banda de Power Metal aqui em Santa Catarina, que era a Alpha Six. Em 2007, tocamos em Criciúma e outras regiões de SC. Quando a banda acabou, fiquei um tempo meio afastado, mas a minha intenção era ter um projeto meu. Já tive muito estresse com várias bandas, pois cada um queria uma coisa diferente, tanto em termos de objetivo da banda quanto em composições. Então, eu quis fazer um negócio meu mesmo, no qual eu não dependesse de ninguém. Eu já tinha muita música pronta naquela época e eu queria ter um registro delas. Pensei que, antes de morrer, eu deveria ter o registro da minha obra, então eu precisava gravar um CD com as minhas músicas. O CD ainda não saiu, mas eu já fui atrás de produtor e está meio encaminhado. Em uma brincadeira, durante o meu aniversário, chamei os amigos para tocar algumas delas e então teve mais gente que apareceu se interessando. A galera se empolgou e resolveu abraçar o projeto e estamos na estrada agora.

Então, o processo de composição é mais centralizado em ti, certo? Com composições que você já tinha há algum tempo.
Saulo: Isso! Tudo já estava pronto antes de a banda começar. Por pouco que o CD não está pronto antes de a banda ser formada (risos).

E, a respeito do nome da banda, de onde surgiu XAKOL?
Saulo: Essa é uma coisa complicada de explicar. Mas é o seguinte: quando eu tinha 13 anos, a internet estava surgindo aqui e não existiam as redes sociais como hoje em que as pessoas utilizam seus nomes verdadeiros. Na época, ninguém usava o nome de verdade; era muito raro. As pessoas inventavam um nickname, geralmente em inglês ou algumas coisas bem clichês com caracteres diferentes. Em meio a isso, eu queria alguma coisa minha, que não tivesse ninguém no mundo com algo igual. Então, o que eu fiz foi juntar algumas letras: o “X” foi o junção das minhas iniciais, o “S” e o “C”, que tem uma explicação tanto gráfica, quanto fonética; o “K” é também uma questão estética e pelo meu sobrenome começar com “Ca”; o A, o “O” e o “L” são as letras que eu tenho tanto no nome, quanto no sobrenome. Juntei tudo isso e, com algumas explicações numéricas, já que eu gosto muito do número 5, foram 5 letras. Um nome curto e bem original, que não pertence a nenhuma língua.

O Power Metal é um estilo conhecido por suas temáticas clássicas: fantasia, temas épicos, entre outros. O XAKOL segue esta linha?
Saulo: A maioria das pessoas associa o Power Metal a dragões e RPG, por exemplo. Gosto muito de bandas que possuem essas temáticas, mas não gosto muito de escrever sobre isso, prefiro temas da vida real. A temática do XAKOL é mais ou menos minha história de vida. A música é a forma que eu encontrei de expressar meus sentimentos, minha visão sobre o mundo. Então, experiências de vidas, coisas que aconteceram, a forma como eu enxergo as coisas e também muitas sacadas, duplos sentidos. Por exemplo, a música que a gente gravou com o Detonator (Massacration), que é só zoeira mesmo, explorando o duplo sentido: a mesma letra tem um significado em inglês e outro em português, que é um trocadilho. Em algumas letras, eu conto uma história do dia a dia através da linguagem do Heavy Metal, com os clichês, mas às vezes não tem nada a ver… Pode ser uma música sobre pernilongos, por exemplo. E isso já vem da época da Alpha Six: começamos com essa temática. Tinha o guitarrista, Ranieri, que escrevia todas as músicas, e eu escrevia sempre as letras. Começamos como uma brincadeira, escrevi uma letra inspirada em Rhapsody, sobre magos e aquela música “Warrior of Ice” e aí eu escrevi uma música chamada “Wizard of Ice”. O que pensei com essa música foi fazer parecer mais um clichê do Power Metal, mas na verdade falando sobre o Papai Noel. Começamos a fazer isso em outras músicas e eu trouxe muito disso para esse meu projeto.


Você costuma acompanhar os festivais, buscar conhecer bandas autorais locais? Procura se integrar à cena?
Saulo: Então, eu comecei na música entre ’99 e 2000, quando ainda morava em Caçador/SC, tive algumas bandas lá. A primeira banda que eu tive foi lá e até chegamos a gravar um demo com 4 músicas, com todas as composições minhas também. Depois eu me mudei pra Floripa em 2002 e demorei um tempo até conseguir banda, até entrar mais na cena. Ali por 2005, comecei a ir nos festivais e sempre que tinha uma show de Metal por perto, eu ia, no Coliseu, Red Café, Taliesyn, lugares que eu frequentava bastante. Com o fim da Alpha Six, eu me afastei um pouco, estava terminando o mestrado em matemática, aí comecei a trabalhar e continuei afastado. Voltei mais em 2013, que foi quando eu resolvi fazer o XAKOL crescer e levar tudo isso adiante. Eu não sossegaria sem ter o registro da minha obra. Agora estamos aí, correndo atrás. Eu já tive uma visão muito cabeça fechada com som autoral nacional. Hoje em dia, dou muito valor para o autoral. Sempre busco escutar as bandas locais, comprar seus CDs, procuro no YouTube, faço playlists no Spotify. Estou sempre procurando saber o que está sendo feito e valorizar isso. O segredo é ouvir as bandas mais de uma vez, afinal com as bandas de fora também não nos tornamos fãs à primeira ouvida; é preciso conhecer mais as bandas para conseguir apreciá-las.

Podemos notar que, aqui em Santa Catarina, o Power Metal tem uma expressão um pouco menor nos casts do eventos, em relação ao estilos Heavy, Death, Thrash e Black Metal, por exemplo. Como vocês veem o futuro desse cenário?
Saulo: Exatamente isso que você falou: aqui em Santa Catarina, o que predomina é o Metal Extremo e nossos festivais têm essas bandas como maioria em seus casts. Pra gente do Power, é bem complicado: somos muito pesados para um festival Rock ‘n’ Roll e muito leves para o pessoal do Metal Extremo. Então, temos que procurar nosso espaço. Mesmo assim, existem bandas muito boas aqui no estado como a Symmetrya, Before Eden, Perpetual Dreams, a clássica Steel Warrior e a promissora Odysseya, com integrantes muito jovens. Eu tinha a sensação de que o Power Metal tinha dado uma caída também, pois há um tempo atrás, quando comecei nesse estilo, tinha muito público, tocávamos Stratovarius, Sonata Arctica e a galera agitava muito. Hoje em dia, esse pessoal cresceu, virou pai de família e está em casa, ou é uma gurizada nova, que está conhecendo agora e prefere ficar em casa vendo vídeos no YouTube. Quando teve o show do Rhapsody em Florianópolis, essa galera saiu da toca, pois foi uma banda que marcou a adolescência deles, vi muitos rostos conhecidos daquela época que eu nunca mais encontrei em shows de bandas locais. Mas a gente continua lutando. Me dá uma esperança saber que tem uma galera nova, de 16 ou 17 anos, que curte Power Metal. Tenho acompanhado isso principalmente no Facebook. Eu achava que o estilo estava morrendo, mas tem muita gente nova que está escutando as mesmas coisas que eu escutava, conhecendo essas bandas que são clássicas pra mim. É uma esperança de renovação do cenário, para não deixar o Power morrer.

Agradecemos muito pela entrevista, Saulo. Este espaço agora é todo do XAKOL, fique à vontade para conversar com nossos leitores.

Saulo: Quem tiver interesse, nosso site é www.xakol.sc, youtube.com/xakol, facebook.com/xakol. No nosso canal no YouTube, temos planos de fazer vários vídeos legais, contar umas histórias. Vai ter um vídeo que a gente fez para o Frai’n Hell, contando a nossa história de uma maneira descontraída. Tem já o lyric video da música com o Detonator, que foi feito tentando explicar o duplo sentido, e tem também o vídeo da gravação com ele. Acho importante também deixar o recado para as pessoas apoiarem e não terem preconceito com as bandas locais. Busquem conhecer! E também, para quem tem uma banda e está começando, é importante nunca desistir, afinal o que importa é você fazer o que gosta, se divertir e não se importar com o que os outros pensam.



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Entrevista por Karine Nunes e Jordana Aguiar.