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Entrevista: Torture Squad (São Paulo/SP)

O Torture Squad é uma das mais longevas, influentes e importantes bandas do Heavy Metal no Brasil, que mesmo já tendo gravado seu nome na história do Metal Extremo segue criando e produzindo novos trabalhos incansavelmente.

Desde seu debut, Shivering, de 1995, até seu lançamento mais recente, o ao vivo, Tortura En La Iglesia En Vivo, de 2022, a banda acumula registros e feitos memoráveis, mantendo-se absolutamente relevante em todas as suas fases e diferentes formações.

Contando atualmente em sua formação com Castor (baixo) e Amilcar Christófaro (bateria), remanescentes da formação original da banda, e com Mayara “Undead” Puertas (vocais) e Rene Simionato (guitarra), ambos na banda desde 2015, o Torture Squad lançou recentemente o single The Fallen Ones, gerando grandes expectativas entre os fãs pelo que a banda esteja preparando para 2023.

Conversamos com Amilcar Christófaro, que revisitou a história da banda conosco e nos antecipou o que podemos esperar do Torture Squad para os próximos passos, além de nos contar um pouco sobre seus projetos paralelos na música.

Créditos Fotografia: Dani Moreira

Amilcar, primeiramente, é uma honra para nós d’O Subsolo poder conversar com um dos principais músicos em atividade no Metal Nacional, sua trajetória é uma das mais sólidas na história do metal brasileiro. A que você atribui a longevidade e a relevância da sua carreira junto ao Torture Squad? E como tem sido essa parceria com o Castor durante tantos anos?

Primeiramente, obrigado pelas palavras. Eu acredito muito que o fator principal é a paixão que eu tenho pela música, pelo meu instrumento e saber o quanto isso faz bem pra mim como ser humano, então, estar numa banda onde eu componho, onde eu tenho um lugar para me expressar, expressar minha criatividade, minhas ideias, junto com um estilo de música que se tornou a minha vida, faz de mim um ser humano melhor. Isso sem sombra de dúvidas é uma das coisas que faz eu continuar a compor e a estar na banda. 

A parceria com o Castor ao longo de todos esses anos tem sido espetacular. O Castor é um grande irmão da vida e a gente tem as mesmas influências, as mesmas referências, os mesmos gostos, tanto para escutar e curtir um som quanto para compor, então a gente se dá super bem em tudo. E quanto mais passa o tempo eu sinto que a gente vai ficando cada vez mais entrosado. 

De Shivering até aqui já se vão quase 30 anos. Quais as principais mudanças que você pode observar em você mesmo e no TS nesse período?

Com o passar da vida a gente vai revendo muita coisa, mas em relação a música e a banda, eu acho que o Torture já nasceu com essa coisa de ser um lugar onde a gente é honesto pra compor, isso quer dizer que a gente ama o Thrash/Death Metal que nós tocamos desde sempre, que é o embrião da banda, porém a gente sempre é honesto com qualquer outro estilo de música que nos sentimos inspirados a compor algo, então nós trazemos isso para nossa música, e o Torture sempre foi esse lugar. Eu como músico também, eu fui ficando cada vez mais honesto e fortalecendo minha honestidade em compor algo que eu sinto que eu quero compor, independente que melodia é, se é algo pesado ou agressivo, enfim, eu acho que a gente já nasceu com a cabeça já dessa forma. O que eu vejo de mudança principal talvez seja a maturidade de composição, de gravação e de ir atrás da sonoridade que a gente quer, no começo a gente não tem isso tão claro, mas com o passar do tempo nós vamos nos encontrando na nossa sonoridade cada vez mais.

Um dos grandes momentos da carreira do TS, ao menos visto de fora, foi a passagem pelo Wacken Open Air em 2007, 2008 e 2011. O que você pode nos contar sobre esse e outros momentos memoráveis para a banda na estrada?

Com certeza os momentos do Wacken foram muito marcantes pra gente, assim como vários outros também. Eu posso destacar também quando a gente pegou pela primeira vez o nosso disco na mão, depois de vários problemas pra ele sair na época, então, nós gravamos a primeira demo e já gravamos o primeiro disco, e o disco demorou três anos para sair, então quando a gente pegou ele na mão, foi um momento marcante demais. Um outro momento marcante foi quando eu comprei a minha primeira batera que tinha 5 tons, 1 surdo, e aí eu peguei um surdo e um bumbo emprestado por 10 anos do Panda, do Oligarquia, que é um grande irmão, então eu finalmente tinha minha bateria para levar nos shows e entregar minha música do jeito que ela foi escrita. 

Também quando o Cristiano comprou um Marshall Jcm 900, na época do Shivering pro Asylum of Shadows, acredito que foi em 97, 98, que a gente começou realmente a ter um som de guitarra que fez a gente se sentir como banda definitivamente. A primeira vez que a gente saiu do Brasil também, ou até mesmo antes disso, quando as mesmas pessoas começaram a aparecer em shows diferentes e me fizeram pensar que tinha algo realmente acontecendo, começando a construir uma base de fãs. Da primeira vez que a gente foi pra gringa foi um show na Alemanha que pediram pra nós voltarmos pra tocar mais e isso me marcou muito.

2009 nós fizemos aquela que eu considero a nossa melhor turnê com o Gama Bomb o Exodus e o Overkill, em 15 datas pela Europa, nossa primeira vez na Inglaterra. Teve o Rock in Rio 2019 também, com o Claustrofobia e o Chuck Billy, então, eu acho que esses são alguns dos momentos que eu posso destacar.

Desde 2015 o TS conta com May Puertas e Rene Simionato no vocal e na guitarra, respectivamente. Você considera essa a formação mais sólida da banda até aqui e o que os diferencia dos demais músicos que já passaram pela banda?

Olha, toda formação na sua época era sólida, até que em algum momento alguém transparece um desconforto e deseja sair da banda, até esse momento a gente se sente bastante sólido, todos com o mesmo objetivo e na mesma energia. Com a May e o Rene com certeza tá acontecendo isso. Já fazem 7 ou 8 anos, e nos damos muito bem compondo juntos, o Rene é um grande headbanger, talentoso, um grande músico, e gostamos dessa coisa de ir crescendo no próprio instrumento, encarar os desafios, ir atrás da própria sonoridade, a May com as técnicas de voz, assim como quando eu entrei no Torture, o Cristiano me deu a liberdade de colocar a batera na música, eu acho que eu e o Castor trazemos isso de pegar o que quem tá entrando na banda tem a oferecer, e eu acho que isso é uma das coisas que faz com que eles tragam coisas novas para a banda. Eu e o Castor estamos aqui com o embrião, mas também sendo honestos com o que a gente sente e tá vivendo. Às vezes surgem algumas coisas novas que os fãs podem pensar que é do Rene e da Mayara e muitas vezes é coisa nova minha e do Castor, assim como a gente trazer as coisas novas deles e isso incrementa e acrescenta um novo tempero para uma banda que vai fazer 30 anos na estrada.

Créditos Fotografia: Dani Moreira

O lançamento inédito mais recente do TS foi o single The Fallen Ones, que apresentou vários novos elementos na sonoridade da banda, especialmente nos vocais da May. Esse single antecipa um novo álbum do TS? O que podemos esperar da banda para 2023?

Sim! Em 2023 nós vamos lançar um novo álbum, que na verdade deveria ter saído em 2020, mas paramos as gravações em Março de 2020 devido à pandemia e ao isolamento social. Durante esse tempo nós fomos terminando aos poucos a gravação, então, agora com o disco pronto, nós planejamos lançar ele no primeiro semestre de 2023. O single The Fallen Ones na verdade veio como uma música nova de bônus pro disco ao vivo e da forma como a May foi colocando as novas técnicas de voz dela, acabou realmente antecipando algo do que temos no novo álbum.

O TS tem lançado vários registros ao vivo, sendo o mais recente o Tortura En La Iglesia En Vivo. Como você enxerga a importância desse tipo de material na discografia da banda?

Eu acho muito saudável o lançamento de um disco ao vivo para registrar como a banda está soando naquele momento. Esse disco gravado no La Iglesia veio pra suprir uma lacuna que o novo disco deixou, pois ele deveria ter sido lançado em 2020, e com a pandemia nós tivemos que adiar a estreia. Em 2022 nós estávamos acabando as gravações e em uma reunião da banda optamos por passar o ano procurando por uma gravadora e montando uma estratégia para o lançamento do disco no primeiro semestre de 2023.

Como o ano de 2022 ficou sem nenhum lançamento, pra não passar “ileso”, gravamos essa apresentação ao vivo. Foi uma noite sold-out, que nos deixou muito felizes com tudo, uma noite memorável, com muita energia, e o CD capta esse sentimento. Esse é o terceiro Ao Vivo da carreira da banda, e diferente do Death, Chaos and Torture Alive e do Coup d’État Live, ele nao vai sair em DVD, mas lançamos o single da Horror and Torture que saiu com um videoclipe ao vivo e também vamos lançar o videoclipe da Possessed By Horror, que é um som que quase não tocamos ao vivo.

Se você pudesse escolher apenas uma música que melhor representa cada fase do TS, quais seriam?

Da época do Cristiano Fusco, que gravou os três primeiros discos, eu colocaria a The Unholy Spell. Com o Maurício Nogueira, que gravou o Pandemonium e o Hellbound, eu colocaria a Twilight for All Mankind, do Hellbound. Com o Lopes, guitarrista que gravou o Æquilibrium, eu coloco a Raise Your Horns. Com o Trio, que saiu só o Esquadrão da Tortura, eu coloco a No Escape from Hell. Da fase atual, com a May e o Rene, eu poderia falar da Don’t Cross My Path, mas eu vou falar de uma mais emblemática, que é a Blood Sacrifice.

Deixando de lado o papel de entrevistador e me colocando por um momento na condição de fã, o álbum Hellbound é meu disco favorito na história do Metal Nacional e tive a oportunidade de vê-los ao vivo pela primeira vez nesta turnê, no Orquídea Rock Festival, em Santa Catarina. O que esse álbum representa pra você e para a discografia da banda?

Muito obrigado pelas palavras! Com certeza o Hellbound é um álbum muito significativo na discografia da banda. Ele é o primeiro álbum que lançamos fora do Brasil, numa gravadora alemã com distribuição mundial, então isso já demonstra o quanto ele é grandioso pra gente. Também é um passo a mais em relação a composição. Eu, na bateria, comecei a fazer o blast beat, incorporei isso pela primeira vez na Chaos Corporation. A própria Hellbound que é mais cadenciada, a Twilight que tem uma intro de violão que se repete no meio da música. Nós fomos nos desafiando como compositores. Também foi a primeira capa com um artista estrangeiro, um inglês, e dali saiu o símbolo clássico da serra com o TS, então realmente é um disco importante pra banda.

Atualmente, você também está tocando junto com o Matanza Ritual, um verdadeiro supergrupo que Jimmy London reuniu para o acompanhar na estrada. Como aconteceu o convite para participar da banda e como tem sido a experiência?

O convite veio do Jimmy quando eu estava em Santa Catarina fazendo um show com o Torture. Ele me ligou dizendo que queria montar um time para tocar as músicas do Matanza e eu me senti muito honrado de ser lembrado por ele para isso. Já tinha o Antônio Araújo e depois veio o Felipe Andreoli, e como diz a gíria, é só macaco véio, então tá sendo uma experiência muito legal, passamos bons momentos juntos, nos divertindo bastante, sem momentos ruins, sem esquentar a cabeça, só bons momentos, então estou curtindo muito estar com eles ali pra poder trazer esse sentimento pro fã do Matanza, tanto que tá no nome da banda, esse ritual que eles sempre tiveram ao vivo e eu fico muito feliz de ser um instrumento disso, para fazer com que eles vão aos shows, cantem as músicas junto com o Jimmy que eles sempre curtiram e que se divirtam muito.

Amilcar, agradecemos muito pela sua disponibilidade e gentileza em atender O SubSolo. O espaço está aberto para deixar uma mensagem aos nossos leitores.

Eu agradeço demais ao SubSolo pelo espaço e deixo um abraço a todos os leitores do site. Se cuidem aí! Saúde a todos! E vamos olhar pra frente que tem muita coisa pra acontecer ainda tanto na cena musical do nosso país quanto no nosso país mesmo. Tem muita coisa boa pra acontecer ainda!

Saiba mais sobre o Torture Squad pelo Instagram da banda @torture_squad

Entrevista em parceria com Isabelle Miranda.

A Hell Yeah Music Company surgiu em 2020 a partir do sonho de dois amigos, Luis Fernando Ribeiro e Leandro Abrantes, que se conheceram há 15 anos por meio do Heavy Metal e tomaram-no como trilha sonora de suas vidas e matéria prima de sua arte. Respeito, valorização, criatividade e amor pelo que fazemos são nossos pilares. A #HYMC nasceu para quebrar padrões, ignorar estereótipos e dar suporte às bandas brasileiras que compartilham do mesmo sonho que nós. Baseada em Florianópolis, SC, a Hell Yeah atende bandas de todo o Brasil e de Portugal. Hell Yeah Music Company, música como experiência.