Se teve um gênero onde o Brasil teve e ainda tem grande importância mundial, esse gênero é o Nu Metal. Isso graças ao icônico álbum “Roots”, do Sepultura, de 1996, tempos onde este recém-descoberto nicho de Metal experimental e diferente começou a ganhar corpo e a se espalhar. Max Cavalera, que deixou a banda pouco após o lançamento de Roots, se tornou figura renomada no movimento Nu Metal com sua nova banda: Soulfly, e participou do crescimento dessa tendência ao lado de Korn, Slipknot, Faith No More, Rage Against the Machine, Deftones e outras bandas gigantes que se consolidaram na segunda metade desta década.



O Nu Metal teve seus tempos gloriosos e deixou frutos, principalmente nos jovens que cresceram nos anos 90 e 2000, onde músicas dessas bandas ganharam popularidade e influenciaram toda uma geração. O caminho disso seria obvio: uma nova leva de Nu Metal estava predestinada a surgir, e surgiu. Algumas seguiram o “Nu Metal raíz”, outras trouxeram elementos do hardcore e rap, criando uma nova segmentação: Rapcore, enquanto outras transitam bastante com o Metalcore. De toda forma, o gênero tem portas abertas para toda forma de mistura e invenção, justamente por isso o Nu Metal é a “ovelha negra” do Metal, mas ao mesmo tempo, um dos irmãos mais populares dessa família.


Na primeira década desse nosso século houve uma enxurrada de bandas destes gêneros. É possível identificar uma grande pluralidade entre os grupos que emergiram nesse período, rebuscando sons no estilo System of a Down ou indo nas veias das periferias para casar o peso com o hip-hop.


No entanto, foi tentando encontrar essas bandas que deparei um cenário triste e desanimador. O gênero praticamente morreu na década seguinte. Muitas bandas que tinham enorme potencial foram parando, e ver seus registros indicam que apenas “sumiram”, sem muitas explicações. Uma a uma, as bandas que surgiram com potencial foram deixando a cena e mostrando que o Nu Metal de fato perdeu forças, tanto entre bandas quanto dentro do público.


Algumas bandas excepcionais ficaram pelo caminho, como a Kliav, que foi, inclusive, a primeira banda de Nu Metal underground que ouvi e até hoje tem um dos melhores sons que já ouvi desse gênero. O som é surpreendente, pesado e groovado, e é uma grande pena que tenha acabado. 




Outra banda que surpreende pelos registros deixados e que sumiram em meio a escuridão que o Nu Metal foi de encontro é MOR. Uma tremenda amostra do que o gênero tem de melhor compactado num EP publicado no canal da banda no Youtube.




Mas em compensação outras seguiram e aguentaram a crise que a cena do Metal Alternativo viveu e tocaram o trem até hoje. Brutalsick teve várias facetas e nome desde 1999, mas suas influências de Mudvayne, Limp Biskit, Linkin Park, Disturbed e Coal Chamber prevaleceram e dão resultados nos trabalhos recentes do grupo. A banda soube se adaptar ao tempo e traz o Nu Metal a cena paranaense.


Adrede é uma banda que acumula registros desde onze anos atrás, onde começaram a escrever capítulos ao lado de monstros como Andreas Kisser, e chegaram aos tempos atuais com três albuns e um DVD ao vivo. A banda sempre foi aberta a novos ritmos, swings, misturas e mudanças de gênero, e acabou criando uma característica de ir se moldando com o passar do tempo, mas que seu passado deixou marcas típicas do Nu Metal que a banda carrega até hoje, como podemos ver na música presente em seu último disco, “Desesperanto”.


Prollogy já é um caso de banda que surgiu quando a ladeira já estava construída, mas veio trazendo material novo, sempre com muitas doses de peso e apostando em influências mais agressivas e extremas do Nu Metal (inclusive é desse tipo de mistura que nasceu o Extreme Nu Metal). A banda atualmente está trabalhando em seu próximo lançamento, mas tem uma base de músicas que angariam frenquentemente e criam expectativas sobre os próximos passos do grupo do Distrito Federal.



Outro grupo recente neste nicho é a Intereffect, que traz um som bastante contemporâneo, com muitas experimentações, efeitos, melodias, alternâncias vocais, tudo isso sem perder peso. Basicamente, estamos falando de Nu Metal mesmo. A banda tem um som com bastante apelo popular, o que ajuda a agregar um novo público ao Metal, sendo esse um dos grandes méritos deste gênero, afinal, não basta fazer Metal apenas para metaleiros, mas também é bem-vinda a ideia de fazer Metal para todos, pois assim conseguimos apanhar um público novo que dará continuidade ao Metal, independente de sua fase ou gênero, que tem de seguir vivo para todo o sempre.




Fico na expectativa que o gênero volte a ganhar forças no Brasil e que as bandas que conheci em busca da composição dessa matéria voltem um dia a ativa, pois nosso país tem músicos que sabem reinventar em cima do Metal como poucos outros tem. Criatividade é uma de nossas maiores virtudes e o Nu Metal é uma casa de portas abertas para isso.

Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.