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História & Metal – Counting The Corpses (Malefactor) – #13

Salve Headbangers, como um bom historiador e amante do Metal, é um prazer retornar com essa coluna que gosto bastante de trazer para O SubSolo.

Bom, o Império Romano até hoje desperta uma mística muito grande dentro do metal, sendo um terreno muito fértil para bandas buscarem inspirações para compor como no caso o Chaos Synopsis com o álbum Seasons of Red e o Ex Deo projeto liderado pelo frontman do Kataklysm, Maurizio Iacono. Porém hoje quero citar uma passagem dessa rica historiografia, as guerra púnicas onde Roma enfrentou um adversário a sua altura a região de Cartago e o som citado logo após como inspiração para essa coluna vem da banda baiana Malefactor.



As Guerra Púnicas foi um conflito ocorrido entre entre Roma e Cartago, nos séculos III a.C. e II a.C. mais precisamente entre 264 a.C. e 146 a.C. O conflito tem esse nome devido ao fato que os Romanos conheciam os povos dessa região como Punici uma relação direta com a formação dos povos de origem Fenícia.

Essa região começou a se desenvolver fortemente devido a conquista da Fenícia por Alexandre o Grande tornando se uma grande cidade e principalmente uma grande rota comercial para a região do mediterrâneo, vale lembrar que Cartago se encontrava no norte da África onde hoje se encontra a Tunísia.

Ao longo da Idade Antiga, o Mar Mediterrâneo foi o principal centro de comércio marítimo. Suas águas margeavam as civilizações da Antiguidade, como Grécia, Roma, Fenícia, A civilização que controlasse o Mediterrâneo praticamente dominaria todo o mundo antigo, por isso que ele começou a despertar o interesse de Roma mas para tomar essa região Cartago se apresentava como uma resistência.

Até meados do século III a.C., as relações entre Roma e Cartago eram pacíficas e vários acordos de paz haviam sido assinados entre os dois povos a fim de reafirmarem essa relação amigável. Porém como dito acima Roma já demonstrava um interesse na sua expansão territorial por isso mesmo um conflito era algo iminente.

Mas o que motivava Roma a se expandir ainda mais levando em conta que já era um império considerável?

Para responder essa pergunta precisamos aprofundar a historia de Roma, Durante o período da república, houve uma grande expansão do domínio de Roma. Começando pela conquista de todo o território da península itálica, a partir de conflitos com os etruscos ao norte e com os gregos (vindos da 2ª diáspora grega) ao sul. Houveram intensas batalhas contra esses dois povos, mas, no fim, os romanos prevaleceram, conquistando plenamente o território da península itálica.

A partir disso, com o domínio dos portos do sul da península, Roma decide expandir os territórios para o mar mediterrâneo principalmente para a região de Sicília só que essa região também despertava o interesses de Cartago ou seja a disputa pela rota iria levar a guerra era só uma questão de tempo.

No Ímpeto por território os romanos tomaram o controle de uma cidade chamada Régio, bastante próxima de Messina (que ficava na Sicília). Messina se sentia ameaçada pela cidade de Siracusa e decidiu então pedir proteção dos cartaginenses e dos romanos.

Os cartaginenses aceitaram protegê-la desde que suas tropas fossem posicionadas na cidade. Posteriormente, os romanos também aceitaram um convite de aliança formal com Messina, o que desagradou aos cartaginenses. A guerra se iniciou porque os cartaginenses decidiram atacar Messina e os romanos decidiram enviar tropas para protegê-la.

A Equiparação de forças era tão grande que as guerras Púnicas forma divididas em três momentos:


1 – Primeira Guerra Púnica

Na Primeira Guerra Púnica, inicialmente, as forças cartaginesas eram superiores às dos romanos porque possuíam embarcações para guerra enquanto estes, não. Além disso, os romanos não tinham experiência de guerrear no mar como os cartaginenses.

Muitas dessas vitórias foram conduzidas pelo comandante Amílcar, mas as vitórias amoleceram o comando dos cartaginenses e as tropas de Cartago passaram a sofrer com a falta de recursos básicos para sustentar seu esforço de guerra. Isso enfraqueceu as tropas cartaginenses e deu tempo para os romanos recuperarem suas forças após as derrotas iniciais. Na década de 240 a.C., os romanos acumularam várias vitórias, forçando Cartago a pedir pela paz.


2 – Segunda Guerra Púnica

Humilhada e obrigada a pagar para Roma os esforços de guerra Cartago parte para uma revanche em 221 a.C., Aníbal assumiu o comando do exército de Cartago, e rapidamente as relações com os romanos se abalaram novamente. Pelo acordo entre as partes, cartaginenses não poderiam invadir as terras romanas nem atacar os aliados de Roma. Aníbal quebrou esse acordo ao atacar Sagunto, uma cidade aliada dos romanos na Hispânia.

Aníbal decidiu invadir o território romano, fazendo a travessia dos alpes para chegar à península Itálica e tinha em mente usar uma nova arma no caso uma manada de elefantes ( plano que não se provou muito certo pois muitos morreram no caminho) Porém mesmo com baixas e dificuldades as tropas de Aníbal implicaram duras baixas nos romanos como a batalha de Canas onde foram mortos mais de 40 mil soldados romanos .Entretanto manter esse esforço de guerra era muito difícil e depois de contra ataque de tropas romanas . Aníbal foi obrigado a retornar para Cartago em 202 a.C derrotado na Batalha de Zema, em 201 a.C.


3 – Terceira Guerra Púnica

Como parte das punições Cartago era obrigada a pagar tributos e perder territórios cinquenta anos depois, os cartaginenses finalizaram o pagamento da dívida de guerra com os romanos e concluíram que o fim da dívida marcava também o fim do acordo que havia finalizado a Segunda Guerra Púnica. Decidiram então atacar os númidas, um povo vizinho que constantemente os atacava. Os romanos, no entanto, viram no ato de Cartago a quebra do acordo de 50 anos e consideraram que Cartago não poderia mais atacar ninguém por isso declaram guerra pela terceira vez.

As tropas romanas foram enviadas para Cartago, colocando a cidade sob um cerco que durou três anos. O líder das tropas romanas nesse cerco foi Cipião Emilianoa disputa pelo controle da cidade foi violenta, e os relatos contam que a briga se deu rua por rua. No final, os cartaginenses foram novamente derrotados, e Roma procedeu com a destruição completa da cidade. Os que resistiram ao domínio romano foram mortos, e o restante da população foi escravizado.

O norte da África foi convertido em uma província romana e a região onde ficava a cidade de Cartago ficou inabitada por cerca de 100 anos. Ao final das três guerras contra Cartago, Roma impôs seu domínio sobre o mar Mediterrâneo, transformando-o no que ficou conhecido como Mare Nostrum (nosso mar). Os romanos dominaram o comércio no Mediterrâneo e consolidaram sua expansão pelas terras de Cartago.


Counting The Corpses – Malefactor

Faixa de abertura do álbum Sixth Legion sexto trabalho da banda de Epic Death Metal, Malefactor. Formada na Bahia no ano de 1991 eles sempre trouxeram na sua temática influências diretas de vários estilos para o seu Death Metal, então a cada trabalho lançado mostrava o porque o termo épico faz total sentido na sua sonoridade e esse som é uma bela demonstração do quanto a banda é original na sua proposta.



Contando os cadáveres
Paredes vulcânicas, os animais de messana
Não há paz no Mediterrâneo
Guerra!
Os navios romanos, fumaça e blasfemadores
Fogo no mar, grito de morte do fenício

Os escravos servirão

Contando os cadáveres
Delenda est carthago
Contando os cadáveres
Delenda est carthago
Os escravos servirão
Saturno é invocado
Os escravos servirão
Saturno é invocado agora

O império está chegando, volte para Cartago
Não há piedade, acima do oceano de sangue
Guerra!
Chame-os com ódio, chame-os com raiva
Abaixo do sol, nenhum deus será salvador

Os escravos servirão

Contando os cadáveres
Delenda est carthago
Contando os cadáveres
Delenda est carthago
Os escravos servirão
Saturno é invocado
Os escravos servirão
Saturno é invocado agora

Contando os cadáveres
Delenda est carthago
Contando os cadáveres
Delenda est carthago
Os escravos servirão
Saturno é invocado
Os escravos servirão
Saturno é invocado
É invocado agora!


Na letra percebemos o uso da expressão Delenda est carthago que é uma forma para: ‘Cartago deve ser destruída’, uma expressão muito utilizada em Roma mostrando o quanto a rivalidade entre as duas regiões era forte.

A medida que o uso da expressão ‘Escravos Servirão’ faz uma ligação com o fato de que os derrotados no império Romano ou eram mortos ou convertidos em escravos, e a letra cita o fato de saturno ser a representação para o Deus da guerra aquele que é invocado para a honra dos guerreiros e a destruição dos inimigos.

E essa foi a coluna deste mês de Abril, retornaremos com outra grande história no próximo mês. Aguardem!

Paulista e um dos maiores amantes do Metal Extremo, principalmente se tratando do nacional. Professor de Geografia e História, é também formado em Matemática e Filosofia, Pai da Naylla e do Dhemyan. Foi colaborador de algumas mídias, antes de fundar o site Underground Extremo, o qual tem um laço de irmandade com O SubSolo. Acompanhava o trabalho d'O SubSolo a alguns anos e passou a contribuir e fazer parte da equipe, a qual é honrado em colaborar com o desenvolvimento desta grande mídia do Rock/Metal, sendo o responsável pela parte das escritas mais extremas do site.