Já pensaram na mistura que daria punk rock com country? Aqui no Brasil isso pode parecer estranho, mas nos EUA já tem uma onda do chamado CowPunk há bastante tempo. No País Tropical, uma ou outra banda de rock enjoada já fez canções nessa pegada, e até mesmo a conceituada banda de punk bubblegum Gramofocas, e só agora temos a banda John Kennedy levantando a bandeira do country punk. Enquanto isso nos Goiás da America do Norte…
Vamos começar com o pioneiro. Alguns podem afirmar que a junção do country com o punk ocorreu muito antes de Pete Berwick, pode ser que sim, mas muito puxado pro rockabilly… ou que não se assumiam como punk rockers. Pete Berwick viveu o country punk, isso é que institucionaliza o gênero. Não é só fazer um par de músicas. O cara viveu, e se fudeu também, como um pioneiro do cowpunk.
Saiu de Ilinóis e fazia seu sons pelos chamados Honky Tonks, bares típicos do sul e sudoeste dos Estados Unidos. Alguns críticos dizem que é uma mistura de Bob Dylan com Social Distortion, eu não discordo. Eis que Pete Berwick grava o segundo disco “Ain’t No Train Outta Nashville”, no estúdio da lenda do country Waylon Jennings. Porém devido à uma série de desavenças com contratos de gravadoras, o disco foi arquivado… Berwick se irritou, foi viver na zona rural e trabalhando em uma fábrica até preparar o disco seguinte…. Apenas em 2007, já livre das amarras da gravadora, Pete Berwick cria seu próprio selo se lança o “Ain’t No Train Outta Nashville”. Vale também escutar o primeiro disco “Only Bleeding”, puro punk rock (rural) desse pioneiro que o mundo conheceu tardiamente.
Yosemite Slam, é o nome da segunda banda que indico. Essa eu tenho certeza que você não escutou ainda, até porque a banda é, digamos, recém-nascida. Liberaram apenas três músicas na internet, mas já tem feito bastante apresentações, então fiquem de olho. Yosemite Slam é um trio, e me chamou atenção por alguns fatores como: já constar na logo ” 100% outlaw”, é disso que esse gênero precisa, de música country bonitinha e romântica as rádios já estão cheias, tá faltando mais sons da turma do “fuck off”. Outra, já colocar na logo “Punk Rock” faz toda diferença, é raro encontrar uma banda que se assuma cowpunk. O som com contra-baixo (aquele grandão, double bass) já é um diferencial, mesmo lembrando um pouco as linhas de rockabilly, o instrumental da banda ainda é seco, ainda é grosseiro como o punk. Vou confessar que o chamou mais minha atenção na banda é o fato de ter um integrante negro. O country é muito marcado como um estilo musical do colono branco, e como sabemos, as distinções raciais e culturais nos Estados Unidos são bem mais acentuadas que no Brasil. Mais subversivo do que misturar punk rock com o country music, é um afro-descendente fazer isso.
A última do dia é a banda 500 Miles to Memphis, que vem com uma pegada mais abrangente. Coloquei um som bem puxado pro punk rock, mas o 500 Miles tem uma onda mais pop da country music, e nem por isso é um som enjoado, pelo contrário, a musicalidade da banda é riquíssima. Possui cinco integrantes, inclusive um responsável fixo pelos slides em um instrumento chamado Lap Steel, que é um som que basta entrar no ouvido que você já visualiza um cenário de duelo no “oeste selvagem”. Além disso a banda ainda possui arranjos de instrumentos de sopro em alguns sons, muitas músicas mais lentas, mas mesmo assim ainda se enquadram no chamado CowPunk. A música que coloquei aqui mostram bem como é a onda da banda, se liga:
“So many times I wanted time alone
So many times I wanted time to think and, a placebo to keep me sane
I’ll be just fine
At times like this I cannot miss just how you loved me”
Isso é country music, só que com uma bateria vinda do CBGB!
É isso, coloque o chapéu e a fivela, e sigam escutando.