A onda de folk pagão da última década trouxe dezenas de músicos à
existência. Evocar a natureza e a fantasia é uma febre resistente aos
remédios comuns – especialmente quando até a grande mídia usa a
renascença folk para inovar o mercado. Embora em algumas regiões do
mundo o ‘boom’ do folk pagão – e paganismo em geral – seja algo que já
dura uns 20, 30 anos, a internet e a alta da mitologia e da fantasia
ajudam a captar novos fãs tanto para as bandas novas como para as
antigas. Inspirado em Tuatha de Danann e Eluveitie, o Lóchrann cria
homenagens à cultura celta com um toque pessoal valioso.
Cruachan se inspirou em Skyclad e as duas bandas traçaram a trilha do
que viria a ser folk metal, eles trouxeram consigo o lado mais kvlt do metal e acoplaram o tin whistle irlandês. Muitos instrumentos folk se uniram a guitarra e bateria desde então. Na mesma época, a cena de rock medieval começava a engatinhar na Alemanha;
Bathory e Blind Guardian já usavam guitarra acústica e abordavam temas
mitológicos, históricos e fantásticos; os britânicos The Pogues, uma
década mais cedo, uniram o punk rock, o fiddle, o bandolim, o tin whistle e o acordeão e inspiraram Flogging Molly e Dropkick Murphys; no Brasil, Angra criou o álbum inspirado em folclore brasileiro Holy Land e a banda mineira Tuatha de Danann já marca 20 anos de carreira tocando exclusivamente folk metal.
com essa tendência se criando, nem todos esses projetos conseguiram
manter um som original. É uma tarefa difícil, que exige conhecimento
musical vasto e muito talento. Inspirado na cultura celta, no folk
irlandês, no metal, no punk e até no bluegrass para deixar sua marca,
Renato “Gordo” dos Santos fundou o Lóchrann em 2006, na cidade de
Campinas.
A
minha porta de entrada pro mundo do folk metal foi o Tuatha. Até hoje
acho eles uma das melhores bandas de folk que já existiram. Descobri
eles em 2004, fuçando pela internet – eles tinham acabado de lançar o Trova di Danú, aí li uma resenha num blog e ouvi até morrer.
Lóchrann já tocou com grandes nomes do folk metal, como Eluveitie,
Arkona, Skyforger e Cruachan. “Campinas foi o lugar em que a gente menos
tocou. De 2007 a 2010, tocamos muito em São Paulo, Curitiba, Santa
Catarina e Minas,” conta o líder do projeto. Ele se impressiona até hoje
com a base de fãs que a banda conquistou.
Era um
negócio muito louco, chegar no show e ver que a galera sabia cantar as
músicas [do Lóchrann]. Tipo, a gente era pequeno, manja?
entanto, a vida de turnês exige dedicação e tempo, e nem sempre o
retorno é rápido. Gordo comentou as dificuldades que seu projeto
enfrentou a partir de 2011. “Passamos uns tempos tocando em Sampa,
abrindo alguns shows grandes, mas não dava pra marcar com frequência
porque a banda nunca estava consolidada.” A banda entrou em hiato em
2012, mas retornou aos palcos em 2014. Alguns dos músicos que tocaram ao
vivo com o Lóchrann nessa época fazem parte da banda nos dias atuais,
como o violinista Mário Bouth e o guitarrista Leonardo Salvador.
Muita
gente que ouvia a gente na época ativa hoje nem escuta mais folk metal,
então perdemos, tipo, 60% dos fãs […] A parte boa é que a galera que
estava saturada de tanto que tocávamos na época acabou sentindo nossa
falta […] Muita gente conheceu o álbum e veio perguntar se a banda era
nova.
e contou com a participação dos atuais membros do Lóchrann Vainus e Téo
nos vocais e Mário no violino. Entre as participações especiais, a
banda contou com Renan Alonso (baixo em Faerie’s Den e All Along the Watchtower), Cauê Pittori (guitarra solo), Ricardo Amaro da Taberna Folk (gaita-de-foles em Goragon, Keen’s Hammer), e os vocalistas Rafael Penna (Pagan Pride), Rogério Malgor da Skaldic Soul (Red Storm), Sebastian Jansen da SuidAkrA (Faerie’s Den), Tom Englund da Evergrey (Summer Breeze) e Talita Harumi (All Along the Watchtower).
misturado às guitarras. A única crítica que fica saliente é ao inglês
das letras, que merece um polimento, mas não chega a embaçar a mensagem
dos poemas, que contam a história da terra fictícia de Lóchrann.
para tocar ao vivo. “A grande barreira para marcarmos shows é o fato de
que os produtores não querem pagar um cachê decente para bandas
autorais.”