Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) temos no Brasil 45 milhões de pessoas que tem algum tipo de deficiência declarada. Algo em torno de 25% da população nacional. Agora você pega esse número aproximado e pensa em termos mundiais quantas pessoas com deficiência habitam o mesmo planeta que você. Muitas, não é?!
Me atentando apenas ao cenário Heavy Metal, quantas pessoas com deficiência você vê por shows ou bandas? Conheço muitos músicos talentosos que apresentam algum tipo de deficiência, seja física ou intelectual. Mas qual o motivo para não tocarem por aí ou irem a shows das bandas que tanto gostam? A resposta acaba sendo a mesma de sempre, a infame: “Existe muito preconceito – não tem um espaço adaptado e blá, blá, blá…”
Até quando amiguinhos vão ficar com estes pensamentos limitados? Até quando vão abrir mão de coisas que tanto gostam por ainda dar importância ao pensamento alheio?!
Existe preconceito? Sim. As casas de shows em sua maioria oferecem acessibilidade? Não.
ENTÃO RENATO COMO VOU SAIR OU TOCAR POR AÍ COM A MINHA DEFICIÊNCIA?????!!!!
Indo mesmo assim! Se desafiando e o principal: NÃO DANDO IMPORTÂNCIA AO PENSAMENTO DO PRÓXIMO.
Certa vez, em meados de 2004, fui a um show do Angra no Bar Opinião em Porto Alegre no Rio Grande do Sul. Para você que escuta Rock e Metal certamente já deve ter escutado falar no Bar Opinião, um dos templos sagrados do som pesado a nível nacional. Mesmo com todo esse peso, a casa não oferece grande acessibilidade, mas mesmo assim fui. Neste período ouvi de muitas pessoas que não teria como eu ir, seria difícil, não era um local apropriado para um “cadeirante”…
Passou o tempo e sei lá, já assisti muito de meus ídolos neste bar, assim como trabalhei com diversos na mesma casa de shows e diversas coberturas épicas que poderiam render um livro!
Mas ainda retornando a 2004, pós show fiquei lá esperando para conversar com os músicos, pelo fato de ser um grande fã de bateria sempre acompanhei a carreira do Aquiles Priester antes mesmo do Angra, mas nunca tinha falado com o mesmo pessoalmente. Então aquela era a oportunidade e quando o mesmo me viu, veio em minha direção e disse as seguintes palavras que me marcaram muito: “Poxa bixo, tu é o primeiro cadeirante que vejo em um show de Metal!”
Aí tu para e reflete toda a carreira do cara antes do Angra que já era grande e de muitas turnês e durante aquele período, que estava em plena ascensão e quantos shows e festivais rodaram país a fora, e em todo aquele tempo um músico internacional como o Aquiles Priester nunca tinha visto um cadeirante ou pessoa com deficiência em um show de Heavy Metal.
Moral da história? Continue se escondendo e perca grandes momentos e histórias.