O termo “female-fronted metal” ou sua tradução literal para o português “metal com vocal feminino” tem gerado certa polêmica na cena mundial nos últimos anos. Tanto musicistas famosas, como jornalistas e formadores de opinião, e até mesmo o público tem discutido a relevância do termo nos dias de hoje.
Floor Jansen do Nightwish, Alissa White-Gluz do Arch Enemy e Elize Ryd do Amaranthe foram algumas das vocalistas a opinarem sobre o uso do termo. Cada uma expressou sua opinião única sobre o termo.
Em entrevista para o canal do YouTube Metal Wani em 2015, Floor Jansen afirmou que não concorda com a utilização do termo quando questionada sua opinião sobre rotularem bandas como o Nightwish como “female-fronted symphonic metal”; Floor disse:
“Parece que às vezes existe um gênero chamado ‘female-fronted metal. (…) O que isso quer dizer? Porque o Revamp (antiga banda de Floor Jansen) é uma banda com vocal feminino. E assim como é o Nightwish. Mas essas bandas não tem a mesma sonoridade. Arch Enemy é uma banda com vocal feminino, mas Delain também é, e essas bandas não soam nem um pouco iguais. A única coisa que elas têm em comum é que são bandas de metal, mas dentro do metal os estilos são massivamente diferentes, e não importa se é uma garota cantando ou não. Então isso não é muito importante. Além, de enfatizar a diferença do sexo entre mulheres e homens, e acho que isso já basta agora”.
Alissa White-Gluz do Arch Enemy é categoricamente contra o termo, em uma entrevista para o site CrypticRock.com em 2014 respondeu:
“Eu concordo que é um absurdo chamar um estilo de música como ‘female-fronted metal’, porque se você comparar bandas como Otep, Epica, e Arch Enemy, nós não soamos nada igual. Ou Lacuna Coil ou Huntress, ou qualquer outra banda que você colocar aí. (…) São todos estilos diferentes de metal. Só porque o gênero das vocalistas é o mesmo, não diz nada realmente sobre o som da banda”.
Já Elize Ryd do Amaranthe, em entrevista para o site Loudwire em 2015 discorda de Floor e Alissa, e dos seus companheiros de banda, em relação ao termo “female-fronted”:
“Porque costumava a ser só homens cantando, e as pessoas querem saber se é uma mulher vocalista. É algo bom. Você pode procurar e encontrar essas bandas, e se não usarmos o termo, as pessoas não vão nos encontrar se procurarem por isso. Mas não significa que seja uma coisa ruim, como deu a entender a fala de Floor Jansen de forma negativa. Para mim, como mulher, cantora e líder da banda é um pouco irritante. Eu entendo o ponto como sendo algo positivo e que deveríamos ser iguais”
O assunto voltou a ser discutido esse ano através da matéria da Emma Cownley para a revista Metal Hammer você pode ler o artigo completo (em inglês) no link abaixo: https://www.loudersound.com/features/will-female-fronted-metal-finally-die-in-2020
O artigo sintetiza a opinião expressada por Floor Jansen e Alissa White-Gluz, e reforça o espaço que as mulheres têm conquistado nos últimos anos no mainstream no metal.
Pessoalmente como fã de mulheres cantando, independente do estilo e por estar sempre buscando referências femininas num meio predominante masculino, vejo com bons olhos o termo “female-fronted metal“, mas entendo que é algo que o termo possa parecer sexista e ultrapassado.
Por fazer parte da cena underground nacional, concordo com a Elize Ryd no sentido de que parte do público procura por termos female-fronted na internet – através de hashtags nas redes sociais, playlists em plataformas de streaming, e páginas de apoio às mulheres – e acabam encontrando bandas que podem gostar. Costumo utilizar a tag “female-fronted metal” nos posts do Instagram para alcançar mais pessoas que possam consumir minha música. Além das playlists do Spotify que usam o termo Female-Fronted Metal, mesmo em playlists de usuários, mas que tem um número considerável de seguidores, isso pode fazer a diferença significativa nos números de ouvintes de bandas inciantes.
Não acredito que o público procure por essas tags e playlists pensando que “female-fronted metal” seja um estilo dentro do metal, mas uma característica, e talvez uma forma de representatividade. Durante as duas décadas passadas o termo foi ligado a bandas de Symphonic e Gothic Metal, então talvez as pessoas associem mais o termo a esses estilos de forma equivocada – já que desde os primórdios do rock e metal mulheres contribuíram com o estilo, nomes como Sister Rosetta Tharpe, Jinx Dawson (Coven), Debbie Harry, Doro entre outras mulheres deixaram sua marca na história.
Dito isso, também há um movimento crescente entre as mulheres na cena, como iniciativas como o “União das Mulheres do Underground” liderado pela Nata Nachthexen do Manger Cadravre?, focado não só em vocalistas, mas também em mulheres instrumentistas, e o “Rock de Boneca”, liderado pela Nina Furtado da banda HANEY. São coletivos feitos por mulheres e para mulheres. E uma forma de fortalecer e incentivar meninas e mulheres a tomar seu espaço na música.
Mas fora desse nicho falta muito para equipararmos o espaço feminino na cena nacional. Há muita união e apoio dentre bandas que têm mulheres em sua formação, mas fora dessa “panelinha feminina” ainda é muito pequena a participação feminina em festivais de médio e grande porte no Brasil.
Isso é claro, tem melhorado nos últimos anos. No último Rock In Rio por exemplo tivemos a presença das meninas do Nervosa e da Mayara Puertas do Torture Squad no palco Sunset no dia do metal, mas no palco Mundo não houve uma presença feminina, nem nacional, nem internacional nesse mesmo dia.
Por fazer parte da cena underground nacional, concordo com a Elize Ryd no sentido de que parte do público procura por termos female-fronted na internet – através de hashtags nas redes sociais, playlists em plataformas de streaming, e páginas de apoio às mulheres – e acabam encontrando bandas que podem gostar. Costumo utilizar a tag “female-fronted metal” nos posts do Instagram para alcançar mais pessoas que possam consumir minha música. Além das playlists do Spotify que usam o termo Female-Fronted Metal, mesmo em playlists de usuários, mas que tem um número considerável de seguidores, isso pode fazer a diferença significativa nos números de ouvintes de bandas inciantes.
Não acredito que o público procure por essas tags e playlists pensando que “female-fronted metal” seja um estilo dentro do metal, mas uma característica, e talvez uma forma de representatividade. Durante as duas décadas passadas o termo foi ligado a bandas de Symphonic e Gothic Metal, então talvez as pessoas associem mais o termo a esses estilos de forma equivocada – já que desde os primórdios do rock e metal mulheres contribuíram com o estilo, nomes como Sister Rosetta Tharpe, Jinx Dawson (Coven), Debbie Harry, Doro entre outras mulheres deixaram sua marca na história.
Dito isso, também há um movimento crescente entre as mulheres na cena, como iniciativas como o “União das Mulheres do Underground” liderado pela Nata Nachthexen do Manger Cadravre?, focado não só em vocalistas, mas também em mulheres instrumentistas, e o “Rock de Boneca”, liderado pela Nina Furtado da banda HANEY. São coletivos feitos por mulheres e para mulheres. E uma forma de fortalecer e incentivar meninas e mulheres a tomar seu espaço na música.
Mas fora desse nicho falta muito para equipararmos o espaço feminino na cena nacional. Há muita união e apoio dentre bandas que têm mulheres em sua formação, mas fora dessa “panelinha feminina” ainda é muito pequena a participação feminina em festivais de médio e grande porte no Brasil.
Isso é claro, tem melhorado nos últimos anos. No último Rock In Rio por exemplo tivemos a presença das meninas do Nervosa e da Mayara Puertas do Torture Squad no palco Sunset no dia do metal, mas no palco Mundo não houve uma presença feminina, nem nacional, nem internacional nesse mesmo dia.
O Armageddon Metal Festival deste ano é um exemplo de festival nacional diversificado com bandas como o Nervosa, Miasthenia, Vandroya além do headliner The Agonist liderado por Vicky Psarakis. Além do festival O Subsolo Rock Festival desse ano que já anunciou também o Torture Squad como headliner desta edição, e ainda irão anunciar mais bandas do line-up que tem mulheres em sua formação.
Precisamos de mais iniciativas assim, até que não exista mais um abismo entre a porcentagem feminina e masculina nos palcos, e consequentemente entre o público. No mainstream e no exterior pode já não haver tanta diferença entre mas no Underground brasileiro, apesar da constante evolução, precisamos reforçar essa diversidade, usando o termo “female-fronted metal” ou não.
Aproveitando a deixa, sigam a playlist abaixo com mulheres da cena nacional: https://bit.ly/MulheresMetalBR
Precisamos de mais iniciativas assim, até que não exista mais um abismo entre a porcentagem feminina e masculina nos palcos, e consequentemente entre o público. No mainstream e no exterior pode já não haver tanta diferença entre mas no Underground brasileiro, apesar da constante evolução, precisamos reforçar essa diversidade, usando o termo “female-fronted metal” ou não.
Aproveitando a deixa, sigam a playlist abaixo com mulheres da cena nacional: https://bit.ly/MulheresMetalBR