
Ta aí um cara que realmente é um guerreiro incansável. Blaze Bayley lançou, desde que saiu do Iron Maiden ao fim dos anos ’90, oito álbuns em sua carreira solo, trabalhando com inúmeros músicos de alta qualidade e lançando músicas que fizeram ele receber o apelido de “O Rei do Metal“. Concordar com isso cabe a cada um, mas a disposição e determinação de Bayley é inquestionável. O mais recente resultado disso foi o discaço “Infinite Entanglement“.
O álbum aborda uma temática que agrada muito o vocalista: ficção científica. Blaze já havia usado de conceitos assim em álbuns anteriores, mas aqui ele traz a história de William Black, que fez uma viagem de cem anos através do tempo, o que rende letras inteligentes e bem trabalhadas. No entanto, a história, que é narrada através das faixas e passagens que trazem vozes que complementam ao contexto do conto, também servem como desabafos pessoais do letrista. Por isso, as letras e a abordagem inteligente delas já são um ponto positivo para esse trabalho.
Não bastasse isso, para mim o álbum é instrumentalmente perfeito. Um digno disco de Heavy Metal, que merece pendurar por anos e ser escutado como um clássico. Encontramos diversos riffs sensacionais, que mesclam momentos de peso e de melodias de impressionar. Elas ficaram por conta de Chris Appleton, que faz parte da banda inglesa Absolvia, que deu conta de toda parte instrumental do disco com seu baixista Karl Schramm e o baterista Martin McNee. Todos deram um show em suas partes. O baixo acompanha com maestria o excepcional trabalho da bateria, deixando o terreno pronto para a guitarra apresentar solos viciosos que enchem nossos ouvidos. Lindo trabalho.
O single “Human” é um dos destaques do álbum, com um refrão poderoso que chama o público a cantar junto. Mas minha faixa predileta foi a acústica “What Will Come“, que contou com o grande violonista Thomas Zwijsen e a violinista Anne Bakker. É uma linda faixa que traz uma autenticidade tocante. O vocal poderoso de Blaze acompanha de forma crua e honesta os dois instrumentistas que criam melodias lindas ao longo da canção.
No entanto, a serenidade que essa faixa transmite é um dos poucos momentos em que sua cabeça não irá bangear. O ponto forte de “Infinite Entanglement” é justamente suas músicas pesadas e seus refrões cativantes. A faixa-título abre com potência o disco, e dali pra frente somos imergidos nessa poderosa história sci-fi e real de Blaze Bayley. É uma viagem que vale muito a pena embarcar, deixando as guitarras te conduzirem através de dos riffs maravilhosos e solos encantadores, que casam perfeitamente com o vocal forte do frontman.
O disco é imersivo, profundo e viciante. São onze faixas sensacionais que não pecam em nada. “Infinite Entanglement” significa “entrelaçamento infinito” e sem dúvidas ele entrelaça os ouvidos do ouvinte pedindo para ser ouvido muito mais de uma ou duas vezes. Blaze mandou muito bem nesse lançamento e com certeza colocou seu disco entre os melhores lançamentos do ano. Não usamos notas aqui no O SubSolo, mas se eu desse seria nota 10 sem pensar duas vezes. Sim, ficou do c@$@%#@ mesmo. Falta agora conferirmos esse trabalho ao vivo em sua turnê pelo Brasil que vem ocorrendo desde semana passada e se estenderá até o dia 26.
TRACKLIST
01.Infinite Entanglement
02. A thousand years
03. Human
04. What Will Come
05. Stars are Burning
06. Solar Wind
07. The Dreams of William Black
08. Calling You Home
09. Dark Energy 256
10. Independence
11. A Work of Anger
LINE UP
Blaze Bayley – vocal
Chris Appleton – guitarra, vocal de apoio
Martin McNee – bateria, percussão
Karl Schramm – baixo, vocal de apoio
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Michelle Sciarriotta (violão, vocal de apoio, narração), Thomas Zwijsen (violão na faixa #4), Anne Bakker (violino na faixa #4), Emily Pembridge (teclado, piano), Liz Owen (vocal de apoio), Joanne Robinson (vocal de apoio), Mel Adams (vocal de apoio), Aine Brewer (narração), Rob Toogood (narração) e James Dunn (narração).