E temos mais uma coletânea da ótima rádio e portal Roadie Metal em mãos. Graças ao cabeça desse projeto, o Gleison Júnior, recebi em mãos mais essa peça dessa coleção que tem a tendência de crescer cada vez mais. Depois de apostar em 34 sons no volume anterior, esta trouxe uma faixa a mais, deixando o Disco 1 com 17 trilhas e o Disco 2 com 18. Foi o suficiente para eu deixar os cds rolando ao longo da tarde e sentindo meus ouvidos serem atropelados por motocicletas furiosas que seguiam sem parar nessa highway to hell.


Isso foi uma referência a grande arte presente nos encartes dessa coletânea, novamente assinada por Marcelo Nespoli. Menos obscura e pesada que a anterior, dessa vez o artista apostou em um cenário mais compreensível desde a primeira vista. Pessoalmente, gostava da arte sinistra do volume 6, mas o cara é um artista de mão cheia e fez um belo trabalho nas imagens desta coletânea, merece os primeiros parabéns aqui, pois afinal, antes de tudo, a primeira coisa que sempre temos em vista é a estética do play, e nisso Nespoli dá conta tranquilamente.

Em seguida, colocamos o CD 1 pra rolar e entramos nessa longa estrada que tem como trilha sonora trinta e cinco bandas brasileiras, dos mais diversos gêneros do Metal e até mesmo Rock n’ Roll. Logo de cara, a banda Syren abre com a faixa “Motordevil”, que combina perfeitamente com a arte de capa do disco. Com um groove matador carregado de distorção suja, a banda é a primeira a te atropelar aqui. Tropa de Shock te coloca “Inside the Madness” com um ritmo acelerado como uma moto sem obstáculos no caminho, mas também puxa criatividade e brilho num interlúdio que realça o belo trabalho de guitarras na faixa.

Válvera é a primeira a se arriscar cantando em português, algo que é ainda minoria na coletânea. Outra banda que me surpreendeu por essa escolha foi a S.I.F., que me surpreendeu muito quando o vocal feminino entrou rasgando em cima de uma base totalmente hardcore. Mas antes de chegar na faixa “Puritania”, que é a 13, rolou muita coisa antes. Logo depois de Válvera, a quarta faixa “I Was Wrong”, de Dolores Dolores, trouxe um instrumental muito interessante e bem trabalhado, puxando pra uma escola mais Led Zepellin talvez. Seguindo nessa onda mais rock/metal, um susto que me tomou a atenção algumas faixas depois: Heryn Dae, banda que apresentou uma música com mesmo nome da banda. Depois de uma introdução épica, pensei de cara em Dio aos primeiros riffs. Uma faixa de puro heavy metal. 

Encerrando o primeiro CD, o guitarrista Eduardo Lira traz a belíssima e inspirada faixa “Sunrise”, que além de solos impressionantes, contém toda uma base muito bem elaborada, com destaque pro baixo refinado que conduz muito bem o fundo para as notas da guitarra do músico.

Mas aí ficou a pergunta “na coletânea passada tinha tanta música pesada, cade elas?”. Pois é, amigos, tá tudo aqui ó: CD 2. De cara, Voodoopriest. Ficou bem claro pra mim a partir dos primeiros riffs dilacerantes de “Juggernaut” que ao invés de motocicletas era a vez do trem que passa ao fundo da ilustração da capa te atropelar. Parecia que cada faixa era um dos vagões de um trem enorme sem freio. Monstractor e Forkill apresentaram faixas de puro e autentico Thrash Metal com suas faixas “The 4th Kind” e “Let There Be Thrash”, respectivamente. Kryour e Criminal Brain mantiveram o ritmo forte e pesado, mas foi a faixa “Supreme Being”, do Handsaw, que o vagão mais pesado passou por minha cabeça.

Mais três faixas em português me chamaram atenção no segundo disco. “Sem Conserto” da Dying Silence foi pesada até o osso, enquanto as ótimas guitarras da Melanie Klain roubam a cena na faixa “Lavagem Cerebral”. E se sua cabeça estava tentando resistir ao impulso, “Sombras”, de Dioxina, vai te fazer enfim ceder, até por ser a décima quinta faixa do segundo disco, não tem como manter a cabeça parada ao longo de todas essas faixas pesadíssimas.

Duas outras faixas me chamaram atenção pelos refrões poderosos delas. As Do They Fall trouxe a ótima “Nemesis”, que tem uma baita cadencia e um vocal muito bem postado. “Hungry, Misery nd Pain” foi a faixa agressiva e de altíssima qualidade da Heavenly Kingdom.

Após mais essa saraivada de música pesada, vale sempre ressaltar que é muito difícil gostar de todas as músicas. É nítido, porém, o comprometimento de todas as bandas em apresentarem o melhor delas, mas algumas poderiam apresentar faixar com melhor acabamento, uma mixagem mais caprichada, pois as vezes tem elementos muito bons que acabam ofuscados por uma mixagem mal feita. Como disse para o volume anterior, essa Coletânea Roadie Metal surge como um belo item em minha coleção, e fica no aguardo de receber sua sucessora, o volume 8. Que continue nesse ritmo!
Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.