Eis que chega em minhas orelhas o material do Crypta, banda que já foi motivo de muitos comentários e ansiedade antes mesmo de existir dada a história de duas das integrantes com a outra banda em que tocavam.
Eu, assim como todo brasileiro que curte um som de qualidade, também fiquei bastante curioso com este material, bem como com o material da outra banda gerada pela ruptura.
O álbum conta com 10 faixas e a capa é extremamente bem trabalhada, rica em detalhes e chama bastante a atenção. No centro podemos ver um caixão cheio de animais com muitos dentes e ao redor, gárgulas/dragão/demônios iluminando o cenário com velas. Perturbador e bonito!
Bora dar play!
O disco entra com Awakening, uma intro bem ambientada e cheia de efeitos sonoros que fazem com que a imersão aconteça. Dá pra sentir a tensão e com certeza já prepara o ouvinte para a paulada!
Starvation começa com uma bateria convidativa e lá vem o sabugo. De prontidão o ouvido sente o peso, o disco soa muito bem, tudo muito equilibrado e bem pensado. A música mostra bem a cara da banda, se a primeira impressão é a que fica, pode apostar que essa é bastante positiva.
Faixa 3, Possessed”, guitarras presentes e muito bem executadas, a música começa com uma sequência de riffs matadores que deixam o ouvinte atento e sedento por mais. Existe uma dinâmica no verso, a banda meio que some e depois volta com peso total, muito interessante.
Seguimos com Death Arcane, um som mais cadenciado, parece que soa até um pouco mais grave do que as anteriores. O desenrolar desse som é, assim como todas até agora, imprevisível. Eu gosto muito de ser surpreendido com estruturas de música, considero um ponto importante para que as bandas não mostrem apenas mais do mesmo e sim, um material mais elaborado e de fato pensado.
5- Shadow Within também segue a linha de bpm mais baixa na intro, a música é mais sombria como o nome sugere. Agora que consegui sentir mais a presença do baixo, o ouvido está acostumando mais com a mix e estou ouvindo melhor cada detalhe.
Próximo som é Under the Black Wings e a tensão da música é muito boa, temos uma intro com uma repetição de nota e alguns ruídos bem perturbadores fazendo com que a música chegue com uma ótima anunciação. Esse é o som mais curto do disco e me lembrou algumas bandas clássicas do estilo, o que me faz pensar que é ótimo, visto que levou uma intro e cinco músicas para eu achar alguma similaridade com clássicos. Elogio, com certeza.
Kali entra com uma virada de bateria bastante empolgante e temos riffs daqueles que da vontade de bater a cabeça na parede de tão bons! Neste ponto do disco já deu pra acostumar com o som, com as nuances de voz, as intenções de cada instrumento. Realmente existe uma organização na composição, um toque de controle, tudo encontra seu lugar perfeitamente sem tirar o lugar de outro elemento.
Estamos quase no fim do disco e eu queria mais umas 25 faixas… Blood Stained Heritage é rápida, agressiva e empolgante. Eu particularmente adorei o breakdown pós refrão e confesso que dei um repeat nesse som. Está difícil separar uma favorita, mas essa aqui concorre fortemente.
As duas últimas faixas são as mais longas do álbum. Faixa 9, Dark Night of the Soul tem uma intro numa pegada mais lenta, algo que remete à temática árabe, mas logo antes de um minuto o som já se desenvolve em peso com essa máquina de riffs. Normalmente 5 minutos de música se tornam maçantes e longos. O habitual é que as repetições tentem a cansar o ouvinte e 3 minutos se torna um tamanho ideal. Neste caso a música desenrola bem e o tempo passa sem que haja nada de cansativo ou irritante.
Chegamos ao final do álbum com From the Ashes e o disco me deixou com vontade de ouvir de novo. A última faixa é visceral, cheia de agressividade e peso. Assim como em outras músicas, os riffs pesados e solos cheios de técnica contrastam com melodias bem trabalhadas e cheias de identidade. No estilo do disco, normalmente, as melodias mais limpas ficam em segundo plano mas, neste caso pode-se ouvir detalhes melódicos evidentes e que em momento algum tiram o peso do som.
É muito gratificante pegar um trabalho brasileiro e sentir essa qualidade incrível que não perde nada para materiais internacionais renomados. Eu não esperava menos e mesmo assim fiquei surpreso com o material tanto em termos de produção quanto de composição.
Vale cada segundo de apreciação e com certeza está na minha playlist pessoal. Altamente recomendado.
LINEUP:
Fernanda Lira – Voz e baixo
Sonia Anubis – Guitarra
Tainá Bergamaschi – Guitarra
Luana Dametto – Bateria
TRACKLIST:
1- Awakening
2- Starvation
3- Possessed
4- Death Arcana
5- Shadow Within
6- Under the Black Wings
7- Kali
8- Blood Stained Heritage
9- Dark Night of the Soul
10- From the Ashes