Existe uma grande história por trás deste EP. Na minha primeira ouvida senti uma grande inspiração de Charlie Brown Jr. nas músicas deste disco, e então, depois, descobri que o EP é de fato uma homenagem ao Chorão e ao Champignon, ambos ex-membros do Charlie Brown Jr., que foram encontrados falecidos à poucos anos atrás. A influência é marcante graças ao fatos de ambas as bandas provirem de Santos, cidade do litoral paulista.
A Depois da Tempestade trás uma sonoridade semelhante à banda, porem, com um pouco mais de peso, usando pegadas de metal alternativo e até de metalcore, com a mescla de vocais limpos com mais graves e gritados. O uso de teclados dá uma riqueza à mais na parte instrumental, criando um som que parece fluir naturalmente como plano de fundo de sua vida.
Todos os instrumentos aparecem muito bem trabalhados no disco, assim como as letras. Muito bem pensadas e elaboradas, as composições do vocalista Victor Birkett são belas mensagens que descem muito bem aos ouvidos. São músicas que são fáceis de ouvir, que se encaixam em diversos gostos, podendo agradar à diversos públicos.
Na faixa “Estocolmo Nunca Mais” temos a impressão de que teremos muito metalcore pela frente, já abrindo com as guitarras trazendo bastante peso e os vocais alternando entre limpo e gritado. A bateria de Bruno Andrade faz uma linha bem interessante, enquanto a climática do teclado de Maru Mowhawk conduz toda a mudança de levada da canção, que passa pra uma música bem mais calma, mostrando os dois lados da banda.
“Mente Livre” também começa com o peso das
guitarras de Dennys Andrade e Leandro Cruz(ex-Guitarrista que gravou o EP). A letra é uma bela mensagem de positividade de combate as dificuldades que nós mesmos criamos em nossa vivência. O trecho “O simples tá aí, sendo simples pra mim e pra ti. E vai continuar, porque barreiras somos nós que criamos” é sem dúvidas o que mais me chamou atenção em toda a música. Afinal, os nossos maiores problemas são frutos de nossa raça humana, não é mesmo?
A música seguinte, “Doismilesete“, já lembra bastante o som de Charlie Brown Jr., com riffs bem inspirados por Marcão, que era o guitarrista do CBJr. A música vai terminando de maneira discreta, já puxando a próxima: “Busquei Vida“, que começa com o baixo de Diego Andrade falando alto com um lindo lick, dando vez para a entrada das falas rápidas e rimadas de Victor. É outra música que vale a pena ir conferindo a letra. A banda traz, mesmo quando em suas pegadas mais pesadas, mensagens que devem ser refletidas por nós. Sem dúvidas, a letrística do disco é um ponto muito forte e positivo.
Como disse, as músicas fluem ótimas como plano de fundo, pois parecem que são perfeitas para trilha sonora de certos momentos da vida. Fluem tão bem que acabam passando rápido. Quando menos esperamos, estamos na última faixa. “Infinita Maré” é calma, com uma atmosfera que tranquiliza o ambiente e a alma. O trabalho instrumental é muito bem feito, e o vocal parece muito à vontade nesta canção, aparecendo apenas em sua forma limpa. Ela vai se despedindo de maneira calma e devagar, com o baixo e as guitarras fazendo as últimas notas deste belo disco, dando aquele gostinho de “quero mais”.
O EP é uma experiência muito boa de ser ouvida. Traz momentos muito bons e tem um som extremamente agradável e contemporâneo, sendo atraente para aqueles que não são adeptos ao rock ou metal, e também para os mais exigentes do cenário mais pesado. A banda está de parabéns pelo trabalho e deve apostar na mesma sonoridade para o disco seguinte, pois com certeza deve obter resultados ainda melhores.
Produtor do MUTÁV3L:
André Freitas
Contato: rocktempestade@gmail.com