Vamos para mais um disco que chegou em minhas mãos, o Direção Ofensiva, do Tressultor, banda Catarinense da cidade de São Bento do Sul formada em 2012.

A banda promete um Death Metal Progressivo e eu já comecei adorando a capa que mostra a vista interna de um carro, atropelando uma senhora desrespeitável e ostentando uma garrafa de José Cuervo no porta luvas. Tudo em estilo desenho animado divertido e muito bem feito.

O grupo é formado por Hans Egon Kechele, no baixo e voz; Renahn Grosch, na guitarra e voz e por Lucas Cruz, na bateria.

O disco é curtinho mas promete uma experiência visceral. Bora dar play!

Nenhuma descrição de foto disponível.

Começamos com Tenho um nome a zerar e o negócio é sem massagem, já começa na pedrada. Minha sensação é mais Trash do que Death mas como eu odeio rótulos, não tem motivo pra questionar. Ser em português me atrai muito por diversas questões já mencionadas aqui anteriormente em outras resenhas. Gostei muito da colocação das letras já no primeiro contato.

Seguimos com um dos melhores nomes de música que eu já ouvi na vida: Deliciosas empadinhas de Dona Isabel e agora sim veio a pegada Death. A banda tem como premissa a gravação 100% analógica e o reflexo auditivo é bem notório, me sinto alguns anos no passado em relação à mix e master.

Sentinela Noturno mostra a agressividade esperada logo no começo, mas no refrão temos cadências mais lentas e o som fica com dinâmicas muito interessantes. O destaque está entre as linhas rápidas de bateria e as guitarras muitíssimo bem compostas e inseridas.

Na sequência, IML. E o ponto interessante aqui é a transição do vocal entre as faixas. Temos uma voz limpa e agressiva e outra voz gultural. Eu particularmente gosto muito desses duetos quando bem feitos.

O Ateu começa com algo leve e isso me assustou um pouco, mas logo o peso volta e aí eu entendi melhor a intro. Temos um baixo mais proeminente do que nas outras faixas e eu gosto bastante disso. O fato de estarmos ouvindo uma mix analógica faz com que alguns comentários se façam desnecessários. Hoje em dia muitos detalhes técnicos já teriam sido apagados apenas por estar em uma captura digital. Mas dentro da ideia de trabalhar nesse formato, está tudo bem temperado como deve ser.

Dieta Colombiana começa com o baixo num riff bem envolvente e por enquanto é minha faixa favorita em termos de sonoridade. Confesso que eu não esperava uma faixa instrumental, mas adorei. Existe um problema em se criar um Death instrumental que seja coerente e que tenha melodias convincentes. Ponto pra eles!

Quase no fim do disco, Juarez possuído pela tequila não decepciona, a voz volta e a história ou estória contada na letra é digna de se acompanhar. Não darei spoilers.

A última faixa do disco é a faixa título, Direção ofensiva e eu não esperava nada menos do que uma agressão auditiva. Obrigado. A música faz com que os 23 quase 24 minutos do disco deixem o gosto de quero mais. Foi curto mas foi intenso.

O disco não está completo nas plataformas digitais,mas pode ser encontrado na íntegra no YouTube. Recomendo bastante para quem está com ódio da vida ou deseje uma boa receita de empadas escrita pela Dona Isabel.

Agora, falando sério, o álbum tem uma pegada old school e isso em momento algum é ruim. Minha opinião como produtor é polêmica, mas faz parte da profissão respeitar os colegas. (e sim, o trabalho ficou MUITO bom!). A recomendação vai para músicos em geral que buscam inspiração no som pesado em português. Foi absurdamente bem pensado e isso é realmente difícil de se fazer no nosso idioma.

Tracklist: 
1-Tenho Um Nome a Zerar 
2-Deliciosas empadinhas de Dona Isabel
3-Sentinela Noturno 
4-IML
5-O Ateu
6- Dieta Colombiana
7- Juarez Possuído Pela Tequila
8- Direção Ofensiva

 

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.