Em Rio do Sul fica a nascente do Rio Itajaí-Açu, um oponente rio que em tempos de grandes chuvas provoca sérios alagamentos em vários munícipios de Santa Catarina. Mas é em Rio do Sul também que nascem várias bandas promissoras que produzem som autoral com personalidade. É o caso das bandas FULL GÁS e TOSSE HARMÔNICA, que se uniram num Split (álbum dividido por dois ou mais artistas e bandas). 

FULL GÁS é quem começa toda a narrativa sonora com seu rock inspirado na cena musical dos anos 50, 60 e 70. A banda foi formada em 1998 e já abriu shows do Barão Vermelho, Nando Reis, Detonautas, Dazaranha e outros. A sonoridade da banda é “simplesmente rock’n’roll”, como anuncia o release dos caras. As distorções são chamadas de “rock rasgado” pela banda, que usa de simplicidade para fazer um som que agrada aos entusiastas do bom e velho rock’n’roll.





“Nunca Mais” é o prelúdio com guitarras evocando a vivacidade e energia do rock riosulense. Com vocais bem encaixados numa composição para se curtir sem muitas pretensões, “Controle Remoto” é puro blues distorcido com os questionamentos sobre o controle do tempo.

Cada faixa traz retratos do cotidiano (possivelmente vividos pelos integrantes da banda), histórias que se tornam contos sonoros temperados com riffs potentes. Bem produzido, o disco faz do FULL GÁS um nome forte para os palcos dos festivais de rock que vem rolando pelo estado.

Mal terminam as guitarras da faixa “Haverroth”, eis que surgem as risadas e um breve tosse. É a TOSSE HARMÔNICA, começando a 2ª parte do álbum Split com a declaração de amor a uma cafeteira em “Minha Cafeteira Sumiu”.
Conterrâneos do FULL GÁS, a banda TOSSE HARMÔNICA mistura irreverência e riffs alucinantes. É rock com uma pegada mais hardcore, sem firulas, mas com muita potência. O baixo sujo marca o início de “De Uma Jam Te Copiei”, a história de um plágio na “cara dura”.

“O Blues Da Indecisão” é o uma ode à dúvida e à indiferença em forma de blues com muita distorção. E para incrementar a história, no começo temos a participação do Palhaço Biribinha, um ícone circense, anunciando o barulho.
O termo “rápido e rasteiro” se aplica perfeitamente para as duas últimas faixas do álbum “Harmonic Cough” (tosse harmônica, em inglês) e “I Want To Sleep”. Hardcore até os brônquios, as duas faixas encerram o álbum que traz o que há de melhor na cena musical de Rio do Sul, a nova nascente do rock.

Resenha por Hermes Gregório
Material repassado pel’A Hora Hard

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.