Salve Headbangers!

Vindo em uma escalada de lançamentos que conseguem superar o seu antecessor o Manger Cadavre? apresenta em Imperialismo uma arma poética e musical contra todo um sistema que nos sufoca, você percebendo ou não, somos condicionados a defender aquilo que nos explora. Vejo esse trabalho como uma sequência natural de AntiAutoAjuda (2019) que em pouco mais de 30 minutos apresenta uma banda que consegue manter as próprias características, ao mesmo tempo que inova criando a trilha sonora perfeita para a revolução iminente.

Antes de chegar no álbum em si, quero elogiar a captação e mixagem feita no estúdio Family Mob pelo engenheiro de som Otavio Rossato. As vezes esses detalhes passam despercebidos pelo público em geral, mas o fato desse trabalho ser tão homogêneo na qualidade, passa por esses fatores.

Quando vou resenhar uma banda que particularmente sou fã, procuro ouvir todos os trabalhos na ordem de lançamento para observar as mudanças e evolução. E posso dizer que enquanto Decomposição(2021) mostrava a banda indo para um lado mais metal do que Hardcore, Imperialismo une o melhor de dois mundos com passagens que remetem ao Death Metal mais Old School. Note as guitarras, que tem algo de Bolt Thrower, enquanto a bateria mostra uma veia mais raivosa, com uso de batidas rápidas. Já os vocais de Nata Nachthexen estão se destacando cada vez mais, conseguindo transmitir diversas interpretações em meio aos guturais que emana das cordas vocais, fazendo da cantora uma das melhores vocalistas do cenário brasileiro atual.

A faixa título abre o trabalho já demonstrando essa faceta mais Death Metal que só se mantém ainda mais extrema com a ótima Encarceramento e Morte, cuja letra, acima de tudo, tem uma missão de denúncia e urgência.

Iconoclastas é uma música já conhecido do público, sendo recorrente nas apresentações da banda mesmo antes da chegada do novo disco. E  a versão em estúdio consegue ter a mesma energia, a a introdução (quase um Doom Metal) dá para essa faixa toda uma mística única.

Peregrinos e Enfermos além de possuírem ótimas letras, mostram o entrosamento da
“cozinha” da banda formada pelo baterista Marcelo Kruszynskia e o baixista Bruno Henrique. Noto aqui ainda mais a influência do Death Metal Old School e como esses elementos se fundem perfeitamente a sonoridade incrível que o Manger atingiu neste trabalho. 

Porém o clímax do trabalho vem com Tormenta e as suas duas versões, que mesmo que entoadas por vocalistas distintas (a segunda delas na voz de  Suyanne Gabrielle do Buzzard) conseguem transmitir diferentes sensações sem perder todo o teor Post Black Metal condensado em uma latente tempestade desesperadora que se forma neste oceano sonoro prestes a acertar o ouvinte em cheio.

Ao final da audição, constato que o Manger Cadavre? se desafia e evolui a cada trabalho. Imperialismo é a demonstração do ápice da sonoridade e talento da banda. 


Tracklist
1 Imperialismo
2 Encarceramento e morte
3 Iconoclastas
4 Peregrinos
5 Enfermos
6 Tormenta
7 Tormenta (ft Suyanne Gabrielle)

Paulista e um dos maiores amantes do Metal Extremo, principalmente se tratando do nacional. Professor de Geografia e História, é também formado em Matemática e Filosofia, Pai da Naylla e do Dhemyan. Foi colaborador de algumas mídias, antes de fundar o site Underground Extremo, o qual tem um laço de irmandade com O SubSolo. Acompanhava o trabalho d'O SubSolo a alguns anos e passou a contribuir e fazer parte da equipe, a qual é honrado em colaborar com o desenvolvimento desta grande mídia do Rock/Metal, sendo o responsável pela parte das escritas mais extremas do site.