É extremamente gratificante quando você recebe em suas mãos um disco desse, põe pra ouvir e pensa “isso merece uma boa resenha”. Maverick tem seu nome inspirado no automóvel da Ford, que tinha um poderoso ronco do motor, que faz jus ao som desses caras. É realmente um motor moendo sua cabeça à cada música que passa, sem te poupar em nenhum segundo. Vindos de São José do Rio Preto, a banda desponta do interior de São Paulo com um Thrash Metal violento e groovado, que dá uma originalidade mortífera no som da banda.

Já tinha tido contato com o som desses caras em outras oportunidades. Primeira música que ouvi é a frente de trabalho deles, “Upsidown”, enquanto fuçava aí pela Internet me deparei com essa porrada sonora. Tempos depois ouvi a música novamente na Coletânea Roadie Metal Volume 6, inclusive resenhada aqui. E agora, dei o play nesse álbum devastador e pude ver que o som dos caras é muito bom.

A primeira impressão que temos ao pegar o álbum em mãos é muito positiva. A arte de capa é assinada pelo frontman da banda Gabriel Semaglia e traz toda bem a temática do disco no desenho. Essa mistura da fascinação pelo poder do motor com a obscuridade violenta do som da banda ficou bem destacada nessa arte. Por dentro, temos um encarte simples, mas que me agradou bastante, pois traz o que é necessário de forma condensada. Em apenas duas páginas temos as sete letras, os integrantes e os agradecimentos da banda, com um fundo escuro bem pensado também. 


Agora vamos falar do mais importante: do som. A faixa-intro “V8” serve para mergulhar o ouvinte na auto-estrada que tem pela frente. Afastando-se da chatice e estresse do dia-a-dia e indo direto para um caminho sem volta chamado Maverick. Os motores roncam forte e então entramos abruptamente em “Upsidown”, single do disco que é sem dúvidas um dos destaques do debut da banda. A música é um massacre em seus ouvidos. O primeiros contato com todos os instrumentos é assustador. 

O vocal de Semaglia pra mim é o destaque da banda. É realmente um motor que dilacera o seu ouvido com gritos rasgados impressionantes. Os riffs das guitarras do vocalista e de Caio Henrique casam perfeitamente com a brutalidade da bateria de Gustavo Polississo, que é muito bem acompanhada pelo baixo de Lucas Silva.

A química que rola entre tudo isso é fascinante, pois dá origens a riffs cada vez mais devastadores, resultados de muita inspiração e criatividade da banda, além de ódio em cada letra cantada por Semaglia. A faixa-título tem uma pegada muito forte, e uma letra que é cuspida em meio a óleo e sangue. 

O motor se torna minha voz, aceleração aumenta meu ódio

O instrumental é perfeito, sendo groovado nas horas certas, e extremamente violento quando a música pede um mosh pit, logo após dizer que os moshes são o combustível desse motor. Precisa dizer que a banda caprichou nesse recado? Impossível ficar parado nessa hora.

O vocal de Gabriel segue altíssimo em “Shadows Inc.”, que tem um refrão muito forte e pesado. A letra, assim como todas do disco, é assinada pelo líder da banda, sendo carregada de violência e raiva. “Disorder” segue essa linha, mas com uma linha de guitarra feita pra destroncar o pescoço do ouvinte. É pra banguear do início ao fim com essa faixa.

A bateria de Polississo abre “Karma Extinction”, dando sequência a seu excelente trabalho nas baquetas. Sem dúvidas Polississo é outro ponto alto do disco, trazendo linhas de bateria carregadas de peso e groove. Os pedais duplos surgem nos momentos mais apropriados, criando o terreno perfeito para as cordas das guitarras e baixo riffarem. Semaglia traz mais um refrão poderosíssimo aqui, que acompanha a pegada mais marcante da bateria.

“Dehumanized” é talvez a faixa que remeta mais ao Thrash clássico dos anos ’80. É mais um massacre passando por sua cabeça e você com certeza não vai achar isso ruim. Em seguida, chegamos na oitava e última faixa, “Scarecrow”, quando enfim o baixo de Lucas Silva se destaca nos riffs iniciais, enquanto Semaglia canta pela primeira vez em português. Logo, volta a letrística em inglês e o vocalista solta seu potente vocal, enquanto as guitarras conduzem riffs violentos para deixar o ouvinte no desejo de mais.

Maverick surge como uma verdadeira potencia do Thrash Metal, e também surge como um das poucas bandas a erguerem a bandeira do Groove Metal, gênero ainda pouco difundido no Brasil. É um disco curto, mas arrebatador, que me deixa ansioso para um novo lançamento e na vontade de poder presenciar em breve um show dessa banda espetacular.

TRACKLIST
1. V8
2. UPSIDOWN
3. MOTOR BECOMES MY VOICE
4. SHADOWS INC.
5. DISORDER
6. KARMA EXTINCTION
7. DEHUMANIZED
8. SCARECROW

FORMAÇÃO
GABRIEL SEMAGLIA – VOCAL/GUITARRA
CAIO HENRIQUE – GUITARRA
LUCAS SILVA – BAIXO
GUSTAVO POLISSISSO

Onde há espaço para escrever, tenha certeza que irei deixar minhas palavras. Foi assim que me tornei letrista, escritor e roteirista, ainda transformando minha paixão por música em uma atividade para a vida. Nos palcos, sou baixista da Dark New Farm, e fora deles, redator graduado em Publicidade e Propaganda para o que surgir pela frente.