Domingo, friozinho em SP, semana com feriado prolongado… O que nos resta é correr para o streaming de filmes e passar um dia fazendo um monte de nada!

Sempre que surge algo referente ao metal eu costumo dar uma olhada, afinal, sou professor de música e atendo pessoas de todas as idades que, como a maioria das pessoas não acostumadas com o gênero, abominam ou simplesmente excluem o gênero “metal” de suas aventuras auditivas.

É um fato que este raciocínio me leva a um julgamento até preconceituoso sobre qualquer que seja o material analisado, mas… Adoro ser surpreendido!

Tudo indica que o filme se passa numa escola, compatível ao nosso ensino médio/colegial e que a trama envolve dois adolescentes querendo montar banda. Ok! Já estive lá, exatamente assim.

Quando o filme começa, a onda é ficar reparando nas referências de bandas, achar detalhes aqui e ali, mas logo o enredo pega e as referências ficam para depois. Basicamente um dos adolescentes já é ouvinte experiente de diversas vertentes do metal e o outro está num início promissor, curtindo tudo o que experimenta mas sem conhecer muito do assunto.

Na sequência, é inserida na trama outra personagem que vem do erudito, portanto, sem referências diretas ao gênero, mas que logo se interessa pelo estilo.

Alguns pontos me chamaram a atenção, como por exemplo a relação dos pais dos adolescentes quanto ao gosto musical dos filhos, os motivos que levam um jovem a se apaixonar pelo metal, a reação dos colegas de classe dos jovens quando expostos ao estilo.

São temas muito pertinentes e vivos. Gostei muito da maneira que tudo foi abordado e desmistificado, como por exemplo o deboche ao falar de satanismo e não a imposição de que todo fã de metal deve ser anticristo, satânico ou algo que o valha. Obviamente existe no filme uma sessão dedicada ao bullying, que é algo muito vivo e latente quando alguém se mostra diferente do padrão. O caso é levado a sério e demonstra bem como as coisas funcionam na vida real.

Uma das lições mais valiosas ali, no meu ponto de vista, foi a amizade e companheirismo envolvidos. Há na trama um romance, uma amizade confusa e um processo de reatar a amizade perdida. Tudo isso retratado de forma leve e realista, tanto com o respeito entre os protagonistas quanto quando o respeito entre bandas é abordado.

Um ponto crucial da trama, sem spoilers, é mostrar que gostar desse estilo não é algo passageiro, não te faz uma pessoa ruim, muito pelo contrário e que a amizade, companheirismo e o comprometimento são muito valiosos para aqueles que enveredam por esse caminho. Outro ponto fortemente abordado é o uso de drogas, que mostra muito bem que as escolhas são importantes.

Ao longo do filme aparecem músicos famosos e isso deixa tudo ainda mais interessante. Scott Ian (Anthrax), Tom morello (Profets of Rage), Kirk Hammet (Metallica) e Rob Halford (Judas Priest) na mesma cena, com certeza deixam tudo mais interessante.

Para quem não curte muito assistir filmes como eu, foi uma experiência surpreendente e divertida. No início tudo é meio ridículo, juvenil, mas conforme as coisas se desenrolam começa a surgir um respeito para o desenrolar e o que era ridículo começa a ficar deveras interessante.

É isso, carregado de referências para quem conhece o gênero e com uma carga tão grande quanto de desmistificação para quem não conhece, Metal Lords é uma ótima escolha para filmes relacionados com metal!

Até a próxima!

Elenco reduzido:

Jaeden Martell – Kevin
Ísis Hainsworth – Emily
Adrian Greensmith – Hunter
Brett Gelman – Mr. Sylvester
Joe Manganiello – Dr. Nix
Sufe Bradshaw – Dean Swanson

Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.