Salve Headbangers!

A cena extrema de vez em quando revela nomes que vem em uma crescente assombrosa. E sem duvida, um destes nomes mais comentados é o do Gaerea. Acompanho a carreira dos portugueses desde que lançaram o Ep auto intitulado em 2016, mas com certeza foi  o segundo trabalho, Limbo (2020), que fez a banda ganhar o destaque merecido.

Para quem estava adentrando o universo do Gaerea, a dose de niilismo e toda atmosfera das apresentações foi algo desolador e, ao mesmo tempo,  impressionante. Porém pairava-me a dúvida: Estamos frente a uma banda duradoura, ou apenas um fenômeno temporário?

Eis que Mirage vem sanar nossas duvidas.

Pode ser meio cedo para afirmar, mas vejo Mirage não só superior ao trabalho anterior, como um fortalecimento da proposta do grupo. Aqui temos a banda mais madura, arriscando e ampliando a sonoridade e tornando-se ainda mais poderosa.

Memoir abre o trabalho dando ao ouvinte uma total sensação de desolação. Achei bem interessante abrir com uma musica que vem numa crescente. E este clima até bonito/hipnótico cai por terra com Salve, uma faixa mais desgraçada ainda que mostra que os portugueses conseguem transitar com total desenvoltura entre o Black Metal e até mesmo o Post Black Metal. 

Recentemente resenhei Maere do Harakiri For The Sky para o Underground Extremo e naquela resenha, elogiei a parede sonora que os austríacos conseguem perpetuar. Mesmo correndo o risco de ser repetitivo, preciso estender os mesmos elogios para o Gaerea, com uma diferença, de que o peso emanado do trabalho dos portugueses é ainda mais avassalador. Mérito de todos os músicos, mas não posso deixar de destacar o baterista Diogo Mota, que possuí uma técnica impressionante. Ouça Deluge e comprove.

O Gaerea conseguiu criar um som com personalidade, e o mais importante, uma atmosfera onde tudo que se ouve é perceptível, mérito esse que muitas bandas levam décadas para conseguir. É impossível ouvir Arson ou Mirage, sem comprovar o que digo. São faixas explícitas e uma rica experiência sonora de total desolação. 

Laude encerra o trabalho com um ímpeto de força desolador e a frase que é dita ao longo da música é profética: We Are Gaerea.

Track list
1- Memoir 
2- Salve 
3- Deluge 
4- Arson 
5- Ebb 
6- Mirage 
7- Mantle 
8- Laude 


Formação
Lucas Ferrand– Baixo
Diogo Mota– Bateria
Guilherme Henriques-Guitarras
Ruben Freitas- Vocal

Paulista e um dos maiores amantes do Metal Extremo, principalmente se tratando do nacional. Professor de Geografia e História, é também formado em Matemática e Filosofia, Pai da Naylla e do Dhemyan. Foi colaborador de algumas mídias, antes de fundar o site Underground Extremo, o qual tem um laço de irmandade com O SubSolo. Acompanhava o trabalho d'O SubSolo a alguns anos e passou a contribuir e fazer parte da equipe, a qual é honrado em colaborar com o desenvolvimento desta grande mídia do Rock/Metal, sendo o responsável pela parte das escritas mais extremas do site.