O trabalho da banda que dissecarei na resenha de hoje, me foi apresentado pela parceria com o pessoal do Som do Darma.

Originalmente formada em Natal, Rio Grande do Norte em 2010, e hoje radicada na cidade de Mossoró, a Godhound é atualmente formada por Kael Freire (baixo e vocal), Victor Freire e Vitor Assmann e o baterista Lázaro Fabrício. Depois de uma década tocando pelo Nordeste , incluindo uma mini-turnê e participações em grandes eventos como o Festival Do Sol e a Virada Cultural de Natal, o grupo lançaria dois EPs (Godhound em 2012 e God Above…Hound On The Road em 2013) antes de enfim se sentir seguro o suficiente para partir ao estúdio e trabalhar em um disco de estreia.

E é justamente este trabalho em questão, intitulado Refueled que analisarei faixa por faixa logo mais. Então, sem mais delongas, vamos lá!

O tilintar de gotas de chuva abrem o disco. Mas esse clima “terapêutico” logo se esvai com a chegada de um Riff arrepiante nos moldes do bom e velho Sabbath, iniciando-se assim a faixa de abertura Gravestone. E posso dizer sem medo que a veia “sabatica” é a tônica desta canção. Não fossem os vocais repletos de drives de Freire, essa música poderia encaixar perfeitamente em qualquer disco da fase inicial da trupe de Ozzy e companhia.

A letra disserta acerca da busca pela liberdade de viver, pois ao final, apenas a morte é o que lhe aguarda. Os erros e os acertos são fatores recorrentes, apenas algumas marcas que, ao final, estarão na lápide de cada um de nós.

Na sequência, Diesel Burner é uma carrega uma forte carga energética combinada a um refrão poderoso e cativante. Uma faixa excelente para pegar o seu possante e sair literalmente queimando combustível (só tome cuidado com os radares, tá?).

Warriors traz alguns flertes com algo que remetente ao Hard Rock, ao mesmo tempo, em que presta homenagem a um dos clássicos do cinema setentista, Warriors – Os Selvagens da Noite, com direito até do uso de uma das frases mais icônicas do longa metragem como parte da letra: “Warriors, come out to play”.

Jack The Lumber é uma faixa cativante, que poderia ser muito bem uma abertura de algum desenho animado do Adult Swim, nos moldes de Metalocalipyse ou As Lulas Caipiras.

Deathmask Trucker foi o primeiro single de Refueled a ser divulgado. Trazendo a participação de Jimmy London (ex-Matanza), aqui somos apresentados a uma lenda das estradas sobre uma figura à la Jason Voorhees, que espreita as rodovias em busca de novas vítimas. Uma faixa que seria ainda melhor, não fossem os vocais de London, que sempre me soaram uma tentativa desesperada e exagerada de soar como o saudoso Lemmy Kilmister…

Rockin’ Spirit é uma ode a este espírito que cativou as velhas, e agora as novas gerações, provando que o verdadeiro Rock ‘N Roll jamais fenecerá, não importando o quanto o tempo passe.

A penúltima faixa do disco é uma verdadeira porrada. Open Letter  é uma declaração direta a todo esse momento que vivemos com o advento das redes sociais, onde a hipocrisia reina soberana e nossos valores são medidos a partir da quantidade de likes ou seguidores que se tem. Em quesito letra, essa é a minha favorita do trabalho.

Takeover encerra Refueled com pegada forte mensagem positiva, onde todos são capazes de se erguer perante os comentários do mundo, em busca de conquistar aquilo que se almeja.

Lançado oficialmente em 12 de agosto de 2022, Refueled foi gravado no Lumbersound Studio, tendo a produção ficou a cargo de Kael e Victor Freire, assim como a mixagem. Já a masterização foi realizada por Fernando Delgado no La Outra Studio em Madrid, Espanha.

A belíssima arte de capa ficou a cargo do grande Wildner Lima, famoso por trabalhar com bandas como Kiss, Mötley Crüe e Ministry. Segundo a banda, o conceito da arte é apresentar elementos que representam as raízes da banda com o nordeste.

Em suma, Refueled é como aquele bom filme de ação que você coloca para rodar, pouco se importando com absurdos vistos ou com a história em si, onde o pipoco comendo solto te diverte insanamente, após um dia exaustivo no trabalho.  E da mesma forma como as obras de Stallone e companhia exalam balas e testosterona, o álbum de estreia do Godhound exala a essência das raízes do Rock Clássico, porém, com uma mixagem moderna e pra lá de competente, resultando em um ótimo pontapé inicial na carreira do grupo potiguar.

 Tracklist
1- Gravestone
2- Diesel Burner
3- Warriors
4- Jack The Lumber
5- Deathmask Trucker
6- Rockin’ Spirit
7- Open Letter
8- Takeover

 

Nascido no interior de São Paulo, jornalista e antigo vocalista da Sacramentia. Autor do livro O Teatro Mágico - O Tudo É Uma Coisa Só. Fanático por biografias,colecionismo e Palmeiras.