Em tempos de resistência, a arte se mostra como uma voz que não pode ser silenciada e procurando se expressar da forma mais brutal que conseguir, a Invokaos chega nesse seu primeiro debut, com a convicção de causar o caos sonoro a todos que se dedicarem a ouvir sua obra.
Impossível fazer uma resenha desse material sem primeiro analisar a sua capa, onde temos uma releitura de Os Retirantes. A pintura assinada por Candido Portinari, aqui ganha o acréscimo dos personagens do álbum, entre eles, a mascote Kira.
Indo para a parte sonora a Invokaos entra naquele seleto grupo de bandas que podem se classificar como Metal, porque eles sabem beber das mais variadas fontes da música extrema, colocá-los em um só nicho seria falho.
“Cânticos Sertânicos” é uma boa intro com pouco mais de um minuto é uma singela homenagem a música nordestina. “Black Cobra“ é Death Metal em português e admiro muito bandas que conseguem gravar nesse formato, sem perder peso e tendo algo a dizer. Essa boa percepção se estende por todo o álbum, “Desigualdade, Impunidade“ é um Crossover feito para o Mosh, com direito aquela quebra de andamento bem influente do Thrash. Nessa mesma pegada temos “Clube da Luta“ e “Canibalismo e Caos“ que me lembrou o “Metal Maloka” do Claustrofobia e em outros momentos, o Hardcore do Ratos de Porão.
Mesmo não conhecendo os músicos da Invokaos, consigo afirmar que eles são muito fãs de Metal Extremo, pois depois de mostrarem domínios do Death e Thrash, eles não se abstêm em usar influências tanto do Black Metal, evidente em Não é minha culpa, principalmente nos vocais quanto de Grindcore, nas faixas “Necrocarniçal“ e “Maldito” som esse que é uma homenagem ao grande cineasta brasileiro, Zé do Caixão.
Um trabalho dinâmico, com muitos acertos! Particularmente, a banda se destaca, na minha opinião, nas suas passagens mais Death/Grind e nas letras que foram bem escritas, sabendo bem transmitir suas mensagens. Cabe a Invokaos agora, continuar lapidando sua proposta, pois eles tem exatamente aquilo que esperamos de uma banda de metal brasileira, aquela agressividade latente em cada nota e olhando bem para nosso cenário atual, tem como ser diferente?
TRACKLIST
1) Cânticos Sertânicos
2) Black Cobra
3) Desigualdade, Impunidade
3) Desigualdade, Impunidade
4) Clube da Luta
5) Maldito
6) Canibalismo e Caos
7) Não É Minha Culpa
8) Meritocracia?
9) Necrocarniçal
10) Não Servirei
11) Cannabis Satani
FORMAÇÃO
Bruno Bacchiega – vocais
Alexandre Jansen – guitarra
Léo Bulhões – baixo
Thiago Queiroz – bateria