A banda Sacramentia começa a sua discografia com uma investida de Metal Extremo que mistura influências de Prog e Black Metal; é com o álbum conceitual Prophecies of Plague que a banda apresenta a sua interpretação musical de um dos temas mais impactantes da história, a Peste Negra. Vale ressaltar que recebemos o disco, para ouvir com total exclusividade e antecipadamente ao lançamento, obrigado Sacramentia.
“Música é o espaço entre as notas“. A utilização de ritmos e alternâncias agrega muito ao sentimento de “pegada” que estes riffs “metralhados” têm. Mesmo em momentos de total torrente de som a riffagem é rápida, mas nunca hegemonizada. Acrescente a isso os vários elementos apresentados por cada músico e pela composição em si, e temos um Metal Extremo que se encontraria familiar em uma coleção de Prog Metal.
A cozinha de Prophecies of Plague é uma das partes mais bem trabalhadas do disco. A atenção ao detalhe que Leonardo Michelazzo dá ao seu papel é impecável. Mesmo dentro da responsabilidade de segurar o andamento de um som tão rápido, sempre arranja espaço para colocar um prato ou uma virada que se sobressai e puxa a atenção. É como estar em uma viagem em linha reta, mas sempre com algo interessante acontecendo em algum lado para chamar a sua visão. E por falar em cozinha bem trabalhada, a ação no baixo de Guilherme Melo é fenomenal. Em momentos onde o baixo poderia obviamente servir apenas como “cama” para o som, este toma iniciativa em harpejar e puxar notas como harmonias extras. Isso quando não toma ativamente a frente e se torna o instrumento para guiar as melodias por vir!
As guitarras de André Guimarães e Guilherme Mendes apresentam escalas muito encontradas no Prog Metal, o que dá uma “cor” diferenciada ao som pesado e estilizado “à la” Black Metal. Seus solos são uma aula no conceito de “phrasing”; mesmo com um fundo tão acelerado e utilizando diversas técnicas para a solagem cada lick é coerente um com o outro. Cada sessão de um solo é organizado em resposta à última coisa cantada – e é aí que eu chamo que a guitarra parece estar “cantando”. Não se engane, ainda existe bastante ação fritante destes guitarristas… mas os solos conseguem ser mais do que apenas isso justamente pelo respeito ao fraseamento que estes guitarristas têm.
Os vocais graves e bem interpretativos de Renan Bezan dão uma personificação de agoureiro para as letras da música – como se o vocalista fosse um anunciador tanto da tragédia por vir quanto um denunciador dos negligentes que a causaram; o que é muito apropriado ao tema do disco.
Em resumo: é um som encorpado, que serve tanto para os gostos dos “nerds musicais” que querem algo complexo para ficar em cima quanto também ao headbanger que quer um som pesado para o mosh. Um ato e tanto casar estes dois nichos com tamanha maestria, de maneira que quase imperceptível.
TRACKLIST
01) Scorn Fate
02) Scum
03) In Integrum Pandemonium
04) Black Psalm
05) Silent Sinner
06) Necrolust
07) CruciFiction
08) Falling State ov Mind
09) Ancient
10) Unknown Gods
FORMAÇÃO
André Guimarães – Guitarra
Guilherme Mendes – Guitarra
Guilherme Melo – Baixo
Leonardo Michelazzo – Bateria
Renan Bezan – Vocais