Moderno, imersivo, denso. São qualidades fáceis de abstrair logo na primeira ouvida nesse disco da banda paulista StormSons, que caminha em trilhas do Stoner Metal mas tem uma riqueza e complexidade sonora que me permite dizer que o grupo não se prende apenas a aspirações desta segmentação do Metal.
Lançado em julho deste ano, tenho ouvido o disco recorrentemente desde então, e isso é um bom sinal, já que é um trabalho que marca a mente e traz muitas melodias que se tornam cada vez mais cativantes. Ou seja, é o típico álbum que merece ser ouvido mais de uma vez e a cada vez ele se torna melhor, principalmente por revelar novos detalhes em sua produção a cada audição, que inclusive, é impecável. Como muitos dizem, se não tem nada incomodando, é porque ela foi bem feita. Mas além disso, é importante ressaltar que ela é caprichosa, principalmente por se tratar de uma banda de cinco instrumentos diferentes e todos com seu devido e equilibrado espaço.
A StormSons é encabeçada pelo vocalista e nome mais famoso do grupo: Kadu Pelegrini, líder da Kiara Rocks e com passagem em outras bandas relevantes, como a Corazones Muertos. Ao seu lado estão, na guitarra, Bruno Luiz e, no contra-baixo, Henrique Baboom -ambos músicos que já haviam trabalhado com o punk-rocker Supla. Completam o time o baterista Rodrigo Abelha e o tecladista Mateus Schanoski.
As músicas do álbum homônimo seguem a linha criativa de seus primeiros trabalhos apresentados: inspirações não só musicais, mas também literais, como os influentes mestres Edgar Allan Poe e Aleister Crowley. A partir disso, encontra-se um facho de luz elucidativo sob as temáticas obscuras da banda.
No decorrer do álbum é perceptível as diversas influências sonoras dos músicos, já que vamos de momentos extremamente arrastados e psicodélicos a passagens pesadas e brutais. Então prepare-se para boas viagens mentais interrompidas bruscamente por pauladas que pedem um bom headbanging.
A StormSons traz um grande misticismo em volta do número cinco, e inclusive este número é mencionado em faixas anteriores e naquela que abre o disco: “Chapter V: The Calm Before…”, uma peça que tem como finalidade realmente anunciar a calmaria antes do caótico passeio sonoro a seguir. No entanto, é na faixa número 5 que eu vejo um grande destaque no trabalho: “Taste of Fire” é uma síntese de tudo que a banda tem para apresentar de melhor: riffs pesados e grudentos, uma melodia memorável no refrão e um trabalho instrumental do cacete em toda a música, em especial o teclado, que é o grande destaque diferenciador da banda.
As faixas anteriores são, inegavelmente, ótimas, mas as que mais me cativaram desde o primeiro momento foram, a já mencionada faixa 5, a versátil “Black & Grey” e a insana “Lazarus Syndrome”, todas uma seguida da outra. Ou seja, a banda soube manter um disco linear sem se perder na sua meiuca, muito pelo contrário, é em seu recheio que a banda encontra seus melhores momentos, como também na sua reta final, com ótimos trabalhos.
Sem dúvidas é uma banda que pode-se esperar ainda mais em futuros trabalhos, provando ser uma banda atenta as tendências modernas do Metal e não tendo nenhum medo de buscar um som ousado e ao mesmo tempo com influências tradicionais. Tremendo disco para quem busca uma sonoridade diferente e feita com inteligência.
TRACKLIST
- Chapter V: The Calm Before…
- Cold Sunlight
- Self Destructive Soul
- Hollow Man
- Taste of Fire
- Black & Grey
- Lazarus Syndrome
- The Chance
- Uninvited
- Intoxicated
- Pentaphobia – Pt. 1
- Pentaphobia – Pt. 2
- Dark Eyes
BANDA
- Kadu Pelegrini – vocais
- Bruno Luiz – guitarras
- Henrique Baboom – contra-baixo
- Mateus Schanoski – teclado
- Rodrigo Abelha – bateria