“Em time que está ganhando não se mexe”. Está aí uma máxima que, particularmente, prefiro me resguardar o direito de não levar como algo absoluto, visto que a zona de conforto não me atrai muito como um preceito intocável. Porém, após ouvir o mais recente lançamento dos americanos da Evildead, lançado nada menos que 29 anos após seu até então último álbum de Estúdio “The Underworld” (1991) e portando basicamente a formação original, eu é que não me atreveria a contrariar. “United $tate$ Of Anarchy” , lançado em Outubro de 2020 pela Steamhammer, mostra o quanto jogar com o time que se conhece e cartas familiares ajuda a acertar no alvo.
Formada em 1986 em Los Angeles, a banda Evildead pode não contar com uma vasta discografia, mas com os ótimos “Annihilation of Civilization” (1989) e “The Underworld” (1991) já havia entregue mais que o necessário para não deixar dúvidas da sua qualidade. Phil Flores (vocal), Juan Garcia (guitarra) e Karlos Medina (baixo) são os membros presentes na gravação de “The Underworld” (que contou inclusive com participação de Gene Hoglan em uma das faixas) que participam desse novo material, contando com a segunda guitarra de Albert Gonzales e Rob Alaniz na bateria. E a sintonia se faz presente com essa manutenção da base da banda, que nesse novo trabalho entrega em todos os aspectos possíveis performances capazes de agradar aos mais exigentes. Somam-se ritmos quebrados de bateria e doses cavalares e eletrizantes de pedal duplo ditando o rumo com maestria, o fraseado muito bem encaixado de Phil e guitarras cortantes e bem pareadas, além de alguns elementos adicionais e inusitados que somam em interesse ao material.
Temos alguns momentos de verdadeiro brilho e habilidade, onde se destacam faixas como “Napoleon Complex” (alternando a cadência e usando de muita proficiência para introduzir momento frenéticos através de trechos mais graduais) e “Greenhouse” (com longas frases de Phil comprimidas de forma até surpreendentemente acertadas em espaços pequenos, além de ótima relação com o backing vocal), passando ainda pela introdução com elementos quase Jazz da sexta faixa “No Difference”, que pode denotar quase uma “piada” ou brincadeira e irreverência intencionais (ou não) se tomarmos a vertente musical do álbum que estamos ouvindo. Mas logo o canhoneiro e a virulência retornam para relembrar o que estamos curtindo por aqui. Para finalizar, pode-se apontar ainda “A.O.P / War Dance” dividida em destaque entre o excelente compasso de bateria e ótimos riffs, e o inesperado (e positivo) cover (bônus na versão LP e Digital) da faixa “Planet Claire 2020” da banda B-52’s. Mas absolutamente todas as faixas do material mantêm seu nível de eficiência e magnetismo, criando uma identidade que consegue atrair pela familiaridade do ouvinte com a vertente e ainda apresentar esses elementos diferenciados (como a intro de “No Difference” e o cover da B-52’s) como um bom bônus no material.
No somatório, pesando cada elemento em separado e a harmonia e o balanço entre os recursos utilizados pela Evildead em seu novo trabalho, adquire-se a certeza de que não há reinvenção ou revolução conceitual por aqui, e creio que isso nem seria procurado. Mas, certamente há o frescor e o vigor de uma banda que após quase três décadas, podendo ser inclusive tachada de “dinossauro” por alguns, apresenta momentos de pura energia, criatividade e paixão na sonoridade que entrega. Cada faixa exala exatamente isso, com a soma do apuro técnico e uma produção muito bem feita, e tem-se em mãos então um álbum na medida para fãs de Thrash Metal. Valeu a espera.
TRACKLIST:
01) The Descending
02) Word of God
03) Napoleon Complex
04) Greenhouse
05) Without a Case
06) No Difference
07) Blasphemy Divine
08) A.O.P / War Dance
09) Seed of Doubt
Bônus:
10) Planet Claire 2020 (Cover de B-52’s)
FORMAÇÃO:
Phil Flores – vocal
Juan Garcia – guitarra
Albert Gonzalez – guitarra
Karlos Medina – baixo
Rob Alaniz – bateria
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Material recebido pela Shinigami Records.